terça-feira, 16 de novembro de 2010

A volta

A volta pra casa

A volta pra casa,
que desejo maravilhoso,
o corpo fica ansioso,
palpita o estômago nervoso.

A volta pra casa,
enche de euforia,
há uma certa magia,
beira a fantasia,

A volta pra casa,
há aquela saudade,
com um que de ansiedade,
o corpo todo sorri.

A volta pra casa,
a chegada, os abraços,
os sorrisos.

De volta pra casa,
os beijos, os afagos,
a comida quentinha,
a cama macia,

de volta pra casa,
nos sentimos mais amandos,
estamos aconchegados,
e sossegados,

plenos nos sentimos.

A fome

A fome

Quando cai a última folha,
pobre sem escolha,
segue adiante,
deixa o sertão,
esquece o lampião,
e segue em busca de um trabalho,
algum quebra galho,
gente que larga a terra natal,
e segue o desconhecido.

A fome assola,
o sol tinge a pele,
a reza consola,

a sede engrandece,
os pés rachados,
dos dias ensolarados,

cansado o pai fala,
vamos adiante,
sorri para os filhos,

canta a cigarra,
na velha a marra,
farinha e rapadura,
é a vida é dura,

mais um terço rezado,
a fome aumenta,
Ai deus quanta dor.

Enfim uma casa,
enfim gente,
quando que sacia a sede,
cede uma rede,
pernoita e segue,
o destino errante,
a vida provocante,
desbrenha o destino,

e segue,
vida adentro,
viver é sofrer,
mas a esperança,
é arma,
a reza um apego
a vida.

Tarde sem chá

O dia nublado,
dia que o vento suave invade a janela,
vem bem em nossa espinha e tira um arrepio,
a tarde silêncio.
Aproveito para ouvir Shumann.
Que delícia de som,
quanta harmonia.

Lá fora as plantas parecem dormir,
nem uma folha se mexe,
grita uma ave, aculá longe,
tão longe quanto minhas idéias,
desfiam pensamentos,
viagens,
a vida ganha potência como uma semente em solo fértil,
depois de um cochilo,
a vida seque ao sabor do vento.

O cajá

Na noite escura,
as estrelas piscavam,
a bruma ia e vinha,
numa frescura,

caminhando na areia fria,
os pés tocam finos grãos,
no fim das chuvas,

o cajazeiro está que é só fruto,
os frutos maduros exalam um cheiro
ácido doce, que perfuma o corredor,

sempre seguindo,
ponho a sandália,

e sigo noite adentro,
fitando as estrelas,
os meteoritos,
papai, mamãe,
o burro, minhas irmãs
e o cachorro,
vamos para o seio
de casa,

naquela noite,
dormimos em paz.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Nascimento

Foi numa noite escura que nasci,
nasci para o mundo, chorei para a vida.
minha mãe feliz me embalou nas cantigas de ninar,
cantava, pra lá e pra cá, me fazendo nanar.

Nas noite escuras, embalado a sonhar,
acordava em choro, com medo da morte,
e dormia as carícias de mamãe,
que me enrolava e me acalmava.

Acabei por me acostumar com as noites,
frias e escuras, mamãe me ajudou.

Mas ah! parti para longe,
fiquei mais distante,
sinto saudades da voz de mamãe a ninar,

noites de trovão de relâmpagos,
me fazem lembrar,
papai a levantar pra juntar água da bica,
numa alegria,

Chuva é esperança,
noite de bonança,
do seio de minha casa,
sinto saudades,
das noites estreladas,
varando as madrugadas,
na fé do obscuro,
onde a vida quem sabe há.

mote

O que andas a fazer,
fazer por aprender?
ando a xeretar,
aqui, ali e aculá.
Aprendi a falar,
o que devia o que desvia,
da poesia, da magia,
agora uso da fantazia,
pra esquecer o medo da morte,
aos poucos tenho sorte,
não encontrar vazia,
a vida cansada se entrega a morte.

Negra noite

O céu atropurpúreo,
aos poucos desponta estrelado,
brilhos do mais diversificado,

as vias lácteas pálidas,
caminhos de leite de sonhos,
mil e uma formas,
milhares de fazes,

no céu claro do verão,
que muda a cada estação,
mitos, histórias se constroem,

entre um café, um chá um prosear,
a vida passa mateira,
ao som dos grilos da noite,
a chegada do vento de acoite,

canta o grilo,
escondido na negra noite,
nos oitões,
nos currais,
nos cafezais.

Negras forças,
tudo trás,
lembranças
de crianças,

de um tempo que não volta mais,
brilha estrela na minha mente,
embaixo dos cafezais.

Sabia sabiá!

Pobre dessa sabiá,
agora vivi cá,
ora voa pra lá,
coitada, deve esta cansada,
desde que o dia nasceu,
a pobre voa atordoada,
em busca de minhocas,
pra alimentar a filhotada,
como aguenta,
três bicos pra criar.
pobre do sabiá,
nem canta mais,
ta de pernas finas,
de tanto trabalhar,
voa pra cá e pra lá,
ah sabiá,
que o dia se vá,
e então possas descansar.

Deus

Deus, para aqueles que creêm,
neste momento de solidão,
dai o conforto, estenda-lhes a mão,
salva aqueles que leêm,

que são cegos pela razão,
pai do infinito, tu que têm,
o espírito de tudo, sauvai aqueles que veêm,
em ti luz e salvação,

Deus como se acostumar com um não,
como viver a azedar a alma, a quem deêm,
um pedaço de pão,

falta paz no coração,
ser abandonado, sem ter alguém,
morre, escorre a vida em sua mão.

O amor

Como é fácil amar na alegria,
Como é fácil de amar na folia,
como é fácil amar a quem tudo tem,
como é fácil de chamar alguém de meu bem,
de barriga cheia, sem nenhum problema.

Mas será isso o amor?
se no momento de dor,
de dificuldade, tu queres,
algo melhor, queres ti desacomodar.

Um anel não sela o amor,
o que sela são as vitórias,
vencer a dificuldade quotidiana,

Amar é como trabalhar no mar,
em dias de bonança ou calmaria,
dias de tempestade, dias de fome,
dias que parece que vai morrer,
mas antes renasce, como o sol
nascendo na manhã,
isso sim sela o amor.

Um amor incondicional,
que dribla as dificuldades,
que margeia a dor,
e renasce como a flor,
numa planta,
que acredita que um dia fruto será,
investe, sacrifica, todas as flores,
porque acredita no amor,

ah, as dificuldades selam o amor,
quem não entende isso,
desconhece o que é o amor,

pois amor não é só bonança,
é também temperança,
esperança,

um afago ao peito.

Conheci o amor,
no olhar da mãe,
que ama incondicionalmente,
até o leito de morte,
até que o trapo humano,
desencarne,
chora na sepultura,
a dor de quem partiu,

Descobri que amar a se mesmo,
é mais importante, pois
a dor que gera o amor,
muitas vezes transforma sua vida em dor,
solidão.

Entregue-se a paixão,
e tente encontrar o amor,
mas saiba que na maioria das vezes só encontrarás dor,
a vida perderá a cor,
se não souber te amar,

Amar no conforto é muito simples,
doa-se ao amor,
é morrer,
porque quem mais ama é quem mais sofre.
quem sabe na morte,
terás o sabor,
e possas dizer que de tudo tentou,
se não deu,
talvez o amor não exista,
seja algo abstrato,

não seja um fato.
Quem sabe?

quem sabe?

quem sabe?

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

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