quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Parte

Parte de mim parte,
parte de mim fica,
parte de mim é dor,
parte de mim é amor,
parte de mim é felicidade,
parte de mim é tristeza,
parte de mim está completa,
parte de mim está vazia,
parte de mim é poesia.

Conheço-me por parte,
pois sou um ser incompleto,
a incompletude faz parte do ser,
a vida é uma eterna busca.

Só no amor me sinto completo.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A oração

Uma vez minha vó pra mim uma oração que decorará na televisão vendo a missa de Aparecida.
Enquanto ditava eu escrevia,
rezou aquela oração com tanta alegria,
encheu meu coração de paz,
enquanto ditava sentados nas cadeira de balanço de mamãe,
num vai e vem eu escrevia,
se materializavam suas palavras,
num documento
vó me presentiava com uma oração,
concluída,
pedi pra ela assinar,
assinei junto,
já fazem quatro anos redondos
e não decorei aquela oração
que vovó aprendera idosa,
as vezes sentado no corredor a ler,
via os lábios de vovó a orar,
balbuciava aquelas orações,
se benzia e ficava a contemplar a frente de minha casa,
a ver a vida vivida resumida a balanços,
e a uma conversa graciosa comigo,
ou a receber beijos meus de meu irmão Roberto.
Me sentia bem faze-la feliz,
amada.
Deixou-me uma oração,
ditada do coração.

Adaptação


Passei no vestibular, me mudei para Natal a capital do meu estado, Rio Grande do Norte, fui fazer universidade pública. Não tinha dinheiro para me manter, meus pais eram agricultores, então consegui uma vaga na moradia. Fui morar na moradia estudantil. O apartamento que me acolheu foi o 14. Onde fiz meus primeiros colegas que depois viraram grandes amigos. Eram cinco pessoas Anderson fazia Engenharia de Computação, Erivaldo Economia, Felipe Zootecnia, Gilsão Educação Física e Juan Engenharia Têxtil. Juan foi quem primeiro se tornou colega, depois Erivaldo, e por fim Anderson. Felipe e Gilsão eram muito na deles não ligava para um calouro. Foi uma época muito difícil de adaptação, reeducação. Tive que aprender a viver com pessoas que não conhecia, perdi totalmente minha privacidade. Passei uma semana dormindo muito mal. Não conseguia dormir com a luz acesa, dormir tarde. Quando morava em casa a hora mais tarde que dormia era as 22:30, mas tive que aprender a dormir as 23:30, às vezes a meia noite. Imagine morar seis pessoas num quarto de três metros de largura por 5 de comprimento. Com três beliches, 6 armários e um computador e sujeira. Nosso quarto era uma bagunça total, roupas sujas, calçados sujos. Pensei como vou resistir a isso. Banheiro comunitário, com um mictório enorme, mais parecia uma valeta erguida, com paredes incrustadas de sal cristalizados da urina, exalando um cheiro forte de mijo. As privadas tinham tampas pra sentar amarelas de sujo, as paredes pretas de porra. Descarga de porra onde uma multidão de estudantes descarregavam seus desejos. Era ali que todos os dejetos humanos, desejos eram descartados, numa sujeira enorme, como fazer o primeiro cocô naquela privada. Eis um drama o banheiro me provocava medo. Pra mim que vinha do mato, que fazia cocó no mato, sem papel higiênico ou descarga, as fezes muitas vezes no interior servem pra alimentar as galinhas. Em Serrinha eu cagava era no mato, as vezes debaixo do mufumbo. Bem foi um drama sentar naquele trono amarelo. Enfím sentei e fiz e fui me acostumando. O chão da moradia era coberto com uma cerâmica pequena vermelha. Em frente a cada quarto tinha um balde de lixo onde punhamos os lixos ou escarravamos, tinha uns animais que escarravam na tampa ou na parede. Naquele ambiente não se tinha o mínimo respeito ou moral. Alí tinha mais moral aquele que arrotasse ou peidasse mais alto. Tinham os rapazes muito educados que nunca faziam isso, mas não pertencia a esse clã. Tinha uma cozinha que ficava no final do corredor junto do banheiro que o mal cheiro de bosta muitas vezes misturava com o cheiro do café. Era na cozinha onde as vezes tirávamos um som. Som de Legião, Barão ou Capital. Bem no salão de entrada tinha uma televisão coletiva que a maioria decidia que seria assistido. Senão quando muito quem chegasse primeiro. Era nesse salão que ocorriam as reuniões que as vezes saia até briga de boca. Tinham duas portas uma de entrada principal e uma que dava para os fundos, malditos tinham uns folgados que faziam xixi ali mesmo por não terem coragem de ir até o banheiro. Certo tempo ali fedia a mijo. Bem nessa sala tinha uma saleta do computador que quase ninguém usava e uma sala do telefone. Bem pra moradia toda os 96 estudantes tinha dois telefones. O orelhão de fora que a tolerância de tempo eram 15 minutos e o telefone de dentro da cabine cuja tolerancia era 5 minutos. Este de detro podia-se ligar para dentro da cidade de graça e receber ligações de fora, pedia pra meus pais ligarem sempre para o orelhão, pois daria mais tempo para falar as notícias. Ou falar com a namorada que arranjei depois.
Mas enfim nos primeiros dois meses perdi 10 quilos voltei pra casa muito magro, tive uma herpes labial muito intensa, ficou feio minha boca com aquela chaga. Primeira vez que fui pra casa foi no dia da votação para prefeito, quando cheguei em casa chorei tanto, muito. Nem imagina quão grande foi minha alegria ao subir a serra do Martins, chegar em casa. Pai me dizia que podia desistir, mas eu só chorava, tinha medo, mas aos poucos estava aprendendo. Adaptando-me, crescendo. Tinha apenas 20 anos. Foi ai que minha segunda vida começou.

Findados

Hoje acordamos tarde, quase não fizemos nada só curtimos a preguiça. Assisti um filme, almoçei e vim pra Campinas. Parecia domingo, mas já é terça. Quanto tempo dentro do ônibus, esperando. Quanto tempo impaciente. Dei tchau a meu amor e vim embora. Estou cansado.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Meu aniversário

Hoje ganhei um bolo de aniversário só meu. Não tinha velas, foi-se o tempo das velas. Mais ganhei presentes. Maravilhosos presentes, maravilhosos risos de felicidade. Compartilhei com meus irmãos e parentes risos de alegria, festa tal qual poesia. Comemos e bevemos, sorrimos e juntos comemoramos meu aniversário e 31 anos. Meu pai me ligou, minha mãe me parabenizou. Minha amiga ligou. Hoje esqueci do mundo além de mim. Vivi o meu mundo subjetivo. Matuto. O bolo era coberto de chantili com cerejas. Susi até fez delícia de abacaxi. Não tenho muitas lembranças desta data, nunca foram lá essas coisas pelo menos eu não ligava. Algumas vezes simplismente passaram sem muita graça. Quando morava em casa sempre comiamos uma galinha e um bolo. Mamãe fazia questão de fazer uma comidinha melhor. Na vida algumas coisas simplismente são maravilhosas por serem simples. Obrigado

Hoje

Hoje quando acordei garoava,
pequenas gotas de chuva,
levadas ao vento,
molhando as folhas das árvores.

Fazia frio,
não queria levantar.

Quando acordei, não percebi nada de novo.

Acordei e vivi intensamente o dia de hoje.

domingo, 31 de outubro de 2010

tempo

Tempo luz,
O tempo que passa,
que cruza a praça,
desgasta a tinta da catredal.

O tempo que passa,
que passa de graça.
desbota a pele, enruga a face,
e faz de fases nossas vidas.

Cada coisa esquecida,
boas ou ruíns,
apagam da alma o gosto do viver.

Marca o tempo marca,
na dor, na pele, na paz, na guerra ou em qualquer lugar,
não dar para esperar,
a vida é uma viagem,
os trilhos são cromos.

E nos só mortais...

Aniversário

O tempo passa.
Dentro de poucos minutos outubro passou e já não poderei dizer que tenho 30 anos e sim 31 anos. É foram 31 vezes que os outubros passaram pra mim. Antes de dormir terei fechado mais um ciclo na minha vida e a menos de meia hora completarei mais um ano. Menos de meia hora é só o que falta. Quantas meias horas não perdi no ano pensando em vão. Se somada o que poderia fazer com esse tempo? O fato é que passa, sim se estivesse parado ou se tivesse viajado o mundo teria passado. Não adianta, não congelamos o tempo. O tempo nos molda, tudo nos ensina, pois este nos consome. A partir de um certo tempo passamos a sermos mais realistas. Perdemos a magia da vida. É quebrado o encando do viver e se não formos fortes podemos vir a sucumbir mais depressa. Ainda ontem mamãe me beijava desejando feliz aniversário. Cada aniversário é um dia de reflexão. Não é um dia feliz. É um dia de reflexão. Pulsa na tela o curso como num relógio segundo a secundo cobrando letras, palavras, frases. Não posso fazer para de piscar. A menos que escreva. Não posso para de pulsar minha vida a menos que a escreva, se o fizer pelo menos não terei peso na conciência que o tempo não para.

A presidente

Hoje foi um dia muito especial, daqueles que não se tem todos os dias. Acordei mais tarde como faço todo fim de semana, tomei um bom café. Bem depois fui pra casa de meu irmão. O dia estava claro, as ruas vazias. Hoje foi dia de plebiscito para decidir quem será o próximo presidente da república. Os candidatos que estão concorrendo são Dilma e Serra. Estava torcendo pela Dilma. Bem cheguei na casa dele que não estava em casa. Pouco tempo depois ele chegou conversamos um pouco, em seguida fomos ao mercado. Cruzamos as ruas conversando sobre negócios, economia e vários assuntos. Cruzamos a feira e fomos no mercado, compramos as coisas e voltamos pra casa. Ficamos conversando. Subimos fomos para a área de cima onde tem uma paisagem muito urbana. Aquelas ruas tordas, irregulares, com subidas e descidas. Paisagem de periferia. Depois descemos e ficamos conversando até o almoço sair. Almoçamos, depois ele e a esposa foram justificar o voto então fui com minhas irmãs, meus sobrinhos, minha namorada e meu cunhado para o shop. Foi muito bom ir com os sobrinhos para o shop, me diverti muito. Briquei de várias coisas, tiramos muitas fotos. Quando saimos do shoping passamos numa pizzaria e então lembrei. Quem ganhou o pleito. Logo que liguei o rádio em pouco tempo foi anunciado o resultado. Temos a primeira presidente mulher do Brasil. Fiquei muito feliz com esse resultado. Essa campanha foi realmente muito longa e desgastante com muitas mentiras, muitas acusações até algumas baixarias, mas a mulher ganhou. Eis que foi um exceente dia.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Worry

É difícil pensar quando se está preocupado com algo. Não se consegue raciocinar. Tudo em minha mente está embrulhando, num verdadeiro caos. Atormenta-me ter coisas pra fazer sem saber como fazer. Ah, quantas coisas para fazer e pouco tempo para executar. Fico me debatendo imaginando o que farei primeiro. Não consigo prender a atenção a nada. Tudo me incomoda, a luz do sol que pela janela, o computador aquecido, a cadeira que sento até meus vagos pensamentos. Fico estático tentado pensar, concentrar-me e nada. As frases não se agregam e não saem. Nenhuma ideia ou texto fluem. Cada instante perdido me apavora. Algo poderia me ajudar? O que fazer? Não sei dançar um tango argentino. Quem sabe o sabiá que canta lá fora não saiba? Vive sempre feliz da vida a cantar, comer, reproduzir e criar seus filhos. Vida dura de sabiá ter que sair em busca de comida no mundo que conhece, sem pedir ou roubar é dono de tudo que ver. Não sabe de seu futuro ou passado, talvez não interesse o que importa é o instante presente, por isso canta. Trabalha para um pouco e canta. Não se preocupa como vai achar comida, talvez saiba, sabe que na vida tudo é incerto, porque não me apego a isso? Não se preocupa com o amanhã. Canta lá fora, nada o incomoda. É dia de sol. Está a cantar. Eu fico aqui preso em meus pensamentos, com meus receios, minhas preocupações. Será que um dia isso vai mudar? Quem me dera ser um sabiá. Mas não vou continuar tentando matutar.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh