terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Além

A noite escura,
Estrelas brilham no céu,
Grilos cantam no jardim.
Grilos sempre cantam a noite.
O sol brilha e é dia.
E sinto a água fria refrescar meu corpo,
O doce verde da uva,
O açúcar vinho da uva,
E a noite segue,
E a vida segue,
Sem mim. 

Que resta?

O tempo ecoa,
O vento soa,
Quão profundo é o tempo,
Quão rasa é a memória,
Dura menos que uma geração,
Não vi meus bisavós dormir,
Pouco vi meus avós sorri,
E o tempo passou,
E o tempo lhes calou.
Ecoa o tempo,
E o que me resta são escritos,
Palavras, frases e histórias,
E por momento o tempo,
Habita minha mente,
E o tempo me inquieta,
Porque fora de mim,
O que é o tempo, além do subjetivo?
Agora o tempo me usa para se materializar,
Agora uso o tempo para cristalizar
Este momento.
Amanhã, quiçá desfaz a minha matéria,
mas estes versos, serão eternos
enquanto puderem ser lidos,
No mais, que resta?
Nada.

Tarde de janeiro

O ano passou 
E outro iniciou,
E como todo início
Tudo é tão incerto,
De certeza apenas uma há,
Tudo certamente passará.
E à tarde que cai devagar,
É encantada ao som de sabiás,
Sabiás cantam sem parar,
No interior da mata,
Marteladas na parede dura,
É preciso destruir para reconstruir.
Tudo início é muito incerto,
Há de passar,
Como a tarde que cai
sossegadamente ao canto de sabiás

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Paciência

A noite,
A coceira na traqueia,
O incomodo nas narinas,
A dor de cabeça,
O calor,
Quanto incomodo,
Apego-me a certeza que tudo passa,
Enquanto isso,
Paciência.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Domingo primeiro

Primeira tarde de domingo de 2014,
Parece que o mundo parou,
Ruas vazias, só o vento ocupa o vazio das ruas,
Vento frio.
O céu azul, com tingimentos de vermelho,
Barulho algum ecoa,
Caminho vagando,
Olhando as coisas do mundo,
As pedras do calçamento,
Os muros com plantas floridas,
Olhando para ver se encontrava algo
encantador além da beleza
E a noite chegou,
E a tarde passou...
Nada demais ficou.

A última flor

Na janela descansa um jarro
Que abriga uma rosa do deserto,
Suas folhas verdes viridescentes
E vivas e a última flor desabrochada,
Aquela que fui o último botão,
Que existe e foi a última a existir,
Que não participou do vigor
Do último cacho.
Aquela linda flor,
É mais bela por ser a última,
Assim como foi a primeira.
Está no ramo bela,
Efêmera flor,
E logo se vai,
E logo se foi...
E nada ficou...
Da florzeira,
Que restou?
A força e o vigor,
Ser flor.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tudo e nada

A mata do Campos,
A estrada por terra,
A areia solta coberta de folhas enxombradas,
O aroma dos fungos,
O céu nublado,
As mudas de plantas,
O canto do Sabiá,
Sabe-se lá...
A tarde fagueira,
E o tempo a escorrer
Em direção ao infinito.

Consciência

A manhã nublada,
Meu ser nublado,
O frio vivo,
A saudade viva,
Saudades dos amigos,
Dos lugares do que fui,
A distância e o tempo hoje me separa
E me une ao que fui e ao que sou...
A oportunidade de me deparar
Com o novo e renovar,
Ser, ser...
Enquanto cai a chuva,
Enquanto as aves cantam.
A manhã de quinta-feira se passa
E levo em minha mente um turbilhão de pensamentos,
Oras próximos, oras distante...
Esse fluxo contínuo que me constitui,
Me faz e desfaz.
Oras é, oras não...
Consciência da vida.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Pobres palavras

Conhecer do desconhecido,
Viver o não vivido,
Viajar,
Sonhar,
Está aqui ou acolá,
Desvendar o mundo,
Ler um livro,
Ouvir uma música,
Ver o mundo,
Ser do mundo,
Se fazer do mundo,
Porque tudo passará
E um dia,
Estará preso ao corpo,
E um dia nem corpo mais habitará,
Será o nada,
E essas pobres palavras...

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Presente e passado

A lua cheia,
As nuvens frouxas,
O vento,
A noite,
As árvores balançando,
A janela aberta,
A luz florescente,
Os pisca-piscas,
Os himatantus,
As pessoas estudando ou descansando,
Tudo isso em plena terça-feira,
No dia dezessete de dezembro,
Do ano de 2013,
Que logo será só um fato,
E nunca mais voltará no tempo.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh