terça-feira, 29 de outubro de 2013

A velha


A manhã desperta da noite.
A barra quebrada, vermelha em brasa, aurora partiu.
O sol cresce levemente atrás das árvores.
A luz atravessa a janela e toda o cheiro suave
Da roupa guardada, a roupa de cama embrulhada.
Na cozinha a lenha estala e se queima quase molhada.
O cheiro do café. A goma perdendo a umidade no caco.
Café pronto. Levanta levemente a velha senhora,
Caminha devagar e vai ao oratório.
Reza uma oração e segue para a cozinha.
O conforto que só o tempo dá a paciência.
A idade domou o corpo vicejante que hoje
Arde em dor, rugas, dores e a longa espera pela morte.
A manhã talvez virá...
A morte chega antes às vezes.
Hoje, já não estamos mais só.
Temos rádio, televisão e um aposento que não nos deixa passar fome.

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