A catingueira floresceu amarela,
O mangangá veio visitar,
A sombra da cajaraneira,
Sentia-se o aroma amarelo da catingueira,
À sombra da cajaraneira se pensava na vida.
Na cabeça a consciência se criava,
A ciência dessa passagem que é a vida.
Diferente do que se inventa nas telas.
A vida real e efêmera é bela
Sob a sombra da cajaraneira.
Ali se matutou muito sobre o futuro,
Sobre o passado.
Ali estava o presente.
Ali se viu o chão molhado,
A lavoura crescendo,
O tempo e as estações passando,
Mas no rosto havia tristeza pelo que se perdeu,
O tempo...
O tempo não se perde.
O tempo se vive.
Havia graça e magia em tudo na vida...
No cheiro rosa das flores de serrador,
No agrado do jumento ao saborear o milho após o trabalho,
Na alegria dos cães ao acordar,
No grasnar do louro ao roer a bolacha.
Havia grandiosidade nas coisas pequenas,
Generosidade divina numa vida longa de muitos alcances.
A tristeza de certo era largar tudo isso.
É preciso um grande passo para ocupar um outro espaço.
No final,
Acabou a consciência
Que se difundiu no criador,
E passou a fazer parte da totalidade que é Deus.