segunda-feira, 12 de junho de 2023

Alegro

 Há alguns dias, ouço Mozart.

Na verdade meses, desde 2022.

Por que Mozart?

Porque é alegre, talvez.

Porque continuo ouvindo os mesmos álbuns.

Porque o ouvia antes de ir a casa de minha mãe, passar as férias com ela, desde então já vinha ouvindo.

Então minha mãe dormiu na eternidade.

Ao continuar ouvindo Mozart,

Quis sentir a presença viva de minha mãe.

De Assis, Francisca.

Continuando ouvindo Mozart,

Outra e outra e outra vez.

É como se quisesse deixar algo aberto e ligando meu espirito ao de mamãe.

Quem vai entender,

Mas não é para entender.

Quiçá para ler.

É simplesmente uma tentativa de conectar meu consciente ao meu inconsciente.

Meu racional ao racional.

Às vezes, nem escuto e nem ouço.

Às vezes minha percepção filtra como o barulho de uma ventilador ou de um ar ou do carro.

A gente nem percebe, mas está lá.

Então por vezes, me pergunto.

Como seria ver a música?

Qual seria o sabor da música?

Como seria a música cristalizada?

Ouvi dizer que a arquitetura é música solidificada.

Mas será?

Fernanda, a aroeira que mora do lado de minha sala,

Não reclama de nada.

Bom, as vezes asa aves vem importuná-la mas ela finge nada acontecer.

Já vieram o pitiguari, os sanhaçus, as patativas, os pirites.

Bom, fernanda gosta de Mozart até vejo seus ramos dançando.

Bem, aqui está um pensamento materializado e mamãe viva e eterna.

Graças a Mozart.


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