Num lugar muito distante da cidade, na borda de estrada de barro vi uma casinha.
Entre tantas que já vi, aquela casinha era especial, embora muito simples.
Era uma coberta com folhas de coqueiro e tinha as paredes caiadas, bem branquinhas.
Em frente àquela casa, no lado oposto da em frente a casa havia um horizonte descampado que dava para uma montanha, onde crotalárias tingiam de amarelo aquele breve horizonte.
Havia ali torres de eletricidade plantadas que cruzavam aquele lugar, dividindo o lado da planície e o lado da montanha.
Os fios presos aquelas torres fazia som constante que parecia ser o rápido bater de asas de mariposas no meio da noite.
Ali o silêncio reinava e só era quebrado quando aves cantavam o cão vira-lata da casa latia.
O terreiro da casa era limpinho e só a poeria ali repousava.
Enfrente havia uma grande latada de Allamanda com flores grandes e amarelas e verdes folhas brilhantes.
Ali naquela hora da tarde se sentavam num bando de madeira um senhor idoso e numa cadeira uma senhora com a face bem escupida pelo tempo.
Naquele lugar repousara seus corpos e complementava aquela paisagem.
Aquela paisagem que se formava no fim do dia, àquela hora da tarde.
Quanto tempo restará aquele casal, aquela casa, aquele cão, aquele lugar.
Certamente, aquela casinha velha é muito jovem em relação àquela montanha.
Mas velha para os que a pouco nasceram.
E minha visão de transeunte aleatório que poderia ler ou perceber.
As galinhas corriam no terreiro, o cão se levantou, latiu, mas logo se deitou!
O Henrique perguntou para o senhor. - Posso fotografar aquelas plantas?
Nem sei se o senhor respondeu.
A senhora com um ar lapidado pelo tempo, nos ignorou feito uma rocha.
Por trás da casa haviam grandes pés de ipê.
Quanto silêncio ali havia.
Aqueles velhinhos não ousavam falar nada,
acho que a montanha impunha silêncio aquele lugar.
O som constante que ali havia era apenas aquele falso bater de asas da borboleta!
E a tarde caia leve naquele lugar perdido da chapada.
Enquanto imaginava, nunca mais ali voltar.
Conheci o desconhecido que nunca mais será me revelado,
senão por meio de uma foto...