Sou nordestino e não nego isso pra ninguém, mas depois que vim para o sudeste, São Paulo, não deixei de ser, nem nunca deixarei, mudei sim meus hábitos, apesar de carrego no peito o orgulho de minha história, meu sotaque, minha essência. Dentre as muitas coisas que aprendi a gostar foi de chá. Adoro tomar chá principalmente de for de erva mate, sem açúcar. Bem a um certo tempo em uma viagem que fiz ao Mato Grosso com sulmatogrossenses, que são viciados em mate gelado que tomei e aprovei que tem um nome o tereré, confesso que não conhecia já havia visto na novela Pantanal os pantaneiros tomando algo numa cuia feita de chifre algo que desconhecia, nunca vi nenhum adulto de Serrinha falar sobre a tal bebida, eles bebiam o tereré que para quem não sabe é erva mate com água gelada. Os sulmatogrossenses falam que tereré não é chá, é tereré, os gaúchos dizem que é chimarão paraguaio. De forma que naquela viagem aprendi a beber a tal erva e em viagens ao Mato Grosso do Sul selou meu novo hábito. Sinto que é prazeroso sentar e tomar um tereré, ouvindo o rádio e pensando na vida. Relaxa a alma. Certa vez quando fui a Dois vizinhos comprei quatro caixas, acho que a dona do estabelecimento achou que era doido, expliquei que morava longe e onde morava não tinha a erva, a mulher sorriu. Bem como não tomo café, aprendi a beber mate gelado. Tenho um professor que gosta de me insultar, pois toda vez que chega na sala onde estou e ver minha cuia, olha com um olhar de peru e fala, esse povo do nordeste tomando chimarrão. Só rio soslaio. Ponho a água na cuia de mate e tomo. Assim segue todo dia.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
segunda-feira, 14 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
Rua no domingo
A rua vazia dizia,
que era domingo,
que era fim de semana,
nada passava,
nada vivia,
na rua vazia,
nem cachorro passava,
alguns tinha,
mas naquele dia,
nenhum latia,
a noite veio,
e tapou tudo
de escuro.
A aranha
O dia nasceu e a aranha já estava lá no banheiro, tinha tecido uma bela teia, talvez tenha agarrado alguma presa na noite anterior, não sei, mas seu dia não seria mais o mesmo. Acordei cedo, abri a janela e vi que precisava varrer o quarto, então fui ao saguão da cozinha e pequei a vassoura, varri o quarto e fui varrer o banheiro. Ela estava lá no canto, atrás da porta, então quando fui varrer a sujeira a teia veio junto e ela saiu andando atordoada. Não percebi mais sua presença.
Agora a noite quanto fui tomar um banho vi que ela estava afogada na água. Aquela aranha apareceu no meu banheiro ou seria que eu estava na sua teia, não sei, não a matei, mas seu corpinho estava em sua teia. Sei pouco sobre as aranhas, creio que não saiba nada sobre mim, nem travamos um dialogo, nada sabíamos um sobre o outro, nos ignorávamos e agora eu sou e ela não, deverá está no paraíso das aranhas agora e seu corpo sobra. Lembro de ver seu corpo andando, parecia ter molas nas pernas, tremia para andar. Parece que conhecia ela de outros tempos. Quando era pequeno, lá em casa, nã tinha eletricidade, nem chuveiro, tomávamos banho de bacia e no banheiro tinha um grande tanque cheio de água para o banho e sobre o tanque aranhas da mesma espécie faziam suas teias. Gostava de mexer com elas e vê-las andando. Elas pareciam não se incomodar, pois por mais que mexesse com elas, sempre estavam lá. Importunei-as tantas vezes. Mas não matava uma sequer, achava o ato de tirar a vida muito brutal. Então o tempo passou, muito tempo e hoje apareceu uma linda magrela aranha, tão logo apareceu, desapareceu. Acho que somos assim.
Sou
Quando o sol nasce, parece que nasço junto. Levanto e começo o meu dia. Às vezes tenho alegria ou não simplesmente acordo para mais um dia. Não sei o que acontecerá neste dia, mas na melhor das hipóteses nunca acredito que vai ser um bom dia, uma oportunidade de viver mais, então penso quem sabe amanhã poderá ser melhor, o pessimismo me persegue. E assim saio de casa dando minhas primeiras pedaladas, muitas vezes minha bicicleta range, quando não está chovendo é o melhor dos transportes, seguindo para o mundo, desconhecendo o que vai acontecer, muitas vezes me surpreendo com a beleza do aurora, sei lá, mas se acho algo valioso tenho uma sensação de felicidade. Se sou cumprimentado ou simplesmente cumprimento alguém e sou correspondido sinto que o dia vai ser bom. Muitas vezes me satisfaz ver uma flor em antese, um inseto mudar de quitina, uma vez fiquei feliz de ver uma cigarra em exsuvia, ou mesmo quando acho fungos numa fruta ou num pão a sensação poder ver numa lupa aqueles micélios é muito boa, gosto também de passar de bicicleta sobre tampas de bueiros, adoro ouvir aquele som abafado. Bem mas na maioria das vezes estou ouvindo rádio, uma das minhas grandes paixões, ouvindo o jornal, que por sinal só traz más notícias. Geralmente tem notícias frescas de casas de abusos praticados por políticos, homicídios e até catástrofes. Estes fatos foram banalizados, o pior é que elegemos pessoas para nos fazerem de idiotas, fico indignado só de pensar, mas enfim, tento fazer do meu dia melhor mais positivo, leio os jornais, algumas colunas favoritas, tento fazer o meu trabalho que tem me dado muita preocupação, desfruto da alegria de ter bons amigos que realmente acredito serem bons amigos, almoçamos juntos. A tarde muitas vezes são fagueiras e quando volto para casa tento vou ler. Tento manter uma certa disciplina que é muito difícil pois sou muito disperso. E assim são meus dias aqui em Campinas.
sábado, 12 de março de 2011
Tarde
A tarde a chuva passou,
o solo secou,
as briofitas lindas estão
cheias de esporófitos,
os fungos surgem,
e a tarde linda, limpa
seca suas ruas,
as pessoas ficam
excitadas, saem de suas casas,
pra passear, caminhar ou sei lá,
a tarde linda é
brindada com a beleza,
da natureza calada.
Manhã
Hoje amanheceu, nublado, chovendo,
a luz invadiu as frestas da janela,
e verde a acacia rutilavam suas
folhas molhadas.
Fiquei quieto ouvindo o chuva,
suando das telhas, das calçadas,
pingos indefinidos, mas harmoniosos,
e choveu, choveu muito,
toda a manhã foi fresca,
umida, molhada,
fiquei quieto,
não quis me levantar,
nem queria acordar,
mas o hábito o fez.
Abri a janela,
deixei a brisa entrar,
deixei a chuva cantar,
essa manhã foi plena,
só minha, vivi-a intensamente.
Sabedoria
Quero beber da fonte da sabedoria,
e neste dia, poder ensinar o caminho,
a todos meus vizinhos, e ao mundo inteirinho,
já sei que ela existe, faz parte da natureza,
é a explicação para a natureza,
é a beleza, a compreensão, a razão e a fé,
as vezes acordo e penso se ela realmente
pode ser bebida, acredito que sim,
mas saciado o desejo isso jamais,
bebemos e sempre sentimos sede,
mas onde fica fica essa fonte,
está no tempo? está nos livros,
está na mente de pessoas vividas?
Nestas vezes que acordo e penso
sobre ela sinto-me miúdo,
penso no mundo, e depois
olho para o meu mundo,
me vejo fora do mundo,
mas como se existo,
estou neste mundo, tomo consciência
do que sou.
Quero beber desta fonte,
para que possa eternizar os meus dias,
para poder fazer poesias,
acredito no que falou Epicuro,
a felicidade está no conhecimento,
que leva a fonte dela,
da sabedoria que é vadia,
plena e está em todo lugar,
nas formas, nas paisagens,
nos sons, nas cores, nas texturas,
onde há homem pode ela se expressar,
será apenas humana ou divina?
Quem sabe? Quero tragá-la, bebê-la!
Mas onde está a sua?
A minha já encontrei, só me restará
o tempo de vida para consumi-la.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Sinfonia 9 Beethoven
A música acalma minha alma,
encanta totalmente minha mente,
me prende, me atem a atenção,
quer olhando o céu ou o chão.
A música desperta tudo quanto há de beleza,
a mim falta a destreza,
resta ouvir, contemplar
e deixar a música libertar minha alma,
e faze-la viajar.
Não sei o que dizem as músicas,
mas estou estudando,
aprendendo.
Olho para o céu estrelado,
vejo o brilho a anos irradiado,
vejo o silêncio escuro da noite,
e as estrelas a brilhar,
feito fogueiras a flamejar,
quão vasto é o céu,
infinito parece o espaço,
e o tempo perdido
entre rotações terrestres.
Olho para o céu,
um céu sem véu,
escuro, estrelado,
olho e tento me encontrar,
tal qual o céu minha mente,
nada consigo decifrar,
nada consigo imaginar
e fico assim a contemplar,
a beleza divina,
neste momento converso com Deus,
ouço o canto das estrelas,
ouso o vento sussurrar,
meu peito a pulsar,
os ares trazem o sono
então mergulho nos meus sonhos.
boa noite
Saudoso
Muitas coisas já não existem mais além de lembranças em minha mente, pode ser que algo se encontre em outras mentes daqueles que por certo tempo foram parceiros de caminhada, mas que seguiram suas próprias estradas. Como num sonho vou buscar algumas memórias e tentar reviver algo que não vivi. Algumas canções fazem minha mente despertar doces memórias e faz-me viajar para a infância, para minha primeira casa, meus irmão muito jovens, meus pais ainda tinham cabelos brancos e muita esperança, tempo em que as estações passavam sem deixar marca, parece que o tempo não passava, queria tanto ter quinze anos e agora o dobro já se passou. Saudoso, viajo no tempo e aos poucos relaxo e volto lentamente a vida normal.
Blue
O céu azul, todo blue,
o sol a brilhar,
nuvens claras,
numa sexta feira blue,
aqui tudo azul,
mas no Japão não,
lá o mundo está
ao avesso, o mar
invadiu a terra,
chamas, lamas,
é um dia blue,
tão distante,
tão próxima,
aqui o sol brilha,
o céu está azul,
lá o dia está blue.
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