Na sala nove, do DSE, aos dias 29 de outubro foi trocada a porta. Uma porta frágil de plástico por uma porta de jatobá.
Quanto tempo durará.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Na sala nove, do DSE, aos dias 29 de outubro foi trocada a porta. Uma porta frágil de plástico por uma porta de jatobá.
Quanto tempo durará.
Ontem, Sassá entrou em seu mundo fantástico. Ele descreveu um ser que dizia ser um tigre, mas parecia mais um dinossauro ou coisa do tipo. Descreveu as patas com três garras enormes. Os dentes feito iguais aos de tigre dente de sabre. Depois fomos desenhar. Lembrei de um conto maravilhoso de Borges "Tigres azuis". Depois de pensado foi e desenhamos tigres eu fiz um tigre verde. Depois fomos tomar banho.
A Siriri cantou animada são três da madrugada.
Aí lembrei de uma época que vivia com os meus pais.
Acordava cedo pra pegar água. Ia de jumento pela estrada. Devagar podia reparar a vida.
Via os cajueiros, os postes, as casas.
Nos cajueiros ou nos fios cantava a siriri. E eu querendo dormir como agora.
A madrugada silenciosa me faz companhia.
Ouço o ronco de um motor distante. Quem será?
Ouço o estalo da cerca elétrica...
O vento soprando nas plantas.
Ouço o canto dos grilos.
E confundo tudo com o barulho na minha mente.
Mamãe, papai e Vinícius.
A sombra da noite me afaga.
Mais nada.
Ontem, 29 de outubro de 2025, faleceu a esposa de nosso tio Raimundo das Neves Teixeira. Ela se chamava Tereza Fernandes de Lima. Das memórias que tenho de infância são tão poucas, quase nenhuma. Nosso tio foi embora para Natal. Foi estudar e quase nunca visitava a terra. Só algumas vezes quando vovó era vivo ele vinha sempre, lembro das últimas vezes que veio a Martins enquanto criança. Temos até umas fotos. Acho que foi em 1992. no ano seguinte Vovô morreu e se foi. Só restou um retrato de sua formatura na parede. Ficamos isolados. Esquecidos. Quem esquece é esquecido. Mas sempre havia aquela áurea de admiração. A gente sente quando conversa entre os primos. Tem também um que de decepção.
Tive a oportunidade de conviver com eles quando fui para a faculdade. Ia lá as vezes. E pude conviver um pouco. Mas a relação era um pouco assimétrica, e eu não entendia bem. As conversas com ela eram mutio poucas. Se não tem conversa não se gera empatia ou antipatia.
Ela passava seus dias a trabalhar. Trabalhou muito para dar as coisas ao único filho. Não sei. Minha mãe até se aproximava deles. Mas as relações eram complexas. Ele era o segundo irmão mais velho. O único mais instruído...
Não sei o que dizer...
Descanse em paz.
A mamãe de Sassá assinou um serviço de acesso as leituras da turma da Mônica.
Sassá está muito feliz. Eles leram tantas historinhas ontem que nem vi eles dormirem.
Só sei que acordei e estava a luz acesa e Sassá entre nós. Dormiam profundamente.
Acho interessante ver ele olhando a revista como se lesse mesmo, as letras e não as figuras.
Num sertão qualquer do nordeste,
Na beira de um riacho, mora uma oiticica.
Ali se encontra areia e sombra a qualquer hora.
O verde escuro e cheiro das folhas, das flores e dos frutos é sempre constante.
Seu grande tronco que cresceu com toda força, agora só enlanguesce.
Sustentando sua copa, suas folhas, flores e frutos.
Ali, quantas coisas aconteceram, das idas e vindas do roçado, da rua, do açudo,
Um pouso para refresca-se em sua sombra.
Os frutos colhidos para serem vendidos.
O cochilo tirado certo dia.
Quantos ai passaram, quantos não já se foram.
E ela continua ai, imponente, até que alguém não queira!
Até lá, cresce oiticica.
A primeira vez que vi uma pipa ainda era criança. Fiquei encantado. Aconteceu lá em Serrinha do Canto, lugar onde nasci. E não chamavam pipa lá não era raia. O dono era Chico de Amaro Lopes e de Cícera.
Ele tinha um pai artesão que sabia fazer tudo, ao menos tudo que nós crianças mais almejávamos. E uma das traquitanas era a raia. Naquele lugar maravilhoso onde não tinha lugar aberto, exceto a estrada. E foi lá que vi Chico Amaro, correndo fazer uma coisa com um rabo, segurado por uma linha voar. As coisas, além das aves e morcegos podiam voar. Sim, lá nós já conhecíamos aviões, ou melhor o avião do americano pastor Pedro que vez por outra sobrevoava o município de Martins. Então, para ter uma pipa era preciso papel, palito de coqueiro, linha e sacola. No entanto, nunca consegui fazer uma pipa voar. Aprendi o que era uma raia, conheci esse objeto ainda pequeno. E isso parece banal, mas para a época não era. Não tínhamos televisão ainda. É de achar que é mentira, todavia é verdade.
Ontem, Sassá foi ao mercado. Selecionou um bolo, morangos e um rabo do bolo. Perguntou se podia comprar um rabo de um bolo. Na verdade ele queria a calda para colocar no bolo. Então nos compramos. Fomos para casa. Arrumamos as compras, jantamos e ele ficou no pé da mãe pedindo pela calda do bolo. Dizemos que Sassá é o provador, desde pequeno quando chega do mercado, chega com uma fome de leão. Quer comer de tudo. É assim mesmo. A gente é feliz por tudo, pelos alimentos, pelo momento pelas nossas rizadas, pela nossa vida em família.
Em nenhum lugar vou encontrar o que encontro em minha casa paterna. Em nenhum lugar vou encontrar o que encontro em minha terra natal. Bem ...