terça-feira, 22 de março de 2011

Canta sabiá

Por onde andará o sabiá
que não mais veio cantar,
as manhãs são tão caladas,
e sem brilho sem seu canto,
o sol nasce enfezado
quando o sabiá não vem cantar,
onde deve está aquele sabiá,
porque parou de cantar,
Só canta quando quer namorar,
eita sabiá,
igual a ti não há,
mas não fiques sem cantar,
o outono está ai,
e o inverno não tardará,
canta no outono,
pois se tu calar,
o vento vai soprar,
e esfriar esse lar,
volta a cantar
cantador sabiá,
volta a me acordar,
que o escuro sem teu som,
não tem sentido,
não tem um norte,
canta e da sentido
a felizberto brolezze,
o jasmim já não tem flor,
a magnolia e a acacia
estão tão desoladas,
pois se tu não vir cantar,
ah o que vai ser dessa rua,
toda nua,
de som temos grunidos
e latidos
dos cães,
tu não está cantando para nos acalmar,
o que é que há,
volta a cantar sabiá,
volta a cantar.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Casa de minha avó

A casa de minha avó era uma casa muito simples, uma casa muito antiga de paredes brancas como a neve, com duas cadeiras confortáveis de balanço e cadeiras duras, nas paredes brancas tinham imagens de santos, uma foto de meu pai quando jovem que eu não reconhecia e uma foto do meu avó e minha avó. O piso era desenhado, feito no cimento queimado com desenhos. na anti-sala tinha um altar, com vários santos, não sabia, mas ficava com pena porque aqueles santos pareciam está sempre tristes e o Cristo estava sempre crucificado, depois fiquei sabendo que tinha um santo Antônio lá. a casa era muito grande, mas muito mal dividida tinha três quartos, um que eles guardavam as coisas de valores, comida, já que não tinha geladeira, este ficava na sala, e mais dois um onde vovó dormia com vovô, era um quarto muito escuro a luz que entrava lá era de uma telha plástica ou luz do fogo da lamparina, não tinha janela, e o outro era do lado do altar. Tinha uma anticozinha onde tinha um fogão a gás e um tripé onde guardava os aluminhos.Tinha um fogão de lenha feito vermelho, de tinta xadrez, as panelas eram todas de barro, tinha uma vazia de barro pra lavar os pratos que se chama alguidar, e potes de barro. Na cozinha tinha um passarim numa gaiola que cantava muito. Mas a coisa mais bela naquela casa aquela que dava cheiro e graça era a minha avó, sempre engraçada, tinha um tique na face ficava a piscar quando olhava, usava óculos, e tinha uma voz arrastada, tinha muitas histórias pra contar, gostava muito de mangar, coisa que herdada da família. Poucas vezes veio a minha casa, lembro que foi certa vez com meu avó. O meu avó pouco conheci, lembro que era grande como meu pai, tinha uma voz muito bonita, são muito poucas lembranças, ainda era criança quando partiu. Sei que tinha um comportamento de muita moral, muito zelo pelos filhos e netos, era muito inteligente quando negociava, ninguém passava a perna nele. Meu pai me contou que ele não deixava ele sair a noite pra se divertir, tinha que sair escondido, tinha temperamento muito forte, era sério, mas gostava muito de falar lorotas. Gostava muito de doce e queijo, adorava doce de mamão e galinha também. Naquele tempo a carne que o pobre comia era uma galinha e o queijo só nas semanas santas. Papai falou que comia só feijão com torcinho e a noite cherenho de milho. Quando tinha castanha comia pirão de castanha. A coisa melhorou para eles depois que se aposentaram que já foi no fim da vida. A família sempre foi franciscana, pobres extremamente religiosa, porém com muitos valores. Usavam roupas simples, só se comprava tecido nessa época, roupa feita era caro, não usavam sapatos só sandalhas. Papai usou o primeiro sapato em São Paulo, veio pra cá com 17 anos. Eles eram muito simples e tinham uma casa muito simples, mas bonita pois minha vô gostava de enfeitar a casa com flores, tinha muitos catarantus, rosas e brancos, gostava de ver aquelas flores, tinha uma roseira do lado da casa, e no lado da cozinha tinha um pé de romã, um pé de pimenta de macaco do lado do banheiro que era feito de palha de coqueiro. do lado oposto tinha um pé de jasmim manga, mas não gostava porque usavam suas flores para enfeitar defunto, demorou para superar esse receio das flores de jardim, tive que apagar da memória aquela ideia, o medo da morte. Bem e quando ia para lá via meu pai, meus primos e meus avós juntos era bom porque minha avô colocava o almoço as dez horas era cedo para os padrões de minha casa. Tinha todo um ritual primeiro ela punha o feijão com bastante caldo, e punha farinha, ai todos tomavam o caldo, em seguida vinha o arroz e por fim um naco de carne de frango ou de gado, depois do almoço tinha um café. Era o costume de meu povo. Simples mas de coração grande, nunca ninguém que fosse lá voltava sem almoçar. Quando volta aquela casa, toda transformada, sinto saudades daquele tempo onde podiamos desfrutar de nossas presenças, nossas conversas, e nossas esperanças. As carnaubeiras continuam vivas, algumas pinheiras e cajueiros, mas a casa não só tem a alma das lembranças. A casa nada é, mas as lembranças ao chegar lá acendem feito vela, sinto a presença de todos alí, embora esteja só aqui.

domingo, 20 de março de 2011

Partida

Quando alguém parte,
e deixa a arte de viver,
quando a alma deixa de ser,
eis que faz-se a dor,
e o mundo perde a cor,
e só o tempo faz regenerar,
a vontade de viver,
aprendemos com o sofrer,
e o tempo, cala a fala
em nossa mente,
só fica a saudade,
e tudo que era já não é.


Versos

Lembro da voz cansada idosa,
a declamar versos, e as pessoas
inebriadas com a beleza sonora
das palavras cuspidas, palavras
da vida, falada, cantadas,
enquanto a mão segura a bengala,
os olhos sugados pela vida,
já não abrem, mas da boca,
ornada pelo bigode amarelo,
saiam versos, impressos,
na mente, e as pessoas
a ouvir, apreciar, as
palavras daquele ser,
de unhas grandes,
de corpo descuidado,
mas sabia declamar,
versos quase a cantar,
bem em frente a casa,
havia uma cajaraneira,
e do lado da cozinha,
uma paquira que encantava
aqueles versos, com cheiro
de paquira e o cheiro
ácido da cajarana,
a casa, desorganizada,
mas aconchegante,
a declamar os versos,
do gatinho do Rio grande,
versos, belos versos.

Alma

Incrustada em uma carapaça,
circunvoluções, sulcos,
reentrâncias a sede do meu pensar,
mas onde posso encontrar,
onde está a ideia?
uns disseram na pienal,
outros nunca afirmaram,
na verdade ninguém sabe,
onde está, acho que está
sempre a viajar,
mais rápido que a luz,
está em todo lugar,
mas não pode ser detectar
em nenhum lugar,
tu alma, a quem tantos afirmas que há de divina,
quem sabe, onde cabe,
os fisicalistas afirmam que não,
mas os religiosos estes afirmam
a imortalidade da alma,
e encantada no mito,
a alma resiste a razão,
e está em todo lugar,
viajando nos giros,
nas circunvoluções,
perdida na concha to tempo,
esse invento,
aparentemente objetivo,
mas tão subjetivo,
lá está a alma,
na massa cinzenta, de burracha,
nas circunvoluções,
está lá, e ao acabar o ar,
ao se apagar as mitocôndrias,
eis que como a essência,
de difunde no ar,
sem cheirar,
a alma simplesmente inexiste.

Vento de estação

Nos campos nus,
corre o vento,
fazendo curvas,
reentrâncias,
espalhando a terra,
as olhas secas,
nos campos nus,
explora o vento,
pois já é tempo,
logo chegará ou outono,
as plantas estão
perdendo as folhas,
o sol já muda de lugar,
o clima começou a esfriar,

Vento, vento, vento
tu que mudas o tempo,
cheio de inventos,
tempo desvirgina
as formas, as cobras,
ventos loucos ventos,
sopram sem parar,
a qualquer hora,
em qualquer lugar,
sopra vento,
corre vento.

E sinto o vento me tocar,
toca minha face,
minhas mãos,

e faz ecoar
a natureza,
escava
a beleza,
esculpi
a natureza, areias, galhos,

é o fim da estação,
o fim do verão,
o vento de madrião,
fica a insultar,
tudo que passa,
tudo que fica,
e muda
a estação.

Vento de estação

Nos campos nus,
corre o vento,
fazendo curvas,
reentrâncias,
espalhando a terra,
as olhas secas,
nos campos nus,
explora o vento,
pois já é tempo,
logo chegará ou outono,
as plantas estão
perdendo as folhas,
o sol já muda de lugar,
o clima começou a esfriar,

Vento, vento, vento
tu que mudas o tempo,
cheio de inventos,
tempo desvirgina
as formas, as cobras,
ventos loucos ventos,
sopram sem parar,
a qualquer hora,
em qualquer lugar,
sopra vento,
corre vento.

E sinto o vento me tocar,
toca minha face,
minhas mãos,

e faz ecoar
a natureza,
escava
a beleza,
esculpi
a natureza, areias, galhos,

é o fim da estação,
o fim do verão,
o vento de madrião,
fica a insultar,
tudo que passa,
tudo que fica,
e muda
a estação.

sábado, 19 de março de 2011

A flor

No meio do mato,
bem longe percebi uma flor,
que coisa mais bela era a sua cor,
algo que me encantou, me cativou,
hipnotizado segui o rastro de sua beleza,
Seria sua cor a responsável?
ou a busca do belo,
ou seria esse elo?
Não sei nem percebi,
só vi que era lilás ou roxo,
aquela flor, trepada no ramo
de uma árvore,
era uma flor de uma liana,
tão bela, sedutora, que me encantou,
e ao me aproximar senti
seu doce odor, que bela flor exclamei,
que bela flor de seu odor
meu pulmão inflei,
então a fotografei,
me deliciei de sua presença,
e contemplei sua existência,
efêmera existência,
o belo, o prazeroso não dura muito tempo,
e fiquei ali a contemplar,
a cheirar, a desfrutar da beleza da flor,
logo veio um beija-flor
e a beijou, e foi tão breve,
e foi embora,
sugou o néctar e partiu,
era tão belo, tão verde rutilante,
tão breve,
mas a flor ainda estava ali,
calma, parada, as vezes dançava com o vento,
passava maior parte do tempo só,
aquela flor, efêmera solitária,
que desfrutava da breve companhia do beija-flor,
desfrutou de minha companhia,
nada havia,
era só uma flor,
uma linda flor,
não a cativei,
parti,
e vi que era uma flor,
uma Mandevilla,
de forte leite venenoso,
mas era uma flor,
pensei nas sereias,
pensei em Ulisses e Orfeu,
segui e nunca mais
vi a tal flor,
sua cor,
nada,
não seria um sonho,
de um papolvo risonho?
Era só uma flor.
pensei
efêmera flor.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Poesia

Sei que as poesias não são vadias,
sei que na boca do poeta popular,
elas saltam, feito pipoca, cheias
de alegria e sonoridade, sem vaidade,
sei que cada um canta sua poesia,
de maneira peculiar,
mas escrevo, não sei se é poesia,
gosto das rimas,
gosto de palavras belas,
que digam coisas com beleza,
com música, com lógica,
as vezes me falta,
as vezes salta,
só que não sei se sou poeta,
só sei que fico a escrever,
e escrevo, com e sem relevo,
escrevo ouvindo algo,
gosto de falar algo,
quando não, calo-me,
mas as frases pulsam,
como minhas veias,
querem serem escritas,
fugirem de mim como o vento,
como o tempo,
querem existir,
e falo pra elas
que não sou poeta,
não importa, como suor,
as palavras querem expressar,
oras a cheirar,
oras a brilhar,
e oras feias, belas,
assim se fazem
as minhas poesias,
como criança
que brinca de ser gente grande sem ser,
textos com vida,
mas sem ser poesia,
sabe lá o que é uma poesia,
nem Manuel
se atreveu a conceituar,
é só dar sentido a um falar,
sei lá.

Decisões

Esta semana foi muito importante, por acaso, separei minhas plantas e mostrei para minha orientadora, então sentamos para estudar e discutirmos o trabalhos, por fim tomamos algumas decisões muito importantes, sobre o rumo do meu trabalho, e sobre a separação das espécies que vínhamos estudando que acabamos reconhecendo, após ver todos os indivíduos, que tínhamos em mãos, duas espécies e não três, a partir de todas as variações encontradas e decidimos juntar espécies que antes eram consideradas espécies diferentes. O que me espanta é que no começo eu jurava que tínhamos duas espécies ao invés de uma e ao me deparar com a distribuição e as variações plástica da planta, podemos perceber um gradiente de variação. De materias usados para a descrição original, finalmente concluímos que seria espécie unica. É necessário novos trabalhos para corroborar nossa tese, creio que sim, mas um grande passo foi tomado.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh