quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Constante

A noite,
O silêncio,
O clima quente,
Nenhuma brisa,
Nenhuma expectativa,
Luzes da noite de Natal.
O passado,
O presente,
Amanhã o que acontecerá?

Sabe lá,
Sabe lá...

Tudo isso vai passar,
Absolutamente tudo,
Se concluirá,
Noites virão e passarão

domingo, 14 de dezembro de 2014

O ser e o nada

As paredes brancas,
Os poucos móveis,
A janela.

Deito-me ou vou a janela,
Olho para o mundo,
Olho através do meu ser.

Conhecer e ser conhecido.

Ser quem sou,
Antes de tudo requer
Saber o que eu sou
E quem eu sou
E o que posso ser.

Eu sou o que me fiz.
Eu sou a situação,
O devir,
O ser e o nada.

Sou a soma do que vivi,
A soma do que vi.

Eu vivi o querer ser o que sou.
E sou o que sou, mas querendo
Cada dia mais tornar ser o que sou.

E foi sempre olhando para o horizonte
Que visualizei ser quem eu sou.

A minha casa paterna tem a cozinha voltada para o poente,
E era de sua calçada que mentalizava meus pedidos,
Eu tinha fé,
No escuro do ocaso,
Depositava meus sonhos e meus anseios,
Olhando através dos ramos das Anonas,

Quando sai de casa perdi essa referência,
Eu materializei meus sonhos,
Mas faltou algo,
Olhar para um horizonte,
Eu andei perdido
Por tanto tempo,
Crendo está certo.

Perdi o hábito de olhar para o céu,
Perdi de olhar para meus queridos
Através das estrelas,
Encontrei no materialismo
A felicidade passageira,

Mas sinto falta
Do poente de minha casa,
Das frestas nas telhas,

Creio que muita coisa não se pode comprar,
Não se pode cultivar.

Aprendi uma nova forma de gostar,
Tenho a paciência e tenho que aprender a tolerar...

De minha casa tenho um novo poente,

Sei que tudo passará

E só restará o nada.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Tudo se vai

A tarde que passa,
A noite que passa,
A manhã que passa,
O dia que passa...
Absolutamente o tempo passa.
E quando percebemos este fato?
Nós simplesmente não percebemos
E se percebemos ignoramos,
Não aceitamos.

Nós não aceitamos nossa vida efêmera,
Cremos num eterno retorno
E vemos o tempo se estirar até que chegue o nosso dia de ser algo e não nada.

Mas esse tempo,
Mas esse dia nunca chega
Porque ele não existe.

Somos tão idealistas e não percebemos
Na realidade da vida,
No agora,
Neste instante que passa
E tudo se vai,
Tudo se vai.

Alguma coisa fica,
Alguma coisa fica.

Dezembro

Dezembro chegou.
O céu está tão cinza.
As noites mais enfeitadas,
São árvores e luzes coloridas,
É a brisa do verão,
A comida farta,
Momento de reflexão,
Que aconteceu de bom
E o que poderá acontecer ano que vem.

Dezembro chegou,
Quantos dezembros já passaram,
E quantos deles passarão?

Há aqueles que amam,
Há aqueles que odeiam...

A parte isso dezembro sempre passará,
Nossas memórias subjetivas
Dirão quanta esperança empenharão...

Que passe o dezembro,
Que venham outros...

Vejo que sempre nos distanciamos de tudo que amamos,
Mas como amamos muito,
Muitos outros dezembro virão.

Ordem em casa

A ordem na casa.
Cada coisa no seu devido lugar,
Livros na estante,
Cadeiras sob a mesa,
Travesseiros sobre a cama,
Plantas floridas em seus jarros.

A casa toda ordenada,
Mas onde me inserir  na casa?
Sou a desordem na ordem de minha casa.
Quanto mais ordem mais fria e vazia é a casa.

Como desfrutar de minha casa estando ela ordenada?

Esteja onde estiver, na cozinha, quarto ou sala
A casa, esse doce lar,
É uma verdadeira entropia.

As vezes fujo de casa,
Pois minha casa é solitária,
Vou para a desordem da areia da praia,
Andar entre ruas fatigadas de sujo...

Às vezes saio só para ter que voltar para casa...

A desordem da casa é a nossa desordem expressa.

Gosto de minha casa, minha rua, minha cidade,
Gosto de tudo que me envolve,
Amanhã sabe lá onde estarei
Ou se serei...

Minha casa,
Meu ser.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Efêmera flor de jasmim

Uma flor perfumada de jasmim,
Roubei-a de um muro duro.
Era uma flor branca e perfumada,
Ficava ali abeira da estrada,
No canto da rua, sobre o muro,
Fatigados os ramos do jasmim
Floriam flores brancas
Flores perfumadas,
Doces flores perfumadas,
Flores brancas de jasmim,
Duas flores desbotadas,
Já não são claras,
E nem perfumadas,
Como foi no dia que roubei-as para mim.
É preciso cuidar bem de jasmim,
Ter um jasmineiro inteiro,
Porque flores são tão efêmeras,
As flores nocturnas de jasmim.

Enquanto a noite passa

A noite estrelada,
A brisa fresca que cruza a janela,
O céu escuro pingado de estrelas.
O silêncio dentro de casa.
Só a luz acesa me faz companhia.
Só a luz clareia as capas dos livros.
Não quero fazer nada,
Pensar em nada,
Quero desfrutar do ócio.
Quero silêncio,
Quero ouvir o intimo do meu ser.
O coração a bater.
A ociosidade é provocadora.
Não me deixa quieto.
Vou a janela e curto a brisa.
Enquanto a noite passa.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Na vida passageiro

Há tanta coisa oculta a ser revelada,
Tantas palavras e frases lindas
A serem a serem expressadas, sentidas e vividas.
Nessa vida toda a ser vivida.

Quase sempre me surpreende as descobertas que tenho
vivendo, coisas sutis como uma palavra e seu significado,
Um sorriso primeiro, um riso constante... alegria e a amizade.

A amizade de graça,
Os restaurantes na cidade, novos lugares,
Novas pessoas, novas histórias,
Tanta coisa, tantos mistérios revelados
Que me fazem amar a vida.

Descobri o valor da família,
Casa paterna,
Da cidade natal,
Das nossas amizades colhidas a peso de ouro,
Que só continuam a crescer com o tempo,
Descobrir a importância de nosso esforço e empenho em nosso trabalho,

Descobrir valor da coisas mais simples como o cheiro da chuva,
A cor das folhas jovens nas árvores,
O doce das furtas maduras no pé,
Ver uma semente germinada,
Plantas floridas visitadas por abelhas, borboleta e beija-flores,
A brisa fresca de qualquer lugar,
O trabalho das formigas...

A prender a ver as coisas em seus universos,
Lesmas nos jardins,
Poemas nos livros,
Uma penela cheia de comida a ser servida,
Um olhar apimentado e apaixonado,

Um novo poeta, um novo poema,
Uma nova sinfonia,
O compromisso descompromissado por prazer, ler, ouvir, provar e gostar...

Tanta coisa boa me acompanha,
A família, o contato com a terra molhada,
O deitar da semente na cova, 
E acompanhar e cuidar das plantas
E colher os frutos,
E colher os frutos...
Quanta alegria me trás a chuva,
O cheiro do óleos de mameleiro...
Minha vida de sertanejo,
Minha vida de homem
Na vida passageiro.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A solidez da alma

A rua de rochas duras, fatigadas e sujas está sempre vazia.
Quando cruzo o portão, sinto uma proximidade do chão,
Sinto a solidez angulada das rochas cortadas e unidas pela argamassa
Nessa rua estagnada.
Às vezes molhadas da chuva, as vezes cinzentas do sol.
Estas rochas que antecedem minha existência nesta rua.
E que persistirá minha existência.
Mas minha existência quimérica
É uma existência livre onde posso ir e vir e não ficar fatigado.

A minha rua que não é minha,
É uma rua com muros cansados,
Sem cor, com lodo escuro da época da chuva,
O que salva são as plantas,
Uma Senna, um jambeiro, um jasmim...
Cicas atrás dos muros,
E pessoas ocultas,
Quantas pessoas ocultas nessa vizinhança vazia.

Eu

Eu
Às vezes não quero ser quem sou.
Queria ter uma concha para poder me ocultar em mim mesmo.
Queria ser uma rosa entre as rosas do jardim.
Uma estrela numa noite estrelada.

Às vezes enquanto caminho queria ser um paralelepípedo do calçamento,
Um grão de areia da praia.

E quando caio em mim que paradoxo,
Pois sou tudo isso para o outro.

Aquele ou aquela que cruza por mim e não me ver.

Na verdade sou oculto para o mundo.
E cotidianamente vou tomando consciência disto,
Embora meu ego muitas vezes seja mais inflado que a realidade que me cerca.

Eu

Tento ser aquilo que como,
Aquilo que ouço,
Aquilo que uso,
Aquilo que me impressiona.

Mas muitas vezes não sei quem sou.
Quero me conhecer e só vivendo descobrirei.
Viver é descobrir aquilo que somos, é tomar consciência da consciência
É  conhecer a se mesmo.

E conhecer a se mesmo muitas vezes,
E conhecer nossas fraquezas e nossos medos.

Eu quero viver todos os dias que me forem dados
Sendo sempre eu mesmo.

Jaca em família

 Eu sempre amei frutas. Caju, goiaba, pinha, araçá, seriguela, pitomba, pitanga, umbu, cajarana, cajá, coco, coco catolé. Essas tínhamos em ...

Gogh

Gogh