sábado, 20 de março de 2021

42 Madrugada com Kant

 É madrugada escura,

Nas três Ruas o vazio,

No firmamento céu estrelado,

No substrato paralelepípedo 

Dormem lado a lado.

Ali nas árvores e nos telhados,

Canta contente a corroira,

Aqui acordado estou deitado,

Pensando a existência,

A continuidade da vida,

Os fatos e os sentimentos,

Memórias agora internas,

Vovó, vovô, tio Aldo, papai

Ontem reunidos pelo tempo 

Hoje pela morte,

Nesse eixo,

Aqui estou eu e a corroira

Acordados na madrugada,

Cantará pelo seus pais?

Ou já superou e canta por cantar?

Quem saberá.


41. Haikay de bebê

 Teu cheirinho,

Tua maciez,

Tua altivez,

Teu sorriso,

Teu carinho,

Tua inocência,

Tua impaciência,

Que plenitude

É você

Só você,

Meu bebê.

sexta-feira, 19 de março de 2021

38. A alma

 Onde andará tua alma,

Além do real e racional,

Em algum lugar onírico,

Onde reina a paz.


Onde andará tu,

Não sei, mas percebo a ti,

Nas árvores não cortadas,

Na mata fechada,


Na cerca mal alinhada,

Na roça de palma,

Nas fruteiras do terreiro,


Nas flores do jardim,

Nas fruteiras do quintal,

Na minha pele.

quinta-feira, 18 de março de 2021

40. Onde

 Por onde ando 

Num universo aéreo,

Perdido entre pensamentos,

Buscando uma referência, 

Já que perdi minha maior inspiração.

Me perco olhando pro tempo,

Para as coisas lentas,

Acendo velas para orações.

Acho que nunca fui tão místico

Será possível se encontrar?

Tenho um mar de dúvidas 

E nem uma gota ou um grão de certeza.


39. A chuva e a vida

 Amanheceu chovendo.

Que fenômeno maravilhoso,

A chuva chovendo,

Que fenômeno curioso,

A água tudo rompendo,

A água caindo e preenchendo,

E então vai se escorrendo,

As vezes nos encharcamos,

As vezes, nos sentimos chovidos.

São coisas da vida,

Coisas boas como ouvir a chuva chover.

A chuva amanhecer,

A vida acontecer.

37. Chover no molhado

 Tenho pensado na vida o tempo todo e não sei se é bom ou ruim. Para melhor dizer, não é a vida toda, mas desde o momento que tomei consciência de minha existência.  Desde então, soube que a vida tinha um fim. Esta ideia tomou o meu ser. A finitude. Então passei a observar o mundo. A noite, o dia, a aurora, o crepúsculo. E pensava as coisas e estas aconteciam, mas nunca da maneira como imaginava. Então me perco na celeuma de pensamentos... Até que as coisas aconteçam como tem que ser.


quarta-feira, 17 de março de 2021

36. Mucuna

 Mucunã cipó calibroso,

Que cresce nós lajeiros 

Sobre a vegetação

Vai se enovelando,

Formando ramada,

Quando em florada,

Fica toda roxeada,

Intensamente perfumada,

De longe se ouve o zzzzz

Da mamangava abelha avantajada,

As Folhas trifolioladas são caducas

Se desprendendo na seca,

Fica só o estirão,

Com suas Vargens macias e veludosas 

Que espocam atirando as sementes

Que parece encoraçada

Essa é minha toada.


34. Pensar inútil

O mundo tem barulhos que não conseguimos decifrar, mas que gostamos de ouvir, pois parece nos dizer que estamos vivos. Estamos vivos. Qual é a grandiosidade de tudo isso? Só a dor da perda nos orienta. Uma catarse negativa digamos assim. Fico ouvindo o oco do mundo. Como um ovo maltine denso, saboroso com peguenos grão crocantes de chocolate. Conseguimos sentir mais com o gosto que com a visão e com os ouvidos. O coração pode ser o mais intenso de todos os sentidos. Se são cinco sentidos. Qual é o sentido que sente a dor? A dor é algo muito intenso como o orgasmo, mas ao reverso. A dor parece ser multisomatica e o orgasmo algo localizado. Estranho não. Orgasmo nas regiões excretoras... O oco do mundo nos faz pensar tanta coisa inútil.

34. O morto

Ando pensando torto, Um corpo sem vida, Um ser o morto, Um corpo é e não é, Foi e deixou de ser. Algo se perdeu, Foi o corpo? Foi a vida? A morfologia e a anatomia é a mesma, A vida é o espirito? A vida é a alma? A vida é a respiração? Simplesmente um corpo, Que pulsa, Que repulsa, Com vida, Sem vida, Morto, Perdeu num átino O princípio de ordem, O calor o respirar, Um corpo é um corpo, Com vida é Sem vida não é. Deixou de ser Sem vir a ser. O trabalho é a categoria fundante já dizia Marx. O prazer também é a categoria fundante Até surgir a inseminação artificial. O agora é eterno. Cremos ser imortais, O tempo é relativo já dizia Eisntein. Tenho estado doente da vista segundo pessoa, Pois tenho pensado demais. Agora que a tarde cai. Que importa mais. O coletivo passa na rua, O bem-ti-vi anuncia o fim de tarde, Poderia ser o sanhaçu-de-coqueiro. Ou qualquer coisa. Porque se não estamos presentes, Fomos ultrapassados, Não viemos a ser mais. E onde está o sentido de tudo isso? Em Eclesiastes, já anunciava que nada fazia sentido. Jás um morto, Jás noite.

terça-feira, 16 de março de 2021

Anjico

 Árvore enorme

E Sombra rala 

Miúdas folhas

Armado tronco 

Casca encarnada,

Feito couro curtido,

Mandeira forte e dura,

Usada no carvão,

Na porta e janela,

Na cangaia...


Perfume de verão,

Alimentar a fauna 

Plataforma de pouso 

Mata frouxa 

É o anjico 













Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh