E as estações acontecem.
O inverno ameniza as plantas,
O verão castiga.
O sol e a lua estão ali,
Observando tudo acontecendo,
E quem ama cuida de aguar a planta
Que agradece florescendo,
E tudo vai se passando.
A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
E as estações acontecem.
O inverno ameniza as plantas,
O verão castiga.
O sol e a lua estão ali,
Observando tudo acontecendo,
E quem ama cuida de aguar a planta
Que agradece florescendo,
E tudo vai se passando.
A tarde se vai quente,
Um gato mia por ai,
Um cão latiu,
Motos roncam nas três ruas,
O barulho de maquita grita não sei onde.
Mais um dia se vai.
Sanhaçus-de-coqueiro cantam,
A luz dourada se desfaz,
Nuvens brancas no céu azul...
Por ai.
E mais um dia se vai,
Sob uma tarde quente,
Na rua cães a latir,
Pardais a piar...
Mais um dia se vai
O que tinha para acontecer,
Aconteceu...
E a esperança de algo melhor acontecer fica para amanhã.
Amanhã ou depois.
É bom ouvir o canto do fim-fim,
Tenho muitas memórias do fim-fim,
Onde nasci chamamos de vêm-vêm.
Lá tinha e tem muitas pinheiras,
E essas árvores costumam ter erva de passarinho,
Que lá é conhecida como incherque.
As ervas-de-passarinho pertencem a um gênero chamado de Phoradendron.
Elas formam um frutinho que fica laranja quando maduro,
E os fim-fim adoram,
Os frutos tem uma mucilagem que gruda no bico dos fim-fim
E é assim que esta espécie de erva-de-passarinho é dispersada.
Então, lembro dos fim-fim cantarem no final da tarde.
Tinha Raimunda dizia que quando os fim-fim cantavam estavam anunciando visitas.
Fim-fim é um Fringilidae com nome científico de Euphonia chlorotica.
As minhas memórias ficam cada vez mais complexas com o tempo.
O céu nublado de domingo,
O sol brilhando e gaviões voando e cantando,
Nas árvores sanhaçus-de-coqueiro cantam.
Através da janela sopra uma brisa fria,
Da cozinha um cheiro de comida e calor chega a mim.
O som do celular no youtube,
O som da faca cortando,
Sobre a mesa uma caneca com a imagem de noites estrelada de Gogh,
Na parede uma moldura de gesso de Mozart,
Um copo vinho com frutos secos e sementes,
Tudo ordenado na busca de um sentido...
A ordem linear,
A ordem reticular.
Amanheceu é outubro de 2020
Sábado.
O silêncio preenche a rua.
Aves cantam,
A luz está tênue.
Eu me dou conta que o tempo não pára.
Cotidianamente se vai mais um pouco
De nós que embriagados com a vida nem percebemos.
E logo vem outra e outra manhã...
O que é o tempo?
Nosso tempo,
Nosso ser,
Nossa existência.
Penso, mas não encontro lógica,
Não encontro direcionamento,
Não sei estou buscando,
Nem sei se encontrarei nada.
Neste momento tudo que me agrada
É essa composição que ouço
Ser tocada no piano.
Grande Frans Lizst.
Amanheceu nublado,
Tempo fresco,
Dia bom!
Pássaros cantando,
Coisas acontecendo!
Aqui, ali...
Cada lugar com suas nuances.
Através da janela vejo um pé bagiado de tamarindo.
Folhas peguenas de uma grande árvore.
Através da janela o sol.
O tempo quarando o dia,
Tempo estacionado.
O corpo se curando aqui dentro.
A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...