segunda-feira, 1 de junho de 2020

1. Palavra ordem

Tudo é silêncio nas manhãs de confinamento.
Só ouvimos o pio de aves e um ou outro carro passando na principal.
Dias de sol ou dias de chuva tudo parece igual.
Estamos no terceiro mês de quarentena e sentimos o peso do pico através das mortes.
E quando poderia ter solidariedade e paz,
Temos um clima de guerra gerado pelo poder maior o presidente louco.
Temos um clima de medo, temor que torna tudo muito mais longo.
Estamos perdendo as esperanças.
Tudo vai passar até lá o que mais pode acontecer?
Só Deus poderia nos ajudar,
Porque os homens não tem mais um norte.
Tudo foi desconstruído,
Até o fim o que sobrará?

domingo, 31 de maio de 2020

60. A dúvida

Com o tempo aprendemos a aprender.
Talvez ter alma eterna de criança nos ajude.
Não se acostumar com as coisas,
Ter sempre dúvida.
Duvidar é a chave 
Ou buscar sempre entender e dar uma ordem nas coisas.
Não adianta apenas saber,
Deve-se sem ir além.
Sempre em frente.
Deve-se se espantar com as coisas.
Talvez este seja o caminho.

59. Suficiente ser

Gostar de algo que está para além de nossa consciência.
Gostamos porque sentimos e muitas vezes percebemos.
Nossos gostos são aprimorados a proporção que somos despertados do banal, 
Momento que ultrapassamos a percepção.
Quando vamos percebendo as sutilezas e nuances das coisas a serem absorvidas. 
Quando vemos  as diferenças. Então é a partir dai que passamos a conhecer a coisa.
Conhecer algo é inacabado, assim como a viver.
De forma que nem percebemos ou somos conscientes daquilo que gostamos,
Pois é a ausência daquilo que possuímos que desencadeia a nossa consciência.
A consciência é tardia e a prática de reflexão é essencial para uma tomada de consciência.
Acho que nos textos de Clarice Lispector, encontramos, a todo instante, elementos que nos despertam para a realidade das coisas na simplicidade de nossas existências.
Coisas que, na maior parte das vezes, nem nos questionamos, simplesmente aceitamos como reais.
Acho que é por isso que o outro é tão importante para nossa consciência.
Não sei ler uma nota musical, mas amo música, pois sinto...
De sorte que conheço algumas composições de ouvido.
Para o momento isso me basta.

58. Tudo passa

A pandemia Covid-19 mudou nossas vidas.
Estamos isolados tão isolados.
Sem contato social.
Só vamos ao mercado.
As conversas, trabalhos, reuniões são todos virtuais.
Não podemos sair.
Nelson Teich estava certo.
O Brasil está triste.
Estamos tristes.
Todo dia morre mais de mil pessoas,
E o principal ator nacional é um presidente
Que desgoverna.
Quando tudo passar, meu Deus.
Será muito bom.
Que Deus nos abençoe.

sábado, 30 de maio de 2020

57. Desnovelar

E os dias vão se passando.
A gente nem percebe,
E as coisas vão acontecendo,
Sucessivamente acontecendo,
Cotidianamente vai ocorrendo 
O desnovelar das coisas 
O chamando devir.
Tudo oculto,
Tudo uma profunda incógnita.
E assim o é e tem que ser.
Embora sempre almejamos 
Que tudo aconteça segundo nossa vontade.
Mas a realidade é objetiva.
E a consciência tardia.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

56. Respeito

Um poema de Pessoa,
De Drmmond, de Cora, 
De Galeano.
Um conto de Borges, de Clarice, de Machado.
Uma crônica de Luiz Fernando Veríssimo,
De Marta Medeiros.
Uma reportagem de Elaine Brum.
Nossa essas coisas são tão saborosas
Como doce de mamão, de goiaba.
Como delícia de abacaxi, como pudim.
Tão harmoniosas como Mozart...
No mundo há tanta coisa para amar,
E ainda se escolhe coisas ruins.
Mas que assim o seja
Que sejamos felizes de nossas maneiras
Sem ferir o outro.

55. Tempo

O tempo sempre presente em meus pensamentos.
Minha consciência me trai quando o intermitentemente
Quando penso no passado e me esqueço do presente.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

54. Significado

Ouço o som da chuva chovendo na noite escura e sou tomando de reminiscências.
Quando criança a chuva significava que 
Não teria que ir buscar água no dia seguinte.
A água da casa era trazida a lombo de jumento. E era bom quando tinha água por perto.
Tinha todo um preparo.
Pegar o jumento na capoeira,
Colocar a cangalha e as ancoretas
E ir até o riacho ou açude buscar a água.
Como era simples aquela vida.
Como nos éramos simples.
O necessário ainda não tinha chegado a nós.
O necessário era o básico.
Não se sente falta do que não teve.
A chuva chove agora, mas não tem o mesmo significado.

53. Entardecer

No fim da tarde,
Após um dia vivido,
Após lutas travadas, perdidas ou vencidas.
Sempre voltamos para casa.
O cansaço, às vezes, nos ajuda a refletir,
Pararmos para contemplar um fim de tarde,
Através de um por do sol.
Entretanto nesse confinamento nosso trabalho se faz em casa.
Podemos resolver quase tudo.
O cansaço parece ser o mesmo.
Olho pela janela contemplando o mundo,
Olho através do espelho e este olhar me faz pensar na vida.
As marcas que o tempo me deu,
A calvície, rugas...
Tanta coisa se passa em nossa mente.
E essa incógnita que é a vida,
Nos assusta,
Mas temos que viver,
Vencer um dia de cada vez,
Até sermos vencidos,
Talvez num fim de tarde.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

52. Cansaço

Difícil se animar com tanta morte no país.
À noite, aguardamos com pesar as estatísticas que não param de aumentar.
Atingimos a marca de mil e não parou mais.
Enquanto o Bozó politiza tudo e não sobra espaço para a desgraça que nos assola.
Que os santos nós abençoe.
Que cheguemos ao final do ano.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh