Ainda me lembro como se fosse ontem o dia em que mamãe foi pegar dogue nosso cacho que viveu mais de 14 anos. Lá em casa já tinhamos lião que era um cachorro vermelho muito bom, um excelente caçador, mas minhas lembranças de lião são muito vagas. Só lembro que ele tinha uma cicatriz grande na coxa de uma água quente que papai descartara a noite e sem ver queimou leao, mas meu pais sempre curava infecções nos animais com óleo queimado da forrageira, parece que era bom mesmo. Bem meu irmão sai com lião e nunca voltava sem um ou dois preás no fim da tarde. Naquele tinha prear pra dar com pau, bastava ir perto do cajueiro da porca que já pegava quantos quisesse, era fácil pegar, papai sempre que limpava o sítio formava aquelas coivaras onde os preas usavam pra se abrigar, bastava sacudir um pra lá sair um prear, meu irmão mexia o prear corria e lião pegava. Eita cachorro bom. Mas chegou dogue eu era pequeno ainda estava na primeira serie, tinha chegado da escola e aquele cachorrinho grunia debaixo da mesa, mamãe já tinha colocado uma tijela de leita pra ver se ele se calava, não adiantou aquele cachorrinho banco passou a noite chorando por causa da mãe dele. Fomos dormir com o coração partido com pena do bichinho. Eu tinha o coração mole não gostava de ver animal chorar, se alguém soltava um gato novo lá perto de casa e eu ouvisse o eles chorando ia dormir quase chorando, ou se ouvia os pintinhos que nasciam antecipado da ninhada piando dava uma dor no coração. Dava pena. Nunca gostei de ouvir nada chorando, bicho ou gente, pois dar uma agonia. Bem no outro dia já foi diferente dogue não chorou, foi se acostumando, era um safadinho brincalhão, pegávamos um pedaço de cordão dos punhos velhos de alguma rede e ficávamos brincando com ele enganando, fingindo que era uma presa era o que eu pensava, mas que nada filhotes adoram brincar. Então ele foi crescendo, e cresceu um lindo cão branco. Excelente caçador, pegava o que aparecesse preá, teju e até raposa. Era um cão querido pois espantava os bichos que vinham atentar os terreiros nossos e da vizinhança, desde que ele chegou lá em casa nunca mais raposa ou tejo atentou comeu ovos ou galinha do terreiro. No começo dogue era filhote começou a comer ovos, mas papai tem uma técnica infalível por pimenta num ovo, o cão come desgosta e nunca mais come. Dogue sempre acompanhava papai quando ia para a roça, quando ia para a casa de meus tios, meus avos, era o companheiro. Gostava muito de sua companhia, pois me seguia quando ia buscar o gado no cercado já chegamos a pegar um tejo nessas viagens. Ele era obediente não ia conosco para a escola, bastava mandar ele voltar, acho que ele sabia que iamos para a escola, lugar de cão não é na escola, mas se fosse buscar água na grota ele ia junto, me senti mais seguro. As vezes tinha uns cachorros que implicava com ele o cachorro de zé de julho, aprendi que quando eu ficava extrumando ele o cão do zé perdia a corragem. Isso era bom. Ele não brigava com os cães vizinhos se cheiravam, mas não brigavam. Bem ele viveu conosco por muito tempo, lá em casa tem uma foto vou resgatar essa foto. Que saudades! Ele era onívoro. Nós não tinhas muito recurso portanto ele sempre comia feijão com farinha e arroz, ficava só com os ossos. Não era egoísta cedia a caça que pegava e ficava com os ossos tadinho, mas tínhamos muito amor por ele. Ele comia frutos, adorava pinha. Nos dias de vacina eu sempre ia vaciná-lo, rolava um stress eu procurava ir cedo pra não ver cão enredando ele. Ele ficou bem velhinho faleceu acho que em 1993, morreu no cajueiro das castanhas grandes. Papai e todo mundo lá de casa ficou muito triste com sua partida. Desde então nunca mais lá em casa teve um cão com vida tão longa. Aquele parece que foi o nosso último cão em família. Hoje todos moramos longe só resta saudades e lembranças de nosso amado cão doque.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
terça-feira, 12 de outubro de 2010
ambiente
Paredes sujas,
móveis desorganizados,
o vento balança as árvores,
faz um frio nos meus pés,
na minha alma,
minha alma está tétrica,
imersa quase um vácuo.
Frutos secos balançando nas árvores.
isso é o que sinto.
o frio.
só
Quando estou na solidão,
vem a mente a poesia,
aflora sentimentos.
Fala a poesia,
calada a euforia,
me esvazia.
até chegar o fim do dia.
Solidão
Quando fico em casa só,
e nada faz sentido,
não consigo trabalhar,
não consigo me expressar,
pois me sinto só.
Quando me sinto só,
nos feriados, fins de semana,
cai um baixo astral.
o tempo se arrata,
sinto intesamente
a solidão.
Só o vento e a janela me convidam a ver o tempo passar,
mas resisto,
penso na vida,
penso no trabalho,
que parece pesar em minha alma.
o tempo não passa,
nada...
fico caladinho,
só
vácuo
Quero escrever,
mas não consigo pensar,
estou ilhado dentro de mim,
vejo um vazio,
vejo o mundo vazio.
Vazio da palavra,
do sentimento,
sinto frio,
mesmo que o sol brilhe,
faz frio,
sinto vazio.
ausência de poesia.
Matutar,
ou trabalhar.
amém.
Soul
Minha alma
Minha alma presa ao corpo,
minha alma se sente vazia,
Minha alma existe no mundo,
oras cheia, oras vazia.
Alma, cheia, vazia, poesia, vadia.
Natura
Dia de primavera,
o sol brilha intensamente,
o vento soa nos ramos novos das árvores,
só o vento soa o resto é só silêncio,
as aves não cantam, os cães não latem,
as plantas verdejantes dão adeuses.
Os muros, as casas com suas paredes sujas,
coloridas, urbanas verdadeiras catacumbas,
parecem vazias,
as pessoas nos seus átrios,
macambuzias,
que feriado silêncioso, vazio para quem não é católico,
nem descanso, nem respeito,
só o sol brilha,
sozinho neste átrio,
viajo ao som do vento,
vento que viaja em me conta suas viagens,
vindo do além e indo para não sei onde.
Quem me dera ser como o vento,
deixar de ser humano,
viajar e ver as cores do mundo,
no azul do mundo da terra.
Aparecida
12 de outubro dia da criança e de nossa senhora de Aparecida.
Minha avó era uma pessoa de muita fé. Viveu 93 anos totalmente lúcida, adorava conversar com ela, apesar da idade tinha ideias claras, convicções e uma memória de elefante. Viveu com nós por um bom tempo. Às tardes depois de tirar um cochilo vinha ela andando quase se arrastando, sentava numa cadeira de balanço, bocejava, penteava o cabelo com a marrafa e ficava contemplando aquelas tardes claras e quentes. Adorava minha vô que se preocupava com o aprendizado dos familiares. Muito inteligente, relembrava que quando estudava só tirava 10, e era convidada a recitar versos na escola nos fins de ano. Lembrava com desgosto que o pai dela havia tirado ela da escola pra cuidar de um doente. Coitada e ainda dizia que estava aprendendo raiz cúbica. Ficava impressionada com a memória uma lembrança muito antiga. Conversavamos muito e as vezes ela rezava enquanto eu lia algo. Via seus lábios rezando. Enchia ela de beijos só pra ver ela toda feliz sorrindo aquele riso doce. Todos os dias quando acordava assistia pela televisão a missa da igreja de aparecida. Rezava, cantava e seguia todo o rito da missa como se estivesse presente. Ela sempre foi muito católica. Vivia feliz com aquela vida. Temia muito a morte como todo ser humano. Hoje lembrei o quanto ela gostava de ver a missa de Nossa senhora. Deus a tenha doce avó.
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Carrinho azul
Meus carrinhos minhas balas.
Quando criança os doces são mais doces e os brinquedos coisas preciosas. Adorava quando chegava dos dias de sábados, pois papai sempre ia a cidade na feira comprar açúcar, café em grãos, sabão, querosene, carne e balas. Ah aquelas balas que vinham num papel de embrulho daqueles que o marceneiro enrolava tudo, não exista as sacolas plásticas lá em nós. Ele sempre ia de bicicleta, uma bicicleta barra circular vermelha linda, velha mais linda, tinha uns decaltes muito bonita. Confesso que naquela época a bicicleta mais bonita que achava era a de Dadá do parieiro,pois tinha a pintura perfeita, rosa-prateada era uma 77. Bem mas a nossa bicicleta era melhor, porque era nossa, tinha a bicicleta do meu irmão uma 80 eu acho era uma barra cicular verde todas monark, porque as caloi essas não prestavam pra nada quebravam o bagageiro e as coisa, eram mais bonitas, mas não prestavam. A única caloi que vi que prestou foi uma que papai comprou pra Berg meu irmão primogenito, era uma monareta azul com lameiras brancas que tinha uma dobra no meio, essa era linda e boa niguém em toda a cidade tinha uma igual, como disse veio de São Paulo era tão boa que foi passando de irmão para irmão, ensinou nós cinco a andar de bicicleta. Bem naquela época a grana era muito curta, papai tinha algumas coisas a mais porque ele era muito inteligente e avançado, sempre foi assim saiu de casa pra São Paulo tinha só 17 anos, sequer tinha um sapato, passou 29 dias num pau de arara em busca da cidade de São Paulo, chegando cá foi servente de pedreiro e aprendeu a profissão de carpinteiro. Era boemio quando chegava em Serrinha ele sim tinha bons amigos. As vezes acho que ele já sabia que estamos na vida só de viagem, pois o máximo que passava em um emprego era três meses, quando começavam a gritar com e ele não aguentava por ser bocudo, respondia e era demitido, achava que a grana que ganhava de desemprego maior grana e ai tinha um mês de férias até arrumar outro emprego. Bem meu tio Aldo era casado com minha tia Nevinha e quando certa vez papai foi a Serrinha conheceu mamãe namoraram e se casaram, mamãe era muito bonita. É dez anos mais nova que papai. Mamãe quem cuidava de nós quando papai viajava e tio Alda dava o apoio o fato que mamãe era uma Penélope, mulher de Ulisses da iliada, aguentava o tranco só com nos um monte de meninos dentro de casa cinco, fazia tudo com a ajuda de Cizinha minha prima filha de tio Aldo. Enfim papai chegava da feira e distribuía as balas, nos ficavamos numa alegria danada. Meu pai era meu heroí o mais forte dos homens e as vezes me fazia surpresas. Um dia ele chegou acho que já era mais de meio dia e me trouxe um carrinho lindo, um caminhão modelo mercedes sendo a cabine amarela, e o resto branco, um caminhão de bojões, fiquei muito feliz naquela tarde, meu carrinho e mais balas. Que surpresa linda e doce. Bem mas meu vizinho tinha um carrinho de cavalos, pedi pro me pai um carrinho de cavalos e ele um dia não é que trouxe um carrinho também mercedes, acho que meu pai tinha gosto por mercedes, mas não era daqueles mercedes cabine redonda não quem disse era daqueles mercedes geométrico alemão. O carrinho tinha bulea azul e grades brancas e era mercedes não caminhão da fiat, tinha três cavalos um branco e dois pretos. Nossa aquele carrinho era lindo tinha detalhes na roda. Eu não brincava com esses carrinhos porque tinha medo que eles estragassem, preferia fazer meus carros de lata de sardinha. Quando era inverno fazia imenso currais com pedaços de paus, com pontas, como o solo era mole dava para enterrar batendo com uma pedra. Sim na minha casa tinha um grande coqueiro na cozinha e três do lado da casa velha. na frente da cozinha tinha uma fachina e muitos pés de pinheira, no inverno crescia pés de bucha que eu usava os frutos para servir de vaca. Era fácil fazer, bastava pegar quatro paus e furar num lado da bucha ela fica em pé uma vaga gorda e bonita, verde mas você sabe mente de criança o importante é que ficava de pé como um quadrúpede e ficava ali brincando de vaca a tarde toda, mas meus carrinhos ficavam guardados esperando um dia especial pra brincar, tinha que cuidar bem deles né não sabia quando ia ganhar outro. Certo dia das crianças mamãe me deu um trator vermelho igualzinho o de Nelson de Bia, eu achava que ele era muito rico, pois tinha uma caminhonete D10 creme e um trator que servia pra arar a terra e com a carroceria pra carregar coisas. Esse trator era lindo, vernelho de carroceria azul. Que coisa boa ser criança, tudo é alegria, tudo é grande, doce, tudo é cheio de alegria.
domingo, 10 de outubro de 2010
Doce branco
O canto da patativa, do sanhaçu,
desperta um sabor doce da pinha,
doce branco de sementes pretas,
da casca rugosa.
O canto da patativa do sanhaçu,
lembra as manhãs com ventanias,
o vai-vêm das pinheiras,
lembra o chão molhado e frio,
o verde vitreo das sirigueleiras,
lembra as rumas de lenhas,
rachadas, de anjico.
lembra flor de urucum,
flores rosas.
o mastruço nos terreiros.
a infância
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