terça-feira, 15 de março de 2011

Calar

Quando olho minhas mãos vejo as marcas de uma infância em que precisei trabalhar, tive tempo para brincar, mas muitas vezes tive que ajudar meus pais. Vejo as cicatrizes nas minhas mãos, nos meus pés. Marcas de um empenho, uma força aplicada a produção, marcas de quem necessita alimentar os animais, ajudar na lida. Tenho ainda marcas nas pernas, na cabeça e na barriga, cicatrizes das minha vida no sítio. Essas marcas hei de levar para sempre. Quando me ouço falar e tendo me expressar e as vezes não consigo, imagino que muitas vezes meu abrigo era calar. Aprendi somente a olhar, a amar a natureza. O que muitas vezes me faz calar é exatamente não saber como expressar o que sinto, isso me faz calar, e muitas vezes me angustiar. Não aprendi a expressar o que sinto e confesso que essas marcas são piores que as cicatrizes, são as marcas mais danosas. Como um animal que não sabe falar, muitas vezes fica a olhar e abafa a dor e se cala. Mas se sei falar, porque muitas vezes fico calado? Conversando com uma amiga muito meiga, amiga e simples, ela falou uma coisa muito linda e simples, ela falou dos valores que muitas vezes cultivamos e se não falamos é porque não aprendemos a magoar os outros, os valores que cultivamos muitas vezes é superior a expressão. Bem já é dito é melhor ser ofendido do que ofender. Neste ponto me encontrei, e agora sei que calar e respeitar o que o outro fala é mais parcimonioso. A partir desta reflexão, tive a consciência do que sou, e não mais sofrei quando quiserem me diminuir. A consciência da própria reflexão é maior força e amor ao próximo.

vento

Leva-me oh vento,
para além do meu pensar,
para além do meu olhar,
sinto calor, sinto sono,
e sei o que sou,
quem sou o que quero,
e o tempo
passa, incessante,
passa...
Leva-me oh vento,
e me deixa dos braços do tempo,
me faz adormecer
no colo da eternidade.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Consciente

Quando acordo e sei quem sou,
as vezes é tarde,
coisas que podia imaginar,
mas nunca imaginei,
nem sei,
quando acordo e sei quem sou,
não sei se estou sonhando,
não sei se sou,
soa o vento
sempre a mesma melodia,
as vezes me vejo sonhando,
e acho que sou,
mas as vezes penso que acordo
e não sou,
não sei.
Quando tiver consciência
de quem sou,
ai quem sabe serei,
sempre eu,
ou nunca serei
nada.

No blue

Olho para o céu azul
e o vejo tão distante,
fico olhando tal qual
quem encara o espelho,
e busca olhar neste olhar,
encontrar algo que possa me decifrar,
e tento ao mirar o céu
tocar no azul, deixar lá o que me deixa blue,
e ao encarar o céu, tento me ver,
sentir a quão sublime é a vida,
penso numa poesia,
talvez seja vazia,
olho para dentro de mim,
e o distante que vejo,
é um abismo tão profundo,
nada encontro,
me encontro,
pleno de minha consciência,
pleno em meu ser,
sinto vontade de rir,
como é bom existir,
apesar dos dramas da vida,
o céu é sempre azul,
as nuvens e as estações
são quem fazem moda,
o vendo que tudo muda,
mas o céu é sempre azul,
vou tentar não ser mais blue,
vou tentar ser sempre azul.

Cores e formas

As cores e formas que vejo,
me enchem de desejo,
e num leve lampejo,
nada mais vejo,
se fecho meus olhos,
sinto os cheiros,
ouço e sinto a brisa chegar,
as cores acendem em minha mente,
a imaginação,
mostram-me as formas,
desvendam o mundo,
faz surgir em mim ideias,
as cores e as formas,
me dizem tantas coisas,
as leituras, as reflexões,
vejo por um terceiro olho,
o que memorizo das cores,
das formas,
o olho da criação.

Consciência

Consciência
não é ciência,
mas está a par, ciente de si,
da própria vida, dos valores,
buscas e interesses.
A consciência requer um experiência,
paciência e até ser atingida.
Algumas pessoas passam pela vida
sem ter consciência de si.
Essa busca muitas vezes
pode durar por toda a vida.

Erva mate

Sou nordestino e não nego isso pra ninguém, mas depois que vim para o sudeste, São Paulo, não deixei de ser, nem nunca deixarei, mudei sim meus hábitos, apesar de carrego no peito o orgulho de minha história, meu sotaque, minha essência. Dentre as muitas coisas que aprendi a gostar foi de chá. Adoro tomar chá principalmente de for de erva mate, sem açúcar. Bem a um certo tempo em uma viagem que fiz ao Mato Grosso com sulmatogrossenses, que são viciados em mate gelado que tomei e aprovei que tem um nome o tereré, confesso que não conhecia já havia visto na novela Pantanal os pantaneiros tomando algo numa cuia feita de chifre algo que desconhecia, nunca vi nenhum adulto de Serrinha falar sobre a tal bebida, eles bebiam o tereré que para quem não sabe é erva mate com água gelada. Os sulmatogrossenses falam que tereré não é chá, é tereré, os gaúchos dizem que é chimarão paraguaio. De forma que naquela viagem aprendi a beber a tal erva e em viagens ao Mato Grosso do Sul selou meu novo hábito. Sinto que é prazeroso sentar e tomar um tereré, ouvindo o rádio e pensando na vida. Relaxa a alma. Certa vez quando fui a Dois vizinhos comprei quatro caixas, acho que a dona do estabelecimento achou que era doido, expliquei que morava longe e onde morava não tinha a erva, a mulher sorriu. Bem como não tomo café, aprendi a beber mate gelado. Tenho um professor que gosta de me insultar, pois toda vez que chega na sala onde estou e ver minha cuia, olha com um olhar de peru e fala, esse povo do nordeste tomando chimarrão. Só rio soslaio. Ponho a água na cuia de mate e tomo. Assim segue todo dia.

domingo, 13 de março de 2011

Rua no domingo

A rua vazia dizia,
que era domingo,
que era fim de semana,
nada passava,
nada vivia,
na rua vazia,
nem cachorro passava,
alguns tinha,
mas naquele dia,
nenhum latia,
a noite veio,
e tapou tudo
de escuro.

A aranha

O dia nasceu e a aranha já estava lá no banheiro, tinha tecido uma bela teia, talvez tenha agarrado alguma presa na noite anterior, não sei, mas seu dia não seria mais o mesmo. Acordei cedo, abri a janela e vi que precisava varrer o quarto, então fui ao saguão da cozinha e pequei a vassoura, varri o quarto e fui varrer o banheiro. Ela estava lá no canto, atrás da porta, então quando fui varrer a sujeira a teia veio junto e ela saiu andando atordoada. Não percebi mais sua presença.
Agora a noite quanto fui tomar um banho vi que ela estava afogada na água. Aquela aranha apareceu no meu banheiro ou seria que eu estava na sua teia, não sei, não a matei, mas seu corpinho estava em sua teia. Sei pouco sobre as aranhas, creio que não saiba nada sobre mim, nem travamos um dialogo, nada sabíamos um sobre o outro, nos ignorávamos e agora eu sou e ela não, deverá está no paraíso das aranhas agora e seu corpo sobra. Lembro de ver seu corpo andando, parecia ter molas nas pernas, tremia para andar. Parece que conhecia ela de outros tempos. Quando era pequeno, lá em casa, nã tinha eletricidade, nem chuveiro, tomávamos banho de bacia e no banheiro tinha um grande tanque cheio de água para o banho e sobre o tanque aranhas da mesma espécie faziam suas teias. Gostava de mexer com elas e vê-las andando. Elas pareciam não se incomodar, pois por mais que mexesse com elas, sempre estavam lá. Importunei-as tantas vezes. Mas não matava uma sequer, achava o ato de tirar a vida muito brutal. Então o tempo passou, muito tempo e hoje apareceu uma linda magrela aranha, tão logo apareceu, desapareceu. Acho que somos assim.

Sou

Quando o sol nasce, parece que nasço junto. Levanto e começo o meu dia. Às vezes tenho alegria ou não simplesmente acordo para mais um dia. Não sei o que acontecerá neste dia, mas na melhor das hipóteses nunca acredito que vai ser um bom dia, uma oportunidade de viver mais, então penso quem sabe amanhã poderá ser melhor, o pessimismo me persegue. E assim saio de casa dando minhas primeiras pedaladas, muitas vezes minha bicicleta range, quando não está chovendo é o melhor dos transportes, seguindo para o mundo, desconhecendo o que vai acontecer, muitas vezes me surpreendo com a beleza do aurora, sei lá, mas se acho algo valioso tenho uma sensação de felicidade. Se sou cumprimentado ou simplesmente cumprimento alguém e sou correspondido sinto que o dia vai ser bom. Muitas vezes me satisfaz ver uma flor em antese, um inseto mudar de quitina, uma vez fiquei feliz de ver uma cigarra em exsuvia, ou mesmo quando acho fungos numa fruta ou num pão a sensação poder ver numa lupa aqueles micélios é muito boa, gosto também de passar de bicicleta sobre tampas de bueiros, adoro ouvir aquele som abafado. Bem mas na maioria das vezes estou ouvindo rádio, uma das minhas grandes paixões, ouvindo o jornal, que por sinal só traz más notícias. Geralmente tem notícias frescas de casas de abusos praticados por políticos, homicídios e até catástrofes. Estes fatos foram banalizados, o pior é que elegemos pessoas para nos fazerem de idiotas, fico indignado só de pensar, mas enfim, tento fazer do meu dia melhor mais positivo, leio os jornais, algumas colunas favoritas, tento fazer o meu trabalho que tem me dado muita preocupação, desfruto da alegria de ter bons amigos que realmente acredito serem bons amigos, almoçamos juntos. A tarde muitas vezes são fagueiras e quando volto para casa tento vou ler. Tento manter uma certa disciplina que é muito difícil pois sou muito disperso. E assim são meus dias aqui em Campinas.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh