sábado, 4 de dezembro de 2010

Madrugada



É cedo,
no céu ainda brilham estrelas,
aurora desponta no nascente,
madrugada silênciosa e fria,
a rua está vazia,
apenas a acacia dourada de flores,
a magnolia perfumada,
o jasmim manga respiram,
em harmonia.

As estrelas vão se apagando
com e o sol vai despontando,
lentamente, suavemente,
então a noite recolhe seu véu escuro,
e parte para a eternidade,
a acacia sorri para o jasmim que sorri à magnolia.

Ainda é cedo, mas não consigo mais dormir,
estou imerso em pensamentos,
no quarto abafado,
encontro o sábado,
e acordo pra vida.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Saudoso

Minha doce flor,
meu lindo amor,
a chuva cai,
soa aqui o vazio,
não está frio,
mas bem que poderias,
está aqui, Ana,
tem dias que não sai uma poesia,
tem dias e dias,
hoje se fosse mulher estaria de tpm.

a chuva cai,
a acacia enfeitada na calçada,
escorrem gotas de chuva,
divago,
divago,
Ana minha linda acacia,
saudades de tua essência,
dos teus beijos,
mas a chuva ainda cai lá fora,
noite adentro.

A vigem

Há quatro anos atrás, acordei cedo, estava em Natal e tinha tomado uma decisão muito importante na vida. Dormi na casa de meu grande amigo Robério. Acordei, tomei o café, li um pouco do livro que ele me deu, mas não consegui me concentrar, estava muito ansioso. Seria aquele dia meu primeiro voo de avião. Deixaria toda a rotina construída naquela cidade por seis anos de ouro, foi alie que construí quase tudo que penso, fora naquela cidade que me dediquei com muito afinco aos estudos, a amizade e a solidão. Foram aqueles dias monótonos, aquelas ruas de pedra da universidade, aquela areia solta das dunas, aquele sol escaldante junto com aquelas pessoas que aprendi a ver o mundo de outra forma. Foi ali que vivi minha maior paixão a botânica. Alí, estava próximo aos meus pais e qualquer coisa bastava quatro horas e estava no seio, em casa de meus pais. Sei que estava muito ansioso pelo novo mundo que viria. Minha mente estava muito aberta.
tomei meu último banho lá, minha mente ainda estava preso a rotina. Quando então chegou a hora.
Despedi-me de dona Raimunda, das Rocas, de Petrópolis, de Lagoa Nova, da UFRN, de Satélite, de Natal. Tudo aquilo estava ficando para trás. Então chegamos no aeroporto, fiz o chec in, o tempo passou. A hora mais triste, abracei o Robério, a Dani, a Rosali e Antoniela. Emocionado em lágrimas entrei por aquela porta, meus amigos sumiram. Então entrei no avião que logo decolou, quando comecei a ver Natal sumir, chorei e como chorei de emoção, de tristeza? Larguei meu mundo, tentei sofrer menos esquecendo as memórias. Mas nem sempre consigo, vez por outra como uma garrafa na praia vem as boas memórias, sim, pois só guardei as boas memórias, deletei as ruins. E hoje quatro anos depois, posso avaliar como foi essa viagem. Sei que muito aprendi, muita gente conheci, estabeleci uma vez na capital e outra em Campinas não foi fácil, mas também não foi difícil. Suportei com dignidade as dificuldades. A vida está muito boa, não gosto muito porque sei que quando os ventos vão bem, logo aparece a tempestade.
Hoje estou reflexivo.
Deixei tudo pra trás sigo em frente cabeça erguida.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pensar

Quando imagino o que podia ser, que podia fazer e o que eu sou. Reflito sobre toda minha vida, os lugares por onde passei, as pessoas que conheci, com quem vivi e coisas que vivi. A vida já me parece longa, mas parece que pouco aprendi. Parece que cada vez que aprendo, tenho aumenta minha fome de aprender. Eita coisa insaciável é o conhecer. Mas saber o que? pra que? Conheci tanta gente feliz na ignorância. Quando era criança, tinham pessoas que mal tinham o que comer, eram tão humildes e mesmo assim não faltava graça, riso, esperança e alegria. Eu me sentia bem com qualquer coisa. Será verdade que está escrito na bíblia que depois que comemos do fruto do saber, nos tornamos mortais. Talvez sim. Saber que nosso fim é a morte é muito triste. Talvez os animais por desconhecerem de uma linguagem que estire o tempo, sejam mais felizes por ignorar a morte, o futuro. Passa tanto tempo na vida pensando o que podia ser, o que podia fazer e quem sou. Essas reflexões parecem me fazer mal. Sorrir mesmo sem dentes pra mostrar. Ah a condição humana talvez seja triste ou feliz. Quem sabe?
Boa noite

Som da Chuva


Agora lá fora,
as gotas de chuva
caem sobre as folhas, e calçadas,
sobre as pedras da rua,
soam tão macias,
tão frias, que gera arrepio,

mas cá faz um calor!
calor enfadonho,
o sons não trás o frio
talvez o vento traga,
mas a chuva não tá pra vento,
ora aumenta, ora reduz,
as folhas espelhadas reluz a luz fria dos postes.


A chuva calma,
enche a alma,
se sonhos, e o corpo de sono,
a calma da noite,
silenciosa e majestosa,
oculta e negra.

Essa noite, noite vazia,
ao som da chuva,
se cala, e cala a rua,
só que soa é a chuva,
gotas da chuva,
caem
uma a uma,
duas, três, quatro, cinco, seis...
infinitos, de repente de uma nota,
a chuva vira uma orquestra.
ruge um trovão longe
oculto na noite,
longe soa o trovão,
não vi seu reflexo,
mas soou,
a noite calada,
segue embalada,
a cantiga de ninar da chuva,
que encanta minha alma,
me traz calma,
me embala no sono.

chuva

Quanto calor,
quanto vapor,
quanta impaciência,
hoje vai chover,
tenho certeza,
hoje vai chover,
que chova então!

vou ficar de banho tomado,
esperando a ordinária chegar,
chega tão sorrateira,
que despenteia a acacia,
amedronta o estrela.

chega chuva.

Chuvas torrenciais

Todas as tarde de dezembro,
desde o fim de novembro,
chovem,
chuvas torrenciais.

as quatro horas o sol ainda reina no céu,
e aos poucos vai-se fazendo o véu,
uma cortina escura,
apaga o sol,

de repente,
a cortina se desfaz em água,
pura e límpida água,

do bafo quente das ruas,
gotas evaporam,
se unem e se escorrem,
caminho abaixo,
lavando as ruas,
levando as pétalas,

e continua o mormaço,
calor a noite toda,
ainda bem que os mosquitos não aparecem,
e as ruas ficam limpas,

a magnolia perfumada pra mim,
bem perto também o jasmim,
jasmim não Plumeira alba,
enfeita a rua de brancas pétalas,
com fauce amarela.

Sim essas chuvas torrenciais,
atrapalham os namorados,
os esportistas,
mas a mim não,
mesmo que banhe,
aliás tem coisa melhor que banho de chuva,

quando morava em casa de papai,
não perdia uma chuva,
a menos que relampejasse e trofejasse,

caiu eu, rose, lidi e rosa,
na chuva, enchendo os potes,
os tanques,
depois de tudo cheio,
dos lábios roxos,
mamãe nos ensaboava,
e terminava o banho,
nos envolvia na toalha,
nos secava,
e chamava todo mundo pra cozinha,
pra comer cherém.
Era a coisa mais gostosa.

Essas chuvas torrenciais,
evocam minhas memórias mais sutis,

memórias boas.

coisa de verão,
coisa de estação
coisas de fim de ano.

agora

Hoje o sol não apareceu,
o céu está coberto de nuvens,
o vento também não veio.

o dia está sisudo,
abafado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sorte

É cedo muito cedo,
o sol ainda não nasceu,
a brisa ainda soa fria,
a rua continua vazia,
dentro de mim há medo.

Aurora encarnada e fria,
desponta no nascente,
e anuncia, chega o novo dia,
canta o sabiá,
canta a ciririca,

os cães safados agora que dormem,
passaram a noite na baderna,

um, dois, três transeuntes,
passam para o trabalho, para a caminhada,
em busca de recurso, em busca de saúde,
mas ainda é muito cedo,
de que adianta o medo.

a vizinha acorda, abre a porta e sai pro trabalho,
a magnólia continua perfumada da balada,
e a acacia continua enfeitada.

são seis horas,
o sol vem vindo,
o dia sorrindo,
e tudo começa,
com boa promessa,

a vida segue numa monotonia,
cheia de poesia,
trajédia,
quem será o escolhido,
que terá o corpo consumido,
pelo carro, pelo coração,
quem sabe,
a vida pulsa.

Solidão

A solidão que invade a alma,
encontra no escuro da noite,
no conforto do cansaço, a paz,
estamos sempre sós,
apesar de tentarmos fugir
não conseguimos, estamos sós.

Nos encontramos na solidão,
desde que nos separamos
do seio materno, nos tornamos
solitários, buscamos alento no outro,
mas não encontramos,
pois temos nossos medos,
nossas peculiaridades,
moldadas em nossas decisões
que são feitas a só.

Estamos só quando acordamos,
quando pensamos, só nos pensamos como nós,
estamos só quando dormimos,
quando sonhamos,
nos iludimos, um auto engano.

Somos inconformados com este estado,
estado de solidão.

Como a noite escura,
a lua desolada,
nos sentimos sós,

como a rua vazia,
o fim da poesia,
a solidão,
dorme em nos eternamente.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh