Às vezes, vejo com os ouvidos.
Eu vejo as aves em seu canto.
Ver as aves com o canto é magnífico,
É preciso!
Ver as aves por seu canto leva tempo...
Tem que aprender a escutar para se ver bem.
Só se escuta bem no silêncio.
Só se escuta bem na paz.
Só se escuta bem quando se busca ouvir o nada.
Contemplar...
No vazio da tarde.
Sabe as vezes a gente aprende a ver com os ouvidos.
Por acaso...
A percepção se dar por acaso.
Naquele cansaço faqueiro,
Um som perturba sua ouça.
Do nada você é perturbado.
E você ver.
E você reconhece um som que passava desapercebido.
Quando se está acostumado a ouvir cantos,
O diferente nos espanta.
Certa vez me espantou o canto de uma ave na madrugada...
Outra vez no fim de tarde.
A gente distingue por exemplo voo de magangá, voo de cavalo do cão, de barata de coqueiro.
A gente ver morcegos no escuro, feito morcego a se orientar.
A gente acaba se apegando a vida...
Porque a gente sabe que nela pode conhecer.
Ver com os ouvidos.
As vezes a gente ama nosso lugarzinho porque vemos de tudo.
A gente é assim...
Mas precisamos sempre de mais, para não morrer de cérebro acomodado.
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