A noite caiu chuvosa.
Escureceu e nem percebi.
Só percebi o riso de Vinícius,
O cheirinho bom de bebezinho.
Só cuidei dele.
Assim se passam os dias.
Com cuidado.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
A noite caiu chuvosa.
Escureceu e nem percebi.
Só percebi o riso de Vinícius,
O cheirinho bom de bebezinho.
Só cuidei dele.
Assim se passam os dias.
Com cuidado.
Olho pela janela o céu nublado. Faz calor.
Minha mente gira feito uma roleta russa.
São muitos os pensamentos e a concentração é mínima.
A roleta gira, gira e gira e não para.
Quando para o tempo exauriu.
Tudo está um caos em desordem.
O mal estar piora.
Calor,
Sono...
Por onde começar.
É muito mais fácil colocar o mundo externo em ordem.
Retratos,
Imagens,
Paisagens...
A brisa refrescou.
Para roleta.
A madrugada é silenciosa e fria,
Só se acorda numa urgência.
Vinícius acorda faminto,
Não fala, mas gira e faz um gemido.
Eu acordo e pego ele e acordo a mãe
Deu ele para ela amamentar.
Penso em papai.
Um cachorro late afobado não muito longe.
Chove suavemente.
Lembro da chuva em minha casa.
Os pingos na bica.
Quanto tempo já não faz que não contemplo este fenômeno.
Sinto repentinamente saudades de casa.
Esta prisão do vírus.
Chove lá fora.
Vou trocar Vinícius
Que a manhã está chegando.
Sexta-feira dia bom. Ótimo sem pandemia. Saudades dos encontros com os colegas, de ir para o trabalho. E voltar no fim da tarde. Todavia a mais de um ano estamos nesta. Sem almoçar com os amigos. Só casa e super mercado. Uma rotina longa. Não conseguimos distinguir os dias. Só sentimos cansaço.
Estou desaprendendo a ouvir os pássaros,
Estou aprendendo a amar um pequeno ser.
Estou desaprendendo a caminhar de madrugada,
Estou aprendendo a observar um pequeno ser,
Estou desaprendendo tanta coisa,
Estou aprendendo tanta coisa,
É uma revolução,
Sinto gratificante trocar uma fralda,
Pegar o termo bebê,
Quando vejo que sorrir,
Meu ser explode de alegria,
Sorriso banguelo
O mais perfeito,
Ingênuo,
Doce,
E puro.
Não desaprenderei de ouvir os pássaros,
Ensinarei como se ouve a natureza e a vida.
O vazio ao meu redor,
Uma infância silenciosa,
O mundo objetivo ai,
Mudo.
Meu mundo subjetivo.
Mudo.
Tudo estava ai dado.
Rochas, solos, plantas, flores, frutos.
Agricultura, pecuária, cozinhar e trabalhar.
A linguagem muda.
O que ouvia?
Não havia literatura, arte, ciência.
Era a vida crua,
A vida crua requer muito das pessoas,
Os estímulos o que nos envolve pode ser qualquer coisa,
Sortudo fui tive amor.
O lugar nu se mostrava,
Mas não tinha olhos para ver,
O lugar cozido se oferecia a uma refeição, mas a boca não era usada.
O início era o princípio mesmo,
Sabe um caderno, um lápis e uma borracha num saquinho de macarrão.
Todos éramos assim,
Isso...
Este reflexo da falta de recurso.
Este era o nosso retrato,
Essa era minha comunidade,
Minha realidade,
A vida crua,
A vida nua,
Mas a natureza diretamente nos ajudava,
E o trabalho nos fortificava,
Triste quem nem a natureza pode recorrer,
Triste quem vive a fome,
São as realidades deste mundo,
Com pessoas injustas,
Triste forma de ser,
Uns com mais outros com menos,
Sempre querendo,
Não foi fácil,
Porque ficamos com muitas marcas,
O importante é que deu certo,
Vem dando certo.
Em meio a tantas coisas onde nós encontramos?
Cansados, tristes, desiludidos?
Não é de fácil ordenar as ideias.
Aí olho meu bebezinho, lindo, perfeito.
E tudo muda.
Sabe por que?
Porque ele me faz crer na vida.
Sua inocência não tem nada a haver com meus sentimentos.
Só quer um pouco de meu amor,
Minha atenção
De mim.
Então sou impelido a lutar
E vencer por amor.
Por amor só um pouco mais.
Jurubeba espinhenta,
Folhas grandes e macias,
Parecem coro curtido,
De verde petróleo pintado,
Ramos cinzentos e armados
De agudos acúleos
Flores estreladas, lilases,
Com anteras poricidas amarelas,
Vai formar um tomatinho,
Escuro e muito amargo,
Jurubeba jurubeba
Quem te ama é a carouxa.
Desconhecer muitas vezes oculta a beleza das coisas. Lá na Grugeia onde papai nasceu grandes granitos deitados nas terras descansam pela eternidade. Para eles nada mais que pedras. A objetividade não se revela a toa as pessoas. Os lindos cristais de quartzo, ortoclazio e mica. Na terra de solo alvo onde nasce unha de gato aos montes. Espinheiros... Floresta decidual. Classificada a vegetação e o solo e as rochas. Em que isto impacta na vida das pessoas? Acho que em nada só nos permite contemplar melhor o mundo. As coisas podem ficarem belas quando as compreendemos. A quebrada, a falta de perspectiva endurece um coração termo.
Eu sempre amei frutas. Caju, goiaba, pinha, araçá, seriguela, pitomba, pitanga, umbu, cajarana, cajá, coco, coco catolé. Essas tínhamos em ...