quinta-feira, 2 de abril de 2020

56. Consciência

Madrugada escura, parcialmente nublada.
Estrelas ofuscadas.
Canto da corruíra,
Sobre os paralelepípedos de xisto ou gnaisse,
Vou caminhando e pensando em tudo e em nada.
A gente costuma se perder quando pensa em tudo.
A cada passo que se dá uma nova imagem,
Um novo estímulo,
Um novo pensamento.
Então caminho sem parar
Por alguns quilômetros,
Tempo que penso sem parar.
Caos e cosmos me preenchem.
Penso no que vejo e ouço.
Aves, árvores...
Um pouco do externo e do interno.
Formando uma consciência...

quarta-feira, 1 de abril de 2020

55. Décimo segundo

Em casa, nesta quarentena a quase duas semanas.
Só saímos para caminhar ou para ir ao mercado.
As ruas vazias, sem movimento de pessoas.
Só ouço os carros passarem.
E o canto das aves.
Aves cantando.

54. Caos mental

A gente acorda,
Tudo está como esteve,
O que mudou foi o tempo,
De noite para manhã e de manhã para tarde.
As coisas iguais,
Silêncio,
Ruas vazias,
Nossas sensações continuam as mesmas
Fome, sono, disposição, alegria, tristeza.
E as coisas por serem resolvidas,
O mundo lá fora.
Como a gente trata essas informações!
Como fica nossa cabeça.
Em caos.
Um caos impensado por Pessoa ou Borges ou Gogh ou mesmo por mim.
E os minutos e horas vão se passando,
Dias...
Semanas!
Que loucura.
É a humanidade agindo de forma coordenada.
E nós indivíduos ficamos desnorteados.

53. Pios e cantos

O pio de bem-ti-vi se ouve de longe.
Lá no fundo canta a patativa,
No telhado da casa do lado o pardal.
No meio termo a corruíra.
No fio chirlia a siriri,
A passarada faz minha alegria matinal,
Feito som de poesia num sarau.

terça-feira, 31 de março de 2020

52. Garrinchão-de-barriga-vermelha

Ontem, durante a caminhada na madrugada, ouvi o canto lindo de um pássaro.
Estava no início das Três ruas, quando o ouvi cantar.
Deveras, que coisa linda.
E o mais mágico, não conhecia.
Refletir como iria conhecê-lo.
Passou.
Hoje a noite usando o Merlin um aplicativo para aves.
Eis que reconheci o canto e desvendei o grande mistério.
Trata-se de um garrinchão-de-barriga-vermelha.
Vou dormir feliz por essa informação.
É isso. 

51. Andorinha

Andorinha
Voa andorinha,
Voa seu vôo ágil e rápido.
Voa pra lá e pra cá.
Pra cima e pra baixo.
Com seu esmoque azul marinho e alvo,
Saboreia insetos nessa dança a voar.
Toda manhã as ouço vocalizar,
A voar, a voar.

50. Silêncio matinal

O silêncio quebrado pelo canto das aves alegra a manhã,
Andorinhas, sanhaçus, sanhaçus-de-coqueiro, patativas,
Gaviões a espreita, beija-flores e bem-ti-vis.
Ouço tudo aqui, sentado.
Este corpo pensante,
Desejoso de uma definição.
Não consegue entender estes cantos,
Vive, assim por viver.

48. Nambuzinha

No passado, tinhamos um pequeno sítio.
Ainda temos a propriedade, mas as árvores morreram. Praticamente todos os cajueiros.
Na sombra deles cresciam pinheiras, goiabeiras e araçás.
No inverno as nambus costumavam fazer ninhos.
Ninhos no chão com ovos roxos.
A coisa mais linda.
Sob os panicum trichoides deitavam ovos sobre os ninhos.
Então cantavam todos os fins de tardes.
Nunca vi uma nambu. Sempre que a via era em vôo.
Nambuzinha do meu sertão,
Que saudades tenho no coração,
Da infância, do sítio, de poder te ouvir cantar.
Espero poder voltar e te ouvir cantar
Pelo resto de meus dias.

49. Desvelamento

Quando tudo se repete de forma especular,
Acorda, levanta, sai para caminhar,
Caminha, contempla o mundo,
Ouve as aves, pensa na vida, na família, nos problemas,
Pensa nos projetos, nas ideias, na vida.
Volta pra casa, toma café, senta para trabalhar,
Ouve noticias ruins e boas,
Entristece ou se anima!
Ver fotos de aves,
Ouve música,
Ver fotos do passado,
Fica saudoso,
Fala com a mãe e com o pai e com os irmãos!
É tão bom!
Como somos chatos,
Sentimos falta do que foi e do que não foi.
Assim, vão se desvelando os dias.

segunda-feira, 30 de março de 2020

47. Coisas saudosas

A oito anos defendia minha tese.
Desde então, fui embora de Campinas,
Deixei a Unicamp.
A oito anos concluí um projeto.
Deixei aquela cidade com muita saudade.
Saudades da proximidade de meus irmãos.
Saudades das manhãs claras ou frias.
Saudades dos amigos, do bandeco, das bibliotecas, das praças, das ruas, do don Pedro.
Saudades, saudades.
Da minha orientadora Tozzi,
Do charmosissimo João Demora,
Do grande Tama,
Dos amigos,
De tantas coisas vividas,
Como me fez bem.
Este mês faz oito anos.
Parece que foi ontem.
Obrigado por tudo Unicamp.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh