segunda-feira, 17 de julho de 2023

Erosão facial

 Há dias venho me encarando no espelho.

Os quarenta, a partida de meus pais,

A chegada de meu filho.

Tantas sensações,

Tantos sentimentos,

Quanta dor e quanta alegria.

Sabe tenho percebido nessas encaradas,

O quanto tenho envelhecido.

Minha face erodida, mais ossuda,

Mais pelancuda.

Vejo! Que algumas marcas não tem como mudar.

A gente só pode aceitar.

Aceitei a calvície,

Aceitei as pálpebras caídas...

Aceitei a dor da partida de meus pais,

Aceitei a chegada de meu filho.

Aceitei...

Mas a vida é dura. Pense.

Dias a gente acorda e pensa. 

Vou conseguir.

Aceitei a cristo e sua filosofia univérsica do amor,

No meu cotidiano.

Olho-me no espelho.

Encaro-me.

Fecho os olhos.

Respiro e inspiro.

Parece que vivi séculos.

Tudo isso só faz sentido se me aceitar como sou.

Um humano, um mortal que envelhece e que morre, 

Mas antes que aprende com a experiência

E que aprende com a reflexão,

E que aprende com o amor.

Minha face erodida,

Meu corpo secando.

Então me encaro ao espelho.

E penso, apesar de tudo.

A vida vale a pena ser vivida.

terça-feira, 11 de julho de 2023

Enxombrada

 Manhã de sol e céu azul,

Ainda dá para sentir o frio da noite.

A mata calma.

Os pássaros cantando,

Patativas, roxinois e roulinhas.

Tirites, sanhaçus...

Os papagaios voam aos montes.

Que delícia.

Opa! um sabiá.

Encher os pulmões de ar e o odor da natureza,

Da mata enxombrada.

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Sentimento pluvioso

 Chove!

Chove intermitentemente,

Desde a madrugada de hoje,

Sexta-feira,

Sete de julho de dois mil e vinte e três.

Acordei por volta das quatro horas da manhã e e chovia,

Agora oito horas e continua chovendo.

E chovendo forte.

Trouxe até uma vela, 

Porque preciso da luz do sol.

A vela tem o pavio de algodão e a cera de carnaúba.

Gordura e fibra vegetal que alimentam o fogo.

A chuva chovendo é tão harmônico.

Desde ontem chove.

Ouvir a chuva me faz sentir bem.

Tenho bons sentimentos pela chuva.

Sou de nascença de um lugar que a chuva é restrita a meses, 

Onde pode chover muito ou pouco.

Bem,

Como chuva é água e água é vida.

Ali a chuva era sempre bem vinda

A qualquer horário.

A gente se reunia na cozinha para ver e ouvir a chuva.

Tudo era muito natural.

A gente não tinha nenhuma tecnologia 

Além do fogo e do amor.

A lenha queimando silenciosa,

Alumiando a cozinha e cozendo o xerém.

Papai e mamãe com suas memórias sendo expressas em palavras.

A gente feliz e ao mesmo tempo receosos com o trovão e os relâmpagos.

A chuva as vezes extravasava a valeta na frente,

Papai ia concertar, senão ia acabar o terreiro de mamãe.

A chuva passava e a gente feliz,

Comia xerém com leite, ou xerém com toucinho.

É as vezes me perco quando pretendo escrever algo, mas não queria perder o fio do pensamento.

Como sou feliz.

quinta-feira, 6 de julho de 2023

Gratidão

 Antes de trabalhar porque não agradecer!

Obrigado por tudo,

Pela vida,

Pelo ser,

Pela mente,

Pela consciência,

Pelo mundo.

quarta-feira, 5 de julho de 2023

Movimentos

 Tenho feito um esforço imenso.

Mas atoa.

Entender a vida é isso.

Um nada.

Movimentos peristálticos.

Movimentos.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Banho

 Sai o sol,

Some o sol.

Vento frio no lombo,

No lombo de Pessoense

Acostumado ao calor,

Ao céu azul.

Os passarinhos não reclamam.

Também vive emplumados

E não precisam tomar banho.


segunda-feira, 3 de julho de 2023

Julho

 Frio,

Sombras da noite,

Aurora.

A corruíra canta.

Aos poucos a manhã chega,

Enchendo o mundo de luz e cores.

Os pássaros que cantam agora,

Sendo os grilos silenciados pela luz.

Terminaram seu turno.

Assim como os morcegos.

Vamos começar o nosso.

Que julho seja pleno.

Falar

 Minha casa meu eterno lar. Aqui aprendi a andar, a falar, a brincar.

Aqui onde passei metade da minha vida com a mamãe e o papai.

Sob esse teto, entre essas paredes. 

Ouvi a chuva chovendo e me enchendo de alegria.

Ouvi sanhaços, periquito e papacebo cantar.

Através dessas janelas contemplei tanta coisa.

Na nossa cozinha que nós alimentarmos tantas vezes e rimos e brincamos.

Aqui vivemos,

Aqui escolhermos o lugar para viver.

Agora é tão silenciosa e vazia.

Coisas de Deus... Coisas da vida. Onde tudo isso se passou bem.

19.06.23 S.Pintos

Designios

 Algo etéreo aqui 

A luz se dissolvendo nas sombras.

O silêncio das aves.

O canto dos grilos.

A natureza estática como 

Um espelho.

A palma imersa na rama.

As folhas do coqueiro cristalina.

O céu nublado,

O vento frio chegando

E impressionando.

Algo espiritual querendo falar através de mim.

O ocaso.

Intuição.

Algo eterno em mim querendo se expressar.

Pingos de chuva.

Aquela presença viva de mamãe.

Aquela presença viva de mamãe.

O que é a realidade.

O que é o abstrato.

A ausência está aí.

Na ausência.

A realidade de tudo é o agora. 

A realidade de tudo é o agora.

A realidade de tudo é o aqui.

Só agora.

Nestas palavras,

Nestes signos.

Tudo é eterno dentro de uma memória.

Tudo veio a ser e deixou de ser.

Aqui e agora.

O cheiro da chuva de junho.

22.06.2023 S.Pintos

Casa materna

 É madrugada,

Estamos em Serrinha

Na casa de mamãe e de papai. 

São 4:20h.

Faz frio, estou tão pleno

Sob o meu cobertor.

No quarto onde dormia na infância, o do meio.

Mamãe dormia no da esquerda e Rosângela e Begue no da direita.

O meu era dividido com Li.

Tudo é silêncio e sombras da madrugada.

Os grilos cantam.

Sinto vontade de registrar.

Assim concluo.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh