domingo, 6 de janeiro de 2019

Árida poesia

Ah. Estas terras arenosas e áridas de solos rasos
Onde só cresce juremas e povoadas de calongos, grilos,
E pássaros pequenos...
Os angicos floridos.
Que recurso há aqui?
Pau e po e rocha e alma.
O vento e o tempo.
Terras velhas,
Quebradas cansadas,
A mente vazia...
A poesia breve como a existência!

Agradecer

Após vento, chuva e uma noite maravilhosa,
Aqui o dia nasceu encantado
Com o som do vento e dos pássaros,
No escuro do quarto sobra imaginação e agradecimento...

sábado, 5 de janeiro de 2019

Noite de reis

Ontem, choveu pela primeira vez no ano,
Ano passado choveu muito, porém a estiagem em seus últimos meses foi intensa.
Hoje, agora amanhece num sábado nublado,
Há 26 anos meu avó José Neves sofrera um infarto que o levara a morte no dia seguinte que seria o dia de reis.
Hoje, será noite de reis, 5 de janeiro de 2019.
Como os anos se passam rápido
E quantas coisas acontecem,
Umas importantes outras indiferentes...
Fatos subjetivos não?
Fiz-me quem sou e todos se fizeram quem são...
O importante é ser.
Pois cada um é o que é por escolha.
Muitos creem em destino, por escolha ou ignorância?
Meu primo que esteve aqui, ontem, com uma fala firme afirmou que dirigir é um dom.
Em meu silencio sepulcral nem concordei ou discordei, de certo que pensou que havia concordado.
Agora, penso se meu silêncio é soberba ou sabedoria?
A chuva de ontem refrescou a noite,
Após a chuva chover sai para caminhar,
Os pássaros cantavam tão ativos,
O sol dourado partia lentamente,
Enquanto caminhava com uma câmera tentando fotografar algo belo...
Dai minha escolha do que é belo,
Uma seleção tão subjetiva,
Encantam-me as plantas ou partes delas como flores e nectários,
Ou ainda os pássaros com seus cantos,
Após muito silêncio,
Perdi a fala,
Prefiro as letras, os poucos amigos que me restam,
Leituras mais reflexivas e a comida.
Penso muito na grandeza, no reconhecimento,
mas...
A natureza me contempla com tudo isso.
Refiro-me as flores floridas,
Ao canto cantado dos pássaros,
Do amanhecer ao por do sol,
De poemas e poetas falando...
Que loucura não.
Que loucura!
Meu silêncio é tão sem graça que ninguém me pede uma opinião
E não quero dá-la, pois de nada serve.
Com a chuva de ontem, aqui ficou mais gostoso.
Como é bom está em casa novamente...
Em 1993, papai comprou uma carga de rapaduras,
Enquanto guardávamos Bi, desceu na moto para o sertão
Foi avisar que José Neves deixara de ser,
Eu meu amor pelo meu avó era o amor de mamãe,
Que corta o meu coração quando ela chora...
Envelhecemos juntos...
Hoje, É nossa 39 noite de Reis,
Estou feliz por amanhecer mais uma vez.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Chão do Sertão

Esta terra,
Este chão,
Com solos cansados,
De distinta coloração,
Alvos de areia,
Vermelhos, laranjas de argila,
Ornado de rochas, seixos de quartzo,
Essa terra quente e nua,
Que se desfaz pela escassez,
Que morre com a perca da microbiota,
Com a perca das raízes...
Esse mundo desconhecido
Que abriga e consome
Nossos corpos por gerações e gerações...
Tão curta nossa existência
E tão extrema nossa ação de degradar,
Nada vai sobrar...
Será...
Esta terra e este chão.

Vincas

Como são singelas as vincas com flores alvas e folhas verde-escuro com seus ramos tênues e longos Que crescem nas frestas das bases das calçadas.
E como são subarbustos resistentes a aridez.
Com um copo de água são tão gratas ao pipocarem de flores.
Que bela paisagem que me enchem os olhos e fazem pensar na vida.
A vide que segue pelo vetor do tempo
Num caminho só de ida.
Que seja bela enquanto dure.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Casa de casa

O natural me encanta tanto,
As flores do quintal,
As palmeiras de catolés,
As ciriguelas cor de pimenta,
As raquetes de palma,
As ervas de chanana e fedegoso,
As vincas alvas e rosas,
A resistente Crinum,
O canto das aves e pássaros,
Porque aqui é o meu canto
E aqui está a minha alma.

Alma feliz

A laranjeira floresceu
E está cheia de flores
Que são tão alvas quanto perfumadas,
Sob sua sobra doce o mundo fica mais incensado e agradável,
Constantemente visitadas
Suas flores são polinizadas por meliponias e apis,
Enquanto oportunistas aranhas se banqueteiam com abelhas,
As alvas flores simétricas e multiestaminadas
São actinomorfas e de pétalas crassas e oleosas,
Quantos terpenos são produzidos,
Quanta beleza numa só planta generosa
Que só carece de água para este lindo processo
Acontecer,
Deste árido chão flores singelas enfeitam e perfumam a laranjeira
E a minha alma se expande se felicidade.

Pássaros coloridos

Os pássaros marrons são tão franciscanos como o roxinol e a casaca de couro,
Os pássaros verdes são tão barulhentos como pacuns e loros,
Sabiás são cantores fabulosos de cores laranjas ou brancos,
O vem-vem é laranja e azul-marinho eles chamam visitas,
Periquitos amarelos e verdes fazem muito barulho nas ciriguelas,
Papa-arroz são azul marinho ou escuros como a noite?
Os tricolores cabeças vermelhos são vermelhos, alvos e cinzas...
Azuis-cinzentos são sanhaçus
E esse é meu despertador de manhã


quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Construir uma história

O que aprendemos com a vida?
Que envelhecemos,
Que sonhos são bons,
Que as pessoas morrem,
Que as coisas acontecem,
Que temos invernos bons,
Que os verões são sempre áridos,
Que pode cair dilúvios, mas sempre terá verões,
Que esperamos sempre pelo melhor,
Que o zinco dura anos,
Que árvores vivem séculos,
Que a barriga é um centro de energia,
Que o corpo entra em desequilíbrio
E que viver é construir uma história.

Singularidade

Os anos que se passaram
E imbricaram algo de maravilhoso que existia,
Uma marca deixada,
Uma perca,
A subjetividade,
A sensibilidade,
A dor,
As memórias,
Tudo que foi e fez ou fazia sentido,
Um vetor,
As leituras no corredor,
Toda esta totalidade,
Inexplicável na singularidade do indivíduo.

Jaca em família

 Eu sempre amei frutas. Caju, goiaba, pinha, araçá, seriguela, pitomba, pitanga, umbu, cajarana, cajá, coco, coco catolé. Essas tínhamos em ...

Gogh

Gogh