terça-feira, 5 de novembro de 2013

Em algum lugar

Nascestes ali, naquela casa de tijolo cru caiada de branco, onde tudo era rústico por natureza. A frente dá para a estrada de poucos transeuntes e a cozinha da para um vale que depois de cruzado dá numa linda montanha. Seu horizonte tem um limite, mas quem precisa de um amplo horizonte se ali se concentra toda a beleza do mundo nas formas das rochas, na neblina frouxa das nuvens. A casinha simples rodeada de terreiros de terra branca. Uma pequena planta cresce no rodapé da casa botando cada flor linda e colorida.
Ai há silêncio, tudo é silêncio exceto quando a barra é quebrada, quando aurora surge e anuncia a chegada do sol. Um jatobá faz sombra sob o céu e o sol azul. A água se derrama montanha abaixo.
Tudo é silêncio. O tom azulado das rochas na montanha. Ode casa! E lá vem uma pessoa adorável e doce e nos atende com a paciência de um tibetano. Oferece-nos um café. A brisa fresca nos dar uma sensação de paz. A voz abreviada e tímida moldada pela montanha e pelo silêncio. Gente ali fica feliz quando ver gente.
A vida ali é calma e longa...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Doce Anonna

O branco doce da Anonna squamosa (pinha).
Desmancha na boca.
Na pinheira, quando há pinha madura,
É sempre festa, cantam sabiás, sanhaçus e patativas.
Voam lerdas as arapuás.
E de longe, sempre malandro, buscava sempre
uma festa da passarinhada,
Ali, encontrava sempre a doçura gerada da terra.
Pinheira nova e viçosa, com ramos crescendo
Fugindo da sombra dos cajueiros,
E lá estava ela uma, duas enormes pinhas,
Doces pinhas, que frutos doces,
Sementes negras,
A casca enrugada.
Vai o doce e ficam as cascas,
e lá se vai em busca de outra passarinhada.

Vinte

Pela manhã, saia do meu apartamento de número 20,
ouvindo a bandnews e caminhava para a Embrapa
Até a sala de número 20.
Chegava, abria a porta de número 20,
Entrava e abria o computador,
Ligava na tomada 220 volts.
E punha uma música, de Mozart.
Então, ela vinha de um lugar que não era de número 20.
Mas entrava pela porta de número 20,
Ela que não tinha 20 anos ainda.
Abria um sorriso maior que a lua cheia quando nasce.
Nos abraçávamos, seu cabelo dela cheirava a mel.
Sua voz suave. Comentava o que acontecera fora da sala 20.
Ouvia e ela perguntava o que ouvia. 
_ Mozart respondia. -É óbvio.
Ela pedia para colocar Chopin.
Como poderia negar aquele olhar e aquele riso.
Então ao som de Chopin sorria  a sala 20.
E assim, Senhorita Stêfani,
Vicie-me em Chopin,
Na sala de número 20,
No meu apartamento de número vinte...
Soa suave agora no 303...
Em algum lugar do mundo.

Novos hábitos

O calor da manhã,
À proximidade com a mata onde crescem
Ingas, Protium, Erioteca e muitas outras árvores.
O ronco do ar,
O canto das aves, sanhaçus, patativas e sabiás.
Aos poucos desperto para o dia,
Aos poucos desperto para o trabalho,
As notícias dos jornais,
As colunas,
A cigarra canta.
E assim percebo as manhãs de minha nova lida
Tomar sua forma.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Noite de chuva

A noite escura após a chuva.
A água escoa caindo sempre para baixo.
Enlameada, se mistura com o pó que oras é seco
Oras é lama...
O mundo cheira após a chuva.
No escuro silencioso da noite,
Após uma longa estiagem
Suprimida pela chuva,
Ovos de insetos desencadeiam seus desenvolvimento.
As árvores sedentas matam sua sede
E silenciosamente se transforma para o novo dia.
As aves após o banho acordam se preparam para um novo dia
Acordarem cantando...
E ao quebrar da barra
A luz dar cores as formas
E as velhas cores ganham um novo tom.
O chão molhado, fresco, unido nos enche de alegria.
Sementes germinarão nos campos e em nossos peitos.
A vida com toda força
Volta a pulsar após uma noite de chuva. 

A velha


A manhã desperta da noite.
A barra quebrada, vermelha em brasa, aurora partiu.
O sol cresce levemente atrás das árvores.
A luz atravessa a janela e toda o cheiro suave
Da roupa guardada, a roupa de cama embrulhada.
Na cozinha a lenha estala e se queima quase molhada.
O cheiro do café. A goma perdendo a umidade no caco.
Café pronto. Levanta levemente a velha senhora,
Caminha devagar e vai ao oratório.
Reza uma oração e segue para a cozinha.
O conforto que só o tempo dá a paciência.
A idade domou o corpo vicejante que hoje
Arde em dor, rugas, dores e a longa espera pela morte.
A manhã talvez virá...
A morte chega antes às vezes.
Hoje, já não estamos mais só.
Temos rádio, televisão e um aposento que não nos deixa passar fome.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Textura da noite

O silêncio da noite.
O silêncio das luzes
Que alumiam ou sinalizam
Rotas, olhares...
Noite vazia, às vezes fria
As vezes quente e triste.
Chiam as folhas dos coqueiros,
Flores de Avenrroa no chão,
Um fruto ou outro no chão frio e escuro da noite.
Areia fina como o escuro da noite.
E inebriado de sono
Durmo tocando a textura macia e escura da noite.

sábado, 26 de outubro de 2013

Lúcia

A casa amarela,
A lojinha,
A sobra fresca da área,
A roseira, as flores e os anões artesanais,
Um cavalinho de barro...
Rubinho cachorro, quando você chegou?
Olha Jacinto quem está aqui.
Ah! Cabra besta, Willianinha venha falar com Rubinho.
Um abraço forte, bem apertado...
Beijos e afagos amigos.
A risada...
E como anda o coração?
Deixa de ser safado...
Água... Sente ai.
Gente sobe e desce.
Os dias de trabalhos juntos.
Curta manhã para tanto assunto,
Do mundo, de Serrinha...
Olho o jardim com um contentamento
De quem sente afagado pelo estética viva,
O crescer paciente das flores.
Balanço-me e conto como estou
E quero saber como está.
Volte mais, não vá embora sem vir aqui CACHORRO.

Bom, não viverei mais estas senas,
Minha doce amiga partiu,
Concluiu sua caminhada,
De certo agora descansa num campo
Flores, num campo de rosa
Sob árvores de Tílias,
Ouvindo hinos de amor,
Contemplando o senhor.
Deixa saudades,
Está viva em nossa memória
Até que nós sejamos só memória.
Adeus linda flor, doce amiga.
Lúcia.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Refletidas

Quantas são as fazes da vida?
Tudo poderia ter sido tão suave.
Por que me cobrei tanto?
Não imaginava que a vida passava tão depressa.
Agora que sei quanto tempo me resta,
Deixei de fazer tantas coisas,
Nem se fui feliz pelas minhas escolhas,
Felizes ou não a vida passa!
O tempo passa,
Tudo passa,
E não podemos esperar parados,
Temos que fazer as coisas acontecerem.
De vez em quando ouvir Mozart,
Ler Borges ou Drummond ou Neruda,
Apreciar Gogh,
Apreciar o mar ou o céu ou a lua,
Ou apreciar o que se ver.
Nosso universo as vezes é tão melhor do que o universo
do outro e nem percebemos,
Não conseguimos perceber a intersubjetividade...
Mas a vida continua,
A vida é imortal,
Enquanto vida existir,
As coisas belas serão refletidas...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Meu castelo

O lugar onde moro, está mais para castelo.
Quando vou a sacada e olho para o céu é tão belo.
No céu de minha noite,
A lua vai minguando,
As estrelas estão brilhando,
Nuvens passam sombreando a lua,
Hoje, que trabalhei tanto estou tão cansado,
Mas recebo o afago do vendo,
Um abraço da noite
E a cama me chama.
Minha casa é meu castelo,
Nunca me senti tão bem,
No meu pequeno castelo,

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh