quarta-feira, 7 de junho de 2023

Presença

 Veio a minha mente uma imagem.

Uma memória gostosa.

Eu vi uma parede caiada de branco.

Uma parede do oitão.

A luz era branda.

Ali, havia alguns pés de capim seda.

Coisas do mundo que apregoa a nossa mente.

O lugar com certeza é Serrinha.

O ano desconhecido, acho que nem existe.

O que sei que existiu foi a minha relação com o meio.

O que ficou foi a vida,

Ou melhor a descoberta da vida,

Ou melhor que a vida não é uma matéria com faces e formas.

Tive a curiosidade de Alice e ir ali.

Só que vi o desconhecido e o conhecido.

O passado do passado,

Mas estava no presente.

Aqui estou...

Fora deste lugar, mas neste lugar.

Assim se descobre a presença espiritual de Deus.


terça-feira, 6 de junho de 2023

Árvore santa

 Aquela tarde estava ardendo de calor,

Oh, tarde quente meu senhor,

Então vi um juazeiro,

Para sua sombra fui primeiro,

Parece que o mundo mudou,

Senti o vento frio,

Foi aquela harmonia,

Meu corpo sentiu alegria...

O sol tremendo na caatinga,

Enquanto me refrigerava 

Na sombra do joazeiro.

O pensar

 Tenho pensado no micro e no macro,

Tenho pensado no pensar,

Tenho pensado no refletir,

Tenho pensado no fracionar,

Tenho pensado nas sensações, percepções, representações.

Tenho ouvido muitos seres desencarnados,

Tenho lido.

Sabe esse fluxo continua,

Esse fluxo do saber,

Do conhecer...

E a semente de tudo está no pensar.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Agradável

 Ontem, domingo, fomos a praia.

A maré estava baixa, de forma que pudemos aproveitar melhor o mar e a praia.

Catamos conchinhas e rochinhas.

Fizemos uma piscina gostosa.

O sol não estava o tempo todo a vista,

O estado meio nublado fez a gente

Até se esquecer da manhã.

Tomamos um belo banho de chuveiro 

Com sabor de ferro no chuveiro 

Do tubarão bar.

Assim, foi uma manhã feliz.

05.06.2023

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Como nossas mães

 Hoje, 31 de maio, mês das mães que se encerra, fecha assim bonito.

Dia ensolarado,

Céu azul.

A mata viçosa com a água da chuva que choveu essa semana.

Quarta-feira é um dia bom.

E assim se encerra o mês de maio.

Tão harmonioso.

Tão belo como nossas mães.

Como nossas mães.

Vervilha em mim

 Ontem um casal de tetel cantou no ar do campus.

Rapidamente me arremeti a Serrinha do Canto,

Literalmente meu canto.

Memórias vivas em mim.

Papai, mamãe,

Dogue, o burro

E o nosso sítio.

terça-feira, 30 de maio de 2023

Trabalhar

 Hoje o dia está azul,

Nem parece que choveu,

O sol está a pino,

A manhã bem arejada,

Nem parece,

Mas ontem tanto choveu,

O dia todo a respingar,

Agora...

Aqui me movimentando,

Matutando na vida.

É hora de parar e trabalhar.

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Chovida

 A chuva chegou hoje,

Numa deliciosa manhã de segunda-feira,

Perceber a chuva chovendo,

Ouvi-la cantando com as árvores,

Sentir seu aroma,

Seu frio.

Até acendi uma vela para São Pedro.

Que está chegando.

Essa semana,

Maio se entrega a Junho.

Fernanda minha aroeira está chovida.

sexta-feira, 26 de maio de 2023

O momento

 Hoje, de madrugada, percebi que as aves andam silenciosas.

Um galo cantou,

Não mais de um.

De resto era escuro.

A aurora veio devagar,

O céu peneirado de estrelas me fez parar por um instante e contemplar uma estrela no nascente.

Olhar o céu é ver o passado.

Literalmente olhar para o passado.

Lembranças.

Lembranças.

Voltei, deitei na rede e fui orar.


quinta-feira, 25 de maio de 2023

Por Silvando Teixeira

"Rubens Teixeira - Quando cruzei com Rubens pela primeira vez, tive uma impressão algo singela sua: seu jeitão matuto, monossilábico, desconfiado causou-me compaixão: tive a visão lírico-fantasmagórica de que ele iria atear fogo numa coivara imaginária bem ali mesmo na minha frente e invocar os deuses todos da Caatinga, enquanto rodopiava nas labaredas, tão certo quanto os homens mais primitivos de nossa ancestralidade. Digo isso em tom jocoso, sem nenhum menosprezo por esse rapaz cujo sobrenome tem meu parentesco. Somos Teixeira, e talvez ele nem tenha se dado conta disso até hoje. O fato é que Rubens e eu tornamo-nos amigos. Nunca compartilhamos a mesma cela da República Universitária, mas quase amiúde cruzávamos pelos caminhos do Campus, frequentemente almoçávamos ou jantávamos juntos no restaurante universitário, de quando em vez tomávamos café na cozinha da Residência e púnhamos as fofocas em dia (entre parênteses, Rubens sempre gostou de amenidades do tipo coluna social), e, uma vez ou outra, fazíamos a trilha do Parque das Dunas. Ele muito mais interessado em colher garranchos e gravetos pras suas pesquisas científicas, eu apenas pela magia literária da mata e dos amigos. Mas nunca se nos deparamos com nenhum Saci Pererê ou Caipora, pra decepção minha.




Alguns anos se passaram, ele segue carreira acadêmica em São Paulo, mas foge do estereótipo dos que dizem que o homem é o meio. Digo melhor: Rubens continua com aquele sabor de mel de engenho, aquele terno escoamento de caboclo do interior, com o mesmo vulgar palavreado açucarado pela garapa do meio-dia, a mesma musicalidade de ponche de laranja adoçado pelo sacolejo da avó, e os mesmos trejeitos saltimbancos e maltrapilhos do sertanejo. É claro que ganhou um verniz na superfície que é mais fruto da academia e dos livros soltos que vem lendo do que mesmo do que chamam de civilização cosmopolita. O fato de viver debaixo de arranha-céus e sob cortinas de fumaça não o tornou nem um pouco provinciano. Digo provinciano, sim, porquanto provincianos são os outros: os que vão pro Sul do país e chegam bufando sotaques e maneirismos de fancaria. Vem-me à lembrança em slow motion aquele sujeito que me escreveu certa feita dizendo-se envergonhado do seu sotaque na Corte. O jeca se sentia discriminado. O homem é a mensagem.




Dia desses, num desses acasos geniais que só servem pra nos arrebatar do torpor mecânico da nossa vidinha glacial, autômata e suburbana, vou eu atravessando na bicicleta a ponte-tomara-que-caia da minha cidade, sete horas da manhã, pro trabalho, com quem me deparo?! Não quis acreditar, num átimo disse-me que aquele era uma cópia perfeita dum outro Rubens, por erro de cálculo divino de fabricação em série, um plural como o próprio antropônimo, quando ele veio, pra decepção de minha quase crença em Deus, veio em minha direção de braços abertos. Era Rubens, em frente e verso e prosa. Acho que trazia uma mala, ou um alforje, ou algo parecido, já posso imaginar – cheia de poções mágicas, tubos de ensaios, barbitúricos, pepitas, palhetas etc. etc. Duas décadas atrás, e ali dentro estariam algumas pedrinhas e uma baladeira para caçar rolinhas. Rubens está cada vez mais bruxo de laboratório. Em suas viagens, pesquisa plantas, ervas, alucinógenos, arbustos, subarbustos, leguminosas, raízes, folhas secas, chás, espinhos, carrapichos, o escambau. Uma arte pra feiticeiros. Acho que ainda vai fazer chover. Suas andanças lembram Charles Darwin. Há toda uma religiosidade em suas relações científicas com as plantas e a natureza de modo geral.




E talvez ele já tenha feito a grande descoberta: a de que sabe mais da natureza, de sua fauna e flora, do que de si mesmo. Afinal estamos condenados eternamente a sermos estranhos de nós mesmos, almocreves dos nossos rastros e caixeiros viajantes da própria réstia. Estrangeiros ou apátridas em seu próprio país. Só sabemos de nós o que os outros nos dizem aos bocados, das migalhas vãs que caem aos côvados de má-fama, quando nem os outros se compreendem a si, quando somente fazem nos confundir ainda mais. E é nessa enganação de nós mesmos que somos mais atores atabalhoados do que espectadores perspicazes de nossa própria imcompreensão. Eternos solitários imcompreendidos. Como no cenário do poeta, onde tudo é sozinho: o mar é só, a montanha é só, o poente é só, ainda mais sós é a lua e a estrada longínqua que caminha léguas infindas de seu próprio caminhar; e mesmo nós na companhia íntima de alguém sempre estaremos sozinhos, na solidão trêmula de um mais estranho que nós.




O fato é que matamos a saudade até alta noite, eu, ele e a companhia plástica e agradável de outro amigo de faculdade, Aníbal. O papo foi bom, ameno, corriqueiro, frouxo. A noite fria do Sertão aconchegava os nossos sons e risos. Curtos silêncios, quase despercebidos pela graça infantil da criança de Aníbal e as notícias que vinham sorrateiras e entrecortadas da tevê próxima. Quando olhares se cruzavam, talvez lá no fundo o medo de que seguíamos já não tão moços assim. Alegres e joviais, até quando? O certo é que éramos cúmplices das nossas próprias incertezas. Solitários os três ali, na multidão de vários ou de um só – sempre estranhos.




S de A.




Caicó, 13 de junho de 2009"

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh