segunda-feira, 15 de março de 2021

33. Metafísica

 A noite escura

O céu estrelado,

Estrelas brilhando,

Nuvens passando,

Um dejavour,

Faltou o relinchar 

De um jegue 

Besouros ciciando,

Minha mente está perdida,

Divagando sobre o não ser

A brisa sopra

Os olhos se cansam,

E a ordem lógica não foi achada,

Nenhuma ideia,

Cadê o entendimento?

Como sempre atrasado,

Como sempre acanalhado

Muito querendo e pouco comendo.

E a sextilha?

Não sei ainda,

Mas vou aprender 

Estou tentando aprender a aprender.

Mais nada.




30. Imburana

Árvore torta e armada,

Romos abertos e difusos 

Casca castanho avermelhada,

Quase sempre esfoliada,

Suas folhas imparipinadas,

Perfumada se rasgada,

As flores reduzidas 

Diclinas e tetrameras,

Os frutos cápsulas 

Com sementes ariladas,


Na cultura popular,

Se usa a madeira

Pra fazer artesanato,

Porta, bichos, objetos,

Nasce muito na Paraíba,

Mas dá em toda caatinga,

Embeleza nosso lugar.






32. Sabor da vida

 A janela aberta,

Quadro na parede,

A brisa fria que entra,

O canto do sanhaçu-palmeira,

O sanhaçu-cinza,

O papa-capim,

O chiado do computador,

A vida é sublime sobre tudo,

Mas lembrar que está vivo,

Pensar nisto tudo,

Pode tornar tudo mais gostoso.

Nosso nenem

 O meu amor nasceu contigo,

Seu primeiro choro derreteu meu coração,

Ao te pegar no braço, fui tomado de amor,

Ao te ver sorrir, fui tomado de amor,

Ao te ver respirar, fui tomado de amor,

Ao te ver chorar, fui tomado de dor,

Seu choro é seu código que aprendemos a decifrar,

Tudo fazemos para sentir que estás bem,

Estás bem...

Se dorme te amamos,

Se brincas te amamos,

Contigo nasceu uma nova forma de viver.


Descoberta

 A madrugada encantada,

A corroira cantando calma,

O bem-te-vi de sobrancelhas,

Dizia que tinha me visto

Som belo, som perfeito

Nem vi a madrugada

Agora canário corrochiam

Há uma grande beleza

Em tudo isso

A celebração do ser.


sábado, 13 de março de 2021

29. Xique-xique

Xique-xique 

Linda planta sertaneja,
De forma candelabriforme,
Colunada e costelada,
Areolada e armada,
Com fibras alvas,

Tronco carnoso,
Epiderme clorofilada,
Folhas ausentes,
Flor vistosa séssil,
Fruto rosado, carnoso,

Raiz fasciculada.
Cresce nas fraturas rochosas,
Pacientemente cresce,
Pacientemente produz espinhos,
Essa coluna estrelada,

De semente de testa negra,
Pequena docemente arilada,
Está em todo lugar,
A todos os tempos.

Cactácea,
Pilososcereus gounellei.

28. Entendimento

 A gente vive como sabe, como foi ensinado a viver. 

E como a gente sabe?

Porque viver é ser.

E o que é ser?

Está ai?

Ensinaram-me tudo que sei.

Aprendi o que que me ensinaram.

Aprendi o que entendi e o que busquei aprender, além do que sinto, além do que percebo.

Como se nortear sem uma direção a seguir?

Olho no espelho,

Encaro-me olho no olho. Penso quem sou?

E me perco ainda mais na consciência.

Se o fim é único para que tanto esforço?

Sou e uma aranha na teia é,

Uma mosca presa a teia é,

Uma jurema é.

A coisa em si e a coisa para si.

Até quando é e enquanto é.

Qual o valor de cada coisa?

Tudo isso me custa o entendimento.

Mais nada.

27. Infância

 Que saudade da infância

Que foi toda vida campestre

Em tudo só via e sentia,

Em nada pensava,

Só existia, só ria,

Mamãe pensava por mim,

Papai fazia o que podia,

Riso era alegria,

Alegria igual a confeitos,

Por isso ficava ansioso,

Pelo sábado quando papai ia pra feira,

E trazia sempre em saquinho de papel,

Um punhado de confeito,

E distribuía pra gente,

Trouxe um caminhão amarelo de botijão,

Trouxe um caminhão azul de cavalos.

Mamãe me mimava,

Rosangela me cuidava,

Nas terras arenosas desconhecidas,

Fui vivendo minha vida,

Nossas vidas,

Chupando caju e umbu,

Envergonhado, sonso,

Dentre outras variações

A infância traçou minha existência,

As orações guardaram o medo,

A fé o norte...

A vida uma essência...

Momentos doces de infância.



quinta-feira, 11 de março de 2021

26. Memória botânica

Na infância memórias são cristalizadas,

Memórias maravilhosas de serem rememoradas,

Até parecem fluir no momento que são acessadas,

Vou agora contar uma memórias visualizadas,

Memória que de certo não serve para nada,

Só para que não esquecer de uma vida passada,


As paisagens constantemente são transformadas,

Porém essas jamais serão esquecidas,

Passaram do nada para a existência amada,

Por isso aqui vou compartilhar,

Minhas primeiras memórias botânicas,

Sinal de já sabia o que queria quando nem imaginava,

Eram estas paisagens com seus elementos 

Que enchiam a minha infância de lindo espaço,

E alegram o meu presente ao matutar.


Tinham plantas ornamentais que admirava...

A mumguba de Lídia de Severino

Um tanto perfumada com filetes alvo e vinho

O ipezinho de jardim de Elita de Joãozinho, Antonio de chiquinho e da Primeira igreja batista.

O Jasmim de Elisa de Vicente Joana e de Maria de Vicentin,

Os hibiscos de Loló de Assis,

A mutambas de Vicente de Paulo,

O bico de papagaio de Dorinha de Luiz de Bonifácio,

A figueira de João Corme, linda árvore abandonada ao pé da ruina da velha casa.


As plantas medicinais

Um lindo eucalipto na casa de Zé de Júlio e na casa de Banício,

A romã na casa de Irelda,


Com as plantas alimenticias a gente olhava e se deliciavam

A condessa de Nelope,

As pitombeiras de Bonifácio e Chico Franco,

As jaqueiras de Dezu de Loló Laercio de Bonifácio, e de tio Jessie,

Os umbuzeiros de Elita de João de Lico, Zezim de Tica, Jona Rosendo, Loló de Assis, Antônio de Chiquim do canto, 

As cajaraneiras de Laurita, Munda e Mariana e Mindin.

A baixa de coqueiro de Dudé,

A mangueira espada de Bunina,

A mangueira de Leoni,

A ciriguela de Antônia de Nelson,

A pimenta de macaco e mangericao de vovó Chiquinha,

A groselhas de Irelda,

A gravioleira de Loló de Diniz,

A laranjeira de Elita de João de Lico,

O linheiro catolé de Eunice,


As plantas nativas sua natureza se expressava,

O feijão bravo de Iola de Dequin

Os anjicos de Rita das urupembas,

Os catolés de Vicente Paulo,

A Timbaúba de Toto de João Corme,

A embiratanha de Chico de Vicente Joana,

O coração de negro de Nelope,

A aroeira de Juvenal,


Os odores das flores de cipós de Bignoniaceae...

Odores de cor rosa ou amarela das tecomas.

Os odores doces alvos das mimosas, unhas de gatos e espinheiros.

As flores estreladas das Jitirana,

Flores multicolores rosas, azuis, alvas e amarelas,

A rama prurida das urtigas,

O amarelo ovo das senas,

O cheiro violeta das mucunas,

A azeda fruta da imburana,

O cheiro doce do cumarú,

O amargo da Marcela,

O baboso do juá,

O azedo do cajá,

O travoso  da maniçoba,

A torteza do Jucá,


São lições botânicas

Fortemente afetivas,

De pessoas muito amadas,

Algumas já partidas...

Assim é viva está minha 

Meu canto em Serrinha do Canto.



quarta-feira, 10 de março de 2021

25. Cerrador

 Apesar de ser armada com unhas de gato

Eram bonitas  e perfumadas suas flores,

Um pompom bem rosadinho que fica alvinho,

De tanto abelha visitar e assim realizar

A famosa polinização que é a condução

De pólen de flor em flor por meio de um vetor o agente polinizador,

A flor ao ser fecundada vai se desvanecendo 

E o fruto a ser formado vai logo se desenvolvendo

Dos estames  o pólen é formado, 

É nas anteras gerado.

O pistilo por estames é rodiado,

Essa estrutura feminina por estigma

Estilete e ovário é formado,

No estigma o pólen é recepcionado 

Pelo estilete encaminhado,

Onde tubo polínico se desenvolve,

Sendo no ovário recepcionado

Pela micropila o tubo se  rompe 

E os microgametofito e megagametofito se encontram se fundindo,

Assim um embrião é formado,

A micropila aí se fecha,

Dos integumentos a testa é formada,

Da dupla fecundação o endosperma seminal 

Assim a semente é formada 

E concomitante a está o fruto do ovário se origina.

Fruto seco achatado de craspedio é chamado

Sendo autodispersado,

A semente é tão pequena e dura

De cor castanha pela testa envolvida

Com uma forma de ferradura ornada

Pelo nome de pleurograma é chamado

Na terra fértil é germinada.

As folhas são todas miudinhas de invermo

De dia se aberta e a noite se fecha

Se desprendendo no verão

É um pé de cerrador planta bela do sertão,

Mimosa paraibana é batizada

Pela taxonomia classificada.

Assim chego ao breve fim 

Creio ser a botânica assim.







Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh