Ontem foi noite de São João,
E a noite foi de frio e chuva,
Acendemos a fogueira
E a madeira queimou todinha,
Toda lenha virou cinza,
Veio pra cá Genildo de tio Dico
E a família,
Vinícius queimou bombinhas
E foi maravilhoso.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Ontem foi noite de São João,
E a noite foi de frio e chuva,
Acendemos a fogueira
E a madeira queimou todinha,
Toda lenha virou cinza,
Veio pra cá Genildo de tio Dico
E a família,
Vinícius queimou bombinhas
E foi maravilhoso.
Nós Begue, Eu Rubens, Dayane e Vinicius
É tarde,
Choveu de madrugada,
De manhã neblinou,
Fizemos a fogueira sob nuvens, frio e chuvisco.
Fomos quebrar milho,
Depois de tomar o café,
Arrancamos macaxeira na roça,
Em casa descascamos,
Rocei as palmas,
Catei pinhas,
Comemos goiabas,
Depois sentamos para comer macaxeira,
Conversando,
Dividindo nosso tempo,
Almoçamos galinha caipira,
Aqui estou pensando na eternidade.
As casacas de couro cantam ali,
Com sua pena cor de jibão.
Ah, nesse momento papai vive
No canto eterno,
Na memória eterna.
Nesse dia ele e eu preparavamos uma fogueira,
Tinha bolo.
Sob o céu nublado cantam os piriquitos e pacuns,
Os vemvem cantam nas Pinheiras,
Eterno momento...
Agora.
Acordei de madrugada,
Que coisa bela pude ver,
A luz da lua cheia inundava o céu,
Vi quatro pontos no escuro da sala,
Mas apenas três eram reais,
Um era um reflexo no espelho.
Minha alma se encheu de felicidade.
Depois amanheceu e o céu ficou azul.
Por acaso, hoje, brincando com Vinícius ele com a sanfona e eu com o vialejo ou gaita.
Recordei de uma passagem de minha vida, quando ainda morava em Serrinha, era adolescente.
Na casa de tia Nina ou vovó, João de Lorival, meu primo havia presenteado um parente com um vialejo.
E contente o rapaz tocava alegrando o lugar. Senti dor daquele moço por não enxergar.
Nunca parei para pensar o mundo sem perceber a luz, as cores as formas. Nem consigo fazer isto,
já que tenho mais de metade de minha consciência associada a imagens.
Entretanto tenho inúmeras memórias associadas aos outros sentidos.
Outro dia, estava pensando em pessoas que conheci com deficiências, mas que superaram.
Se acostumaram ou não tinha uma consciência para além.
Aquele moço que vivia sem conhecer a luz.
Sentia o mundo só pelo som, pelo tato, pelo cheiro e pelo gosto.
Sua mente deveras desenvolvera uma consciência, distinta de quem é provido de todos os sentidos.
Ele tocava o vialejo com alegria, animado com a gaitada de João e de suas palavras agradáveis.
As palavras nos tocam, quando as conhecemos, quando tem um sentido...
Nas palavras ouvidas havia agrado.
Na maior parte do tempo, na sua vida, aquele jovem só escutava o silêncio.
Talvez o som dos pássaros, do fogo, da panela cozinhando,
O cheiro do café,
Da comida.
Quem sabe...
Quem eu sou?
Não sei ainda, mas nessa busca, aprendi algumas coisas.
Pelo menos já sei quem eu não sou.
A busca tem que ser paciente e despretensiosa,
Como quem não quer nada.
Tem que aproveitar o máximo possível de tudo.
Muitas emoções tentarão te dominar,
Alguns sentimentos tomarão conta de ti.
Seu ego falará mais alto nestes momentos.
Não vai ser fácil se desapegar do seu ego,
Não vai ser fácil se desapegar...
Não vai ser fácil entender que não tens nada, não és nada.
É respiração, pensamento, apego e desejo,
Que com o tempo vai se enfraquecendo,
Algumas vezes terão aqueles que te mostrarão um caminho,
Não será fácil.
Estes tiveram uma consciência expandida...
É uma longa jornada, se tiveres sorte.
É uma jornada.
O caminho é a totalidade de todas as coisas, dizia Lao.
Temos muito a apreender
Com a intuição e com a razão...
Entender que tudo é ilusão.
Desta terra, deste meu torrão,
Com braço forte e minha mão,
Do suor do meu trabalho
E da graça de Deus ao nos abençoar com a chuva,
Vou me renovando e ano a ano,
Envelhecendo,
Minha existência vou deixando.
Daqui nada tenho,
Cheguei sem nada
Sem nada partirei...
Vim aqui me fiz.
Tá quase na hora de partir.
Consciência!
Pensamento de pensamento,
Razão.
Representação.
Signo e significado.
Objeto e sujeito.
A informação que nasce na imaginação e permanece viva no outro.
Algo como a imortalidade.
Hegel fala de três figuras da consciência,
Sendo estas certeza sensível, percepção e entendimento.
A certeza sensível aponta como fonte de saber o objeto, ou "em si"
A percepção aponta a como fonte de saber o sujeito,
Ambas provém do universal condicionado aos sentidos,
Enquanto o entendimento, provém do universal incondicionado, do suprasensível...
A consciência que existe de maneira natural vai cada vez mais se ampliando,
Para bem ou para mau...
Sabe lá.
É algo por ai.
Um dia tomei consciência e algo acendeu em mim...
Consciência é sempre retardada...
Consciência é a apreensão de um sentido.
É preciso ter cuidado para não cair no infinito que é a totalidade.
Entre tantos jardins do mundo onde florescem plantas,
No nosso jardim nossa planta floresceu,
Entre tantas plantas belas encontradas nos jardins,
No nosso jardim tem cactáceas,
E uma espécie de cactácea,
Floresceu ontem,
Floresceu quatro lindas flores,
Foram flores grandes, alvas e perfumadas.
No almoço, percebemos que os botões estavam enormes e lindos,
E esperamos sua antese que é noturna,
A noite, cerca de oito horas,
As quatro em sincronia foram desabrochando lindamente,
A mamãe do Vinicius que viu e nos chamou.
Quatro flores,
Os quatro firmamentos,
Quatro cantos do mundo,
Quatro pontos cardeais,
Foi algo realmente sublime, para nós,
Flores florescem todos os dias e noites,
Mas eram exatamente quatro flores,
Com uma corola radiada enorme,
Com estames numerosos,
Com um estigma estrelado...
Ainda essa semana o sapatinho de anjo floriu,
Mas não tinha a mesma graça,
Sabe lá.
Talvez para o tesourinha algo maior foi o desabrochar do sapatinho,
Pois veio visitá-lo e tomar o mijo da flor...
Isso me fez lembrar quando nascia um bebe em nossa comunidade,
A gente ia visitar e tinha o mijo do menino.
Que eram licós preparados para as visitas.
Eu amava... era muito gostoso.
Essa mesma planta floresceu,
Na véspera que estávamos para descobrir
Que Vinícius ia chegar.
A mamãe já estava com ele na barriga.
Gerando...
Após três anos...
Vinicius feliz querendo uma flor.
Foi aguar as plantas.
Sei que o que busco não encontrarei.
O que busco é satisfação,
O que busco é prazer,
O que busco é felicidade.
O que busco está no devir,
Não está no deveio.
A consciência está sempre aquém do agora,
Por vezes do aqui.
A consciência está aonde?
Nunca estarei pleno.
São dois os sistemas de conhecimento um intuitivo e imediato,
Outro racional e mediato...
Onde alinharei os dois?
Se para ser, sou apenas memória,
Estou sempre no passado...
Estou sempre absorvido em algo...
Plenitude o que é a plenitude?
Espaço e tempo... causalidade...
Sucessão e extensão...
É tarde, pós-meio dia.
Um bem-ti-vi vocaliza seu som vazio.
Eterno momento.
Onde sou, estou...
A tarde cai,
Junho acontece,
Colorido de bandeiras,
Alegre de sanfona, zabumba e triangulo...
Sete cores,
Sete notas musicais...
Consciência dupla...
Tripla...
Consciência que nasce do milho,
No cheiro da canjica e da canela,
No doce açúcar da canjica...
No milho cozido a sal,
Na pamonha com queijo.
Na palha verde cozida de amarelo.
Meu Deus.
Tudo numa coisa só.
Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...