quarta-feira, 24 de março de 2021

49. Pensamentos geométricos

 Hoje, cedo da manhã. Estava aqui sentado matutando. Ouvi bem longe um rouxinol cantando.

Achei aquele canto tão lindo. Até senti quão maravilhosa é a vida. Eu aqui parado e ele lá talvez perto das

 três ruas cantando, de certo saltitando e voando. Na minha infância só ouvíamos e víamos rouxinol cantando na época das chuvas.

Quase sempre ela fazia ninho na soleira da porta. A gente não gostava porque geralmente dava cafifa.

Aquela avezinha marrom se reproduzindo. Depois cuidando dos filhotes. Depois ia embora, sumia no mundo e só voltava no ano seguinte. Ela sempre voltava.

Chegava em janeiro e partia em julho. Talvez fosse esse o tempo que ficava com a gente.

Ela chegava com as chuvas e com as moscas. Visto que quando chovia apareciam as moscas.

Apareciam as tanajuras e os sapos.

Ou seja... um pensamento nunca é isolado.

50. Pandemia

 O tempo,

Os relógios,

Os calendários...

Escalas temporais...

Memórias.

Espaço,

Aqui,

Lugar,

Brasil,

Escalas espaciais,

Estará tudo determinado,

Estará tudo dado?

Moiras tecem um destino?

A pandemia.

2020... China, ... Brasil.

terça-feira, 23 de março de 2021

48. Momento matinal

 Amanheceu e nem vi,

Vi que era madrugada,

Mas achei que era sonho,

Abro a janela que dá para as três Ruas,

Relaxo ao sentir a brisa fria,

Brisa fria da manhã.

Folheio um livro do Neruda,

Leio um poema.

O mundo parece perfeito.

Sanhaçus piando e cantando nas árvores lá das três Ruas,

Olho a pintura de casa na parede,

Vejo papai sentado acariciando a cabeça de tuninha.

Penso no caos que está o Brasil,

Penso sobre de quem é a culpa...

O chiado do computador me puxa para a realidade do quarto e da vida.

A brisa volta a soprar pela janela,

Acompanhada de gritos de jandaia,

Olho no espelho,

Ouço Vinícius bocejar.

É os anos são um declínio para nosso corpo,

A vida passa num filme,

E ouço na mente a sexta sinfonia de Beethoven.

Calmamente...

Volto deste momento feliz.

segunda-feira, 22 de março de 2021

46. Mulungu

Que linda de encontrar 

Com sua copa florida,

Sem folhas está despida,

Encarnadas de flores vestida 

Com beija-flores visitando,

No córrego fez morada 


Seu tronco é grosso e armado 

Sua folha de feijão é semelhante,

Seu fruto é uma vagem 

Com sementes reniformes 

Com testa dura e avermelhada

Esse é o mulungu.











47. Espiral temporal

 Houve um tempo

Em que tudo era novo,

Em que tudo era descoberta,

Houve um tempo

Que acreditava no amanhã,

Que existia um amanhã


Aquele tempo

Eram os anos da infância,

Eram anos fabulosos,

Que a felicidade explodia

Com confeitos

Com brinquedos


Aquele tempo

Não tínhamos nada

Porque de nada precisávamos,

Éramos autossuficiente,

Tínhamos frutas,

Tínhamos leite,


Havia dias plenos

Festas juninas,

Dia das crianças,

Semana de páscoa,

Noite de natal,

Eram dias plenos,


Serrinha do Canto

Era o centro do mundo,

Minha casa o centro da galáxia,

Minha cama o centro do universo,

Meus pais e irmãos meu norte

E eu era tudo.


Ai o tempo passou,

Ai aprendi sobre tudo,

E tudo se descortinou,

E tudo ficou insuficiente,

E perdi o eixo de tudo,

Aqui estou...


Sendo pai

Sendo o eixo principal de meu filho,

Que tem João pessoa como galáxia,

A mãe e eu como universo,

O berço e o carrinho como universo,

E ele é tudo.


domingo, 21 de março de 2021

45 domingo

 A noite caiu nas três Ruas.

O escuro e o silêncio me impressionam.

Ouço o canto dos grilos,

Ou será um eco em minha cabeça?

Penso ou sinto em minha mente que estou em Serrinha do Canto.

Penso qualquer coisa.

Quando se está cansado os pensamentos são desorientados.

Mistura saudades com realidade

E o que tem é a insônia...

Mais sensação de cansaço.

Acho que é possível superar tudo isso.

Com o sorriso desdentado de Vinícius,

Meu bebê.

É isso.

44 Canto auroral

 A madrugada silnciosa 

É inundada pelo canto do siriri 

Que vai ondulando seu canto

Siriririririri

E entra em cena a corroira

Cantando seu canto marrom

Daqueles saltitando na faxina,

No chiqueiro, na casa velha.

Canto tão lindo.

Até valoriza a madrugada de domingo,

Até valoriza a rua, que dá nas três Ruas.

A gente fica pensando essas coisas

Ouvindo o mundo de fora e de dentro da gente.

Mundo real e mundo subjetivo.


São apenas divagações,

De quem perdeu o sono 

E ama ouvir o mundo

Na esperança de se prender ao mesmo.

Canta siriri.

Canta corroira.




sábado, 20 de março de 2021

43 Amor ao bebezinho

 A noite e o dia,

Em casa.

Um bebezinho lindo,

Com horários militares,

Com gostos apurados,

Hora dos bainhos,

Hora de mamar,

Hora de dormir,

Hora de dirigir,

Hora para tudo...

A gente se acostuma com o tempo

E ama cada momento.

Até mesmo limpar e trocar a frauda.

Tem horas que cansa,

Mas o cansaço vai embora

Num lindo riso,

E o coração desmancha

E ternura e amor.

42 Madrugada com Kant

 É madrugada escura,

Nas três Ruas o vazio,

No firmamento céu estrelado,

No substrato paralelepípedo 

Dormem lado a lado.

Ali nas árvores e nos telhados,

Canta contente a corroira,

Aqui acordado estou deitado,

Pensando a existência,

A continuidade da vida,

Os fatos e os sentimentos,

Memórias agora internas,

Vovó, vovô, tio Aldo, papai

Ontem reunidos pelo tempo 

Hoje pela morte,

Nesse eixo,

Aqui estou eu e a corroira

Acordados na madrugada,

Cantará pelo seus pais?

Ou já superou e canta por cantar?

Quem saberá.


41. Haikay de bebê

 Teu cheirinho,

Tua maciez,

Tua altivez,

Teu sorriso,

Teu carinho,

Tua inocência,

Tua impaciência,

Que plenitude

É você

Só você,

Meu bebê.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh