Sai o sol,
Some o sol.
Vento frio no lombo,
No lombo de Pessoense
Acostumado ao calor,
Ao céu azul.
Os passarinhos não reclamam.
Também vive emplumados
E não precisam tomar banho.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Sai o sol,
Some o sol.
Vento frio no lombo,
No lombo de Pessoense
Acostumado ao calor,
Ao céu azul.
Os passarinhos não reclamam.
Também vive emplumados
E não precisam tomar banho.
Frio,
Sombras da noite,
Aurora.
A corruíra canta.
Aos poucos a manhã chega,
Enchendo o mundo de luz e cores.
Os pássaros que cantam agora,
Sendo os grilos silenciados pela luz.
Terminaram seu turno.
Assim como os morcegos.
Vamos começar o nosso.
Que julho seja pleno.
Minha casa meu eterno lar. Aqui aprendi a andar, a falar, a brincar.
Aqui onde passei metade da minha vida com a mamãe e o papai.
Sob esse teto, entre essas paredes.
Ouvi a chuva chovendo e me enchendo de alegria.
Ouvi sanhaços, periquito e papacebo cantar.
Através dessas janelas contemplei tanta coisa.
Na nossa cozinha que nós alimentarmos tantas vezes e rimos e brincamos.
Aqui vivemos,
Aqui escolhermos o lugar para viver.
Agora é tão silenciosa e vazia.
Coisas de Deus... Coisas da vida. Onde tudo isso se passou bem.
19.06.23 S.Pintos
Algo etéreo aqui
A luz se dissolvendo nas sombras.
O silêncio das aves.
O canto dos grilos.
A natureza estática como
Um espelho.
A palma imersa na rama.
As folhas do coqueiro cristalina.
O céu nublado,
O vento frio chegando
E impressionando.
Algo espiritual querendo falar através de mim.
O ocaso.
Intuição.
Algo eterno em mim querendo se expressar.
Pingos de chuva.
Aquela presença viva de mamãe.
Aquela presença viva de mamãe.
O que é a realidade.
O que é o abstrato.
A ausência está aí.
Na ausência.
A realidade de tudo é o agora.
A realidade de tudo é o agora.
A realidade de tudo é o aqui.
Só agora.
Nestas palavras,
Nestes signos.
Tudo é eterno dentro de uma memória.
Tudo veio a ser e deixou de ser.
Aqui e agora.
O cheiro da chuva de junho.
22.06.2023 S.Pintos
É madrugada,
Estamos em Serrinha
Na casa de mamãe e de papai.
São 4:20h.
Faz frio, estou tão pleno
Sob o meu cobertor.
No quarto onde dormia na infância, o do meio.
Mamãe dormia no da esquerda e Rosângela e Begue no da direita.
O meu era dividido com Li.
Tudo é silêncio e sombras da madrugada.
Os grilos cantam.
Sinto vontade de registrar.
Assim concluo.
A chuva é intermitente nesta sexta-feira,
Último dia de junho, de 2023.
Desde a madrugada que estou acordado que ouço a chuva.
Já são quase sete horas da matina,
A minha mente feliz,
Ao pensar cadenciado pela chuva.
Pela chuva.
Memórias,
Só o que tenho são memórias.
E memórias tratam do passado.
E memórias podem ser acessadas ou não.
Memórias que podem despertar a qualquer momento.
Que podem sumir a qualquer momento.
Após uma semana maravilhosa,
Na minha terra natal com minha esposa e meu filho aqui estamos de volta a realidade.
Trago no peito e na mente muitas paisagens, odores, formas e cores conhecidas e por isso amadas.
Trago muitas respirações profundas,
Suspiros, pautados no agora, curtido na memória.
Mamãe, papai, Mazildo.
A ausência, e o lugar inalterado,
A natureza real do que é,
Que se repete como um espelho,
Não, como um caleidoscópio de cores, aromas e formas.
Capazes de despertar as mais profundas memórias,
Capazes de gerar as melhores memórias.
E a certeza sempre intensa de que a vida vale a pena de ser vivida.
Vinícius e o desconhecido do mato que por mim sozinho percebido,
Fica encantado com o que eu mostro o que eu percebi.
Tão maravilhoso, com tenra idade, mas com um amor a natureza pleno.
Com um amor a serrinha.
Com um amor inexplicável ao vazio,
Ao silêncio quebrado pelo creo do loro, ou pelo latido de Shaquira e Cherloque.
No afinco de realizar tarefas simples, como carregar um pau de lenha, ajudar a arrumar os cocos.
Olha analiticamente uma larva, uma libélula,
Cultivar uma fazenda de escaravelhos,
Guardar lápis... como chama os gravetos.
Cheirar e olhar flores de jitirana, ou jurema.
Olhar as vacas comendo, os porcos cochilando,
O jumento rinchando.
O passado na memória,
O presente no agir.
A mamãe, pronta para acolher.
O papai perdido no pensar.
E assim vamos tecendo nossa vida no agora,
Sobre muita saudade,
Vamos vivendo.
Assim.
Conclui a leitura de um excelente livro.
A procura de Spinosa de Antônio Damásio.
Baixei e irei ler o Erro de Descartes.
Será se pescarei algo?
Bem já me renderam excelentes sementes de pensamento no livro lido.
É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...