Tambor tamboril,
Árvore imensa de copa aberta,
Tronco e ramos alvo a cinzento
Folhas folhinhas agudas
Fruto seco auriculado,
Cresce nas serras
No verão endurecido fica,
E se veste e floresce em outro.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
Tambor tamboril,
Árvore imensa de copa aberta,
Tronco e ramos alvo a cinzento
Folhas folhinhas agudas
Fruto seco auriculado,
Cresce nas serras
No verão endurecido fica,
E se veste e floresce em outro.
A planta é tão bela,
De caule linheiro,
De agradável cheiro,
Folhas sanfonadas,
Sendo as hastes armadas
Com cera nas fechadas
Bela árvore da vida.
Oferta suas folhas
Para serem vassouras,
Suas hastes para giral,
O caule serem linhas,
As raízes tira sal.
É sinônimo de lugar,
Carnaúba, carnaubais,
Carnaúba dos Dantas,
Cresce perto do rio
Sempre verde linda está
Perfeita e maravilhosa carnaúba.
Lá agora chove,
Aqui dentro está tão bom.
Cama e cobertor macio,
Meia luz,
O barulho da chuva chovendo,
O sono...
Hoje, cedo da manhã. Estava aqui sentado matutando. Ouvi bem longe um rouxinol cantando.
Achei aquele canto tão lindo. Até senti quão maravilhosa é a vida. Eu aqui parado e ele lá talvez perto das
três ruas cantando, de certo saltitando e voando. Na minha infância só ouvíamos e víamos rouxinol cantando na época das chuvas.
Quase sempre ela fazia ninho na soleira da porta. A gente não gostava porque geralmente dava cafifa.
Aquela avezinha marrom se reproduzindo. Depois cuidando dos filhotes. Depois ia embora, sumia no mundo e só voltava no ano seguinte. Ela sempre voltava.
Chegava em janeiro e partia em julho. Talvez fosse esse o tempo que ficava com a gente.
Ela chegava com as chuvas e com as moscas. Visto que quando chovia apareciam as moscas.
Apareciam as tanajuras e os sapos.
Ou seja... um pensamento nunca é isolado.
O tempo,
Os relógios,
Os calendários...
Escalas temporais...
Memórias.
Espaço,
Aqui,
Lugar,
Brasil,
Escalas espaciais,
Estará tudo determinado,
Estará tudo dado?
Moiras tecem um destino?
A pandemia.
2020... China, ... Brasil.
Amanheceu e nem vi,
Vi que era madrugada,
Mas achei que era sonho,
Abro a janela que dá para as três Ruas,
Relaxo ao sentir a brisa fria,
Brisa fria da manhã.
Folheio um livro do Neruda,
Leio um poema.
O mundo parece perfeito.
Sanhaçus piando e cantando nas árvores lá das três Ruas,
Olho a pintura de casa na parede,
Vejo papai sentado acariciando a cabeça de tuninha.
Penso no caos que está o Brasil,
Penso sobre de quem é a culpa...
O chiado do computador me puxa para a realidade do quarto e da vida.
A brisa volta a soprar pela janela,
Acompanhada de gritos de jandaia,
Olho no espelho,
Ouço Vinícius bocejar.
É os anos são um declínio para nosso corpo,
A vida passa num filme,
E ouço na mente a sexta sinfonia de Beethoven.
Calmamente...
Volto deste momento feliz.
Que linda de encontrar
Com sua copa florida,
Sem folhas está despida,
Encarnadas de flores vestida
Com beija-flores visitando,
No córrego fez morada
Seu tronco é grosso e armado
Sua folha de feijão é semelhante,
Seu fruto é uma vagem
Com sementes reniformes
Com testa dura e avermelhada
Esse é o mulungu.
Houve um tempo
Em que tudo era novo,
Em que tudo era descoberta,
Houve um tempo
Que acreditava no amanhã,
Que existia um amanhã
Aquele tempo
Eram os anos da infância,
Eram anos fabulosos,
Que a felicidade explodia
Com confeitos
Com brinquedos
Aquele tempo
Não tínhamos nada
Porque de nada precisávamos,
Éramos autossuficiente,
Tínhamos frutas,
Tínhamos leite,
Havia dias plenos
Festas juninas,
Dia das crianças,
Semana de páscoa,
Noite de natal,
Eram dias plenos,
Serrinha do Canto
Era o centro do mundo,
Minha casa o centro da galáxia,
Minha cama o centro do universo,
Meus pais e irmãos meu norte
E eu era tudo.
Ai o tempo passou,
Ai aprendi sobre tudo,
E tudo se descortinou,
E tudo ficou insuficiente,
E perdi o eixo de tudo,
Aqui estou...
Sendo pai
Sendo o eixo principal de meu filho,
Que tem João pessoa como galáxia,
A mãe e eu como universo,
O berço e o carrinho como universo,
E ele é tudo.
A noite caiu nas três Ruas.
O escuro e o silêncio me impressionam.
Ouço o canto dos grilos,
Ou será um eco em minha cabeça?
Penso ou sinto em minha mente que estou em Serrinha do Canto.
Penso qualquer coisa.
Quando se está cansado os pensamentos são desorientados.
Mistura saudades com realidade
E o que tem é a insônia...
Mais sensação de cansaço.
Acho que é possível superar tudo isso.
Com o sorriso desdentado de Vinícius,
Meu bebê.
É isso.
A madrugada silnciosa
É inundada pelo canto do siriri
Que vai ondulando seu canto
Siriririririri
E entra em cena a corroira
Cantando seu canto marrom
Daqueles saltitando na faxina,
No chiqueiro, na casa velha.
Canto tão lindo.
Até valoriza a madrugada de domingo,
Até valoriza a rua, que dá nas três Ruas.
A gente fica pensando essas coisas
Ouvindo o mundo de fora e de dentro da gente.
Mundo real e mundo subjetivo.
São apenas divagações,
De quem perdeu o sono
E ama ouvir o mundo
Na esperança de se prender ao mesmo.
Canta siriri.
Canta corroira.
Eu sempre amei frutas. Caju, goiaba, pinha, araçá, seriguela, pitomba, pitanga, umbu, cajarana, cajá, coco, coco catolé. Essas tínhamos em ...