A memória eterniza o tempo.
Acordei desejando, só se deseja o que se imagina ou se vive, comer aquela tapioca que mamãe fazia só com nata. O amor que ela colocava em não resistir e fazê-la com carinho. Aquela tapioca branca e amarelada com a gordura da nata. Aquele café quente com leite morno da vaca careta. Aquela voz terna, aquela casa amarela. Papai tirando mamãe de tempo nos fazendo rir e irritando-a.
O sol esquentando a areia quente a burra amarrada na Pinheira e tio Aldo bradando suas conversas bonitas. O fogão de lenha com o fogo dançando, as galinhas no terreiro passando. Nós assanhados, ouvindo atentos a conversa gostosa. Mastigando e salivando a tapioca deliciosa, com nata salgada, salgadinha, ouvindo tio Aldo contar histórias que não lembro mais. Um gole de café com leite nos despertando. Alma feliz e cheia de esperança de que tudo ia melhorar. Outro dia, era tio João, outro dia tio Itamar, outro dia no fusquinha tio Dedé e até Zé Vieira aparecia.
Assim foi! E não é mais. Tudo só acontece uma vez e por isso é raro e por isso é valioso. Cada um com sua história.
Ah uma tapioca com nata e café com leite da vaca careta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário