sábado, 4 de abril de 2020

8. Fim de noite

É fim de noite.
Deitado, tenho meus últimos pensamentos do dia. Penso no que não fiz e no que concluí.
Penso no que ouvi, senti, percebi.
Penso no que li.
Penso.
Neste momento muitas pessoas assim como eu, estão deitadas.
Algumas estão orando, outras cansadas da monotonia, do sofrimento, da dor.
É fim de noite e fim de dia.
Quanto mais tarde, mais próximo e um novo início.
Cristalizado este texto, registro paciente
Minha existência.
É fim de mais uma noite.

7. Ave

As aves existem para voar, cantar e embelezar ainda mais a natureza.
Por que prender uma ave e impedí-la 
De voar, de cantar e de se reproduzir.
Não uma ave não é um objeto,
Mas sim um ser vivo.

6. Encantador

Nietzsche quando foi apresentado por Wagner
Ao livro "O mundo como vontade e representação" de Schopenhauer,
Entrou em profunda paixão e devorou a obra em poucos dias.
Borges aprendeu alemão para ler esta obra em alemão.
Que magia há por trás deste livro?
Que grande encanto lançou o grande pessimista nesta obra  magnífica?
Saberemos, saberemos!
Vamos ler!
Schopenhauer contemporâneo de Hegel, não teve a mesma sorte deste
Em sala de aula.
Quando deu aula os alunos preferiam a Hegel.
Sera que seria devido ao sucesso do livro "Fenomenologia do espírito".
Quem sabe!
De certo Schopenhauer influenciou Nietzsche e Borges.
Embora ambos sejam profundamente originais.
A ontologia de tudo seria Kant?

5. Vivemos

Vivemos um momento delicado.
Estamos reclusos em quarentena a cerca de duas semanas.
Presos em nossas casas estamos vivendo algo nunca visto.
Nossa audição fica acurada,
Nossos músculos tensos e cansados.
Psicologicamente abalados.
Vai passar.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

4. Compensação

É época de chuva em minha Serrinha.
As matas verdes, os córregos escorrendo,
Açudes cheios, Jitirana fazendo latadas.
E as aves devem estarem contentes.
Como queria está lá.
Calçar botas, vestir uma roupa e um chapéu.
Depois pegar minha câmera e sair de moto
Para fotografar.
Fotografar de tudo.
As rochas, lagartas, borboletas, grilos,
Besouros, calangos e aves.
As paisagens e as plantas e as flores...
É época de páscoa.
Se não poderei está lá, então vou ouvir um canto gregoriano.

3. Entardecer

A tarde vai silenciosa e cheia de luz douradas.
Os tons aos poucos vão ficando escuros,
Rubros e dourados.
O céu azul maculado de nuvens brancas
Que fazem e desfazerem suas formas amorfas.
O chiado de aves.
A brisa fresca na janela.
O descanso desejado.
No caos dos pensamentos,
Tento gerar um cosmo.
E tudo que conheço me ajuda
Nessa aventura.
Enquanto a tarde vai.

2. Ninhos

As aves estão chocas,
Todas após acasalarem
E construírem seus ninhos,
Estão chocando seus ovos.
Na rua já vi ninhos de beija-flor,
Lavandeira-mascarada,
Bem-ti-vi, sanhaçu, sanhaçu-de-coqueiro.
Paradinhas aquecendo suas pedrinhas.
Era como dizíamos no interior.
Não podia falar ovinho que a cobra vinha comer.
A gente falava pedrinhas.
Que atmosfera fabulosa.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

1. Coruja

O silêncio escuro da noite envolve os que tem sono e sufocam os que tem dor.
A noite quando pássaros dormem
Estão despertas as corujas
Que conseguem ver além das sombras.
Não somos corujas,
Mas bem que poderíamos aprender com estas a se orientar no escuro.

58. Memórias

A voz poucas coisas se guarda na memória mais que o timbre de uma voz.
Deitado ouço a voz dos queridos partidos.
Lembrança dos avós, tios e amigos.
Sei lá.
Nesse período de isolamento a gente pensa
Em cada coisa.

57. Voz

Penso que a voz é uma das maiores fontes de aprendizagem e rememoração.
A gente ouve em nossa mente a voz dos que partiram.
Ouço minhas avós, meus amigos.
Tudo em minha mente.
Como um eco.
Mas, bem.
Certo ano estava em Belo Horizonte num congresso.
Dai sai para visitar o museu da Vale.
Aquele prédio lindo, elegante e barroco.
Deixou-me encantado.
Mais encantado ainda fiquei quando entrei em seus átrios.
Aquela voz doce declamando poemas belos.
Espere!
Era a voz de Drummond!
A voz de Drummond.
Fez-me voltar a época da escola.
Momento de sua morte foi lamentado pela professora de português Genilda.
Fiquei ali.
Parado entre o passado e o presente.
Minha mente fugia para o passado
E os sentidos para o presente.
Fiquei ali contemplando.
A partir da voz de Drummond me senti mais próximo de sua obra,
Me senti mais eu.
Que orgulho de nosso pais, nossa poesia.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

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