Quando olho algo vejo,
mas nem sempre vejo o que olho,
algumas vezes simplesmente olho
e nada percebo. Vejo mas não identifico.
olho para as formas sei que as conheço,
mas ignoro pensar sobre o que sei
e muitas vezes nem sei.
As vezes olho para uma flor
e nada vejo, cheiro-a e tudo que vejo
são imagens, lembranças, não vejo
a a flor, ela simplesmente faz olhar
para dentro de mim,
não ignoro sua forma,
mas não vejo não sei
desmembrar cada parte,
não sei que nome se dá.
Vejo que tem pétalas, mas nem conheço essa palavra,
e vejo que tem sépala, mas também não sei o que é,
vejo que tem anteras, filetes, estigma, filete e ovário,
mas eu nada vejo, pois não sei descrever,
só vejo uma plena organização, singela e muito bela,
olho para a flor,
e tudo que percebo é sua cor,
seu cheiro, mas ignoro sua forma,
assim como escuto muitas coisas, mas não entendo,
ouço um amigo falar uldo, mas não entendo nada,
sinceramente eu acho que os animais falam e se entendem,
eu simplesmente ignoro o que desconheço,
e as vezes perco o desejo de conhecer e passo a todo o tempo
ignorando o que vejo, que ouço o que sinto
eu passo pela vida, preocupado com algo
que acho ser essencial para mim.
Fui ao riacho ver o que tinha lá,
mas nada encontrei,
fui novamente com uma turma
e aprendi a ver tantas coisas
vi rochas, vi musgos, vi plantas,
vi animais eu vi um mundo tão diferente,
onde só ouvia o soar da água
descobri que havia um universo,
mas que por desconhecer, por não perceber
simplesmente ignorei,
as vezes achei que voltando lá
encontraria o mesmo mundo,
ele o mundo estava lá, mas não consegui perceber,
não prestei atenção nas coisas,
as coisas simplesmente são e não paramos para
perceber nas coisas.
Quando vejo uma flor, olho e sei a que família
pertence, a que gênero, a que espécie,
mas muitas vezes ignoro o indivíduo,
as vezes vejo o sol nascer,
vejo o mundo e acho que não tenho
tempo, pois minhas ideias andam tão embaralhadas,
então parei para olhar o mundo e percebi que
há beleza em tudo,
que os sentimentos humanos são complicados
e que muitas vezes não se compreende,
mas basta sentir, pois está na nossa essência,
vemos o que conhecemos, somos o que pensamos ser.