domingo, 14 de abril de 2013

A roseira


Certo dia, num jardim muito grande, conheci uma rosa. Era tão vigorosa a roseira. Foi naquele dia que vi aquela rosa desabrochada. Aquela rosa perfeita, a mais perfumada, a mais delicada, a mais cativante. Descuidei que as rosas são belas, mas tem espinho. Destaquei aquele ramo e levei para o meu jardim e plantei-a ali em frente a minha janela. Todos os dias cuidava daquela pequena linda roseira que me dava as rosas mais belas, com o tempo fui me afeiçoando cada vez mais aquela linda roseira. Fazia todos os teus caprichos, conversava, regava, adubava, podava os ramos doentes. Tinha sempre os cuidados. Mas não contava com o mau tempo. As estações se passavam e cada vez menos via minha roseira. Vieram estações quentes e belas e a roseira me agradecia com cada rosa mais bela que a outra. Veio a estação de outono e a roseira perdeu as folhas, mas era minha minha roseira, passou o outono e veio a primavera e minha roseira me dava rosas mais lindas. E veio o inverno, mas a roseira resistiu em meu jardim, passamos juntos o mais frio dos invernos... E vieram várias estações, e os anos se passaram e nos esquecemos como nos cuidar dos tempos ruins. Descuidei muito da roseira e ela já não ligava em me presentear com rosas.
Então veio um inverno muito frio. Eu vi minha roseira não ia resistir, não ia reagir...
Só Deus sabe quanto sofri com a partida de minha roseira.
Aquela estação fria passou e minha janela está vazia...
Em minha memória todas as vezes que olho através da janela vejo o vermelho de suas pétalas, o brilho de suas folhas. Ainda sinto meu quarto perfumado, ainda vejo meu jardim com um tapete vermelho...
Onde andará a alma de minha roseira?
Onde andará minha linda roseira?
As coisas são tão suaves para aparecer, mas tão dolorosas para desaparecer...
Vejo as cores encarnada, viridescente, sinto o perfume, mas tudo não passa de ilusões...
Tristes ilusões!
A vida seguirá, mas minha roseira que imaginei viveria comigo para mim e comigo,
está embelezando o universo... Sabe-se lá.

Fim de domingo

O dia se desfez
e a noite caiu suave.
O lago ganhou um azul
metálico suave.
As águas se movem
ao leve sabor do vento.
Na borda do lago,
o perfume doce da Ipomoea alba
se mistura com o cheiro
da água poluída.
Olho para os lados,
luzes frias piscam
enquanto no céu
uma lua crescente
parece rir,
estrelas pistam
azuis, vermelhas
e amarelas...
Casais namoram,
pessoas pescam
para distrair
no fim do domingo,
Enquanto isso
algo de bom acontece
mundo a fora,
ou de ruim,
passo passivo pela tarde de domingo.

Vai com a tarde

A tarde cai lentamente.
A luz do sol aos poucos esmaece,
O domingo começa a tomar
seu rumo ao fim.
Foi-se a manhã e com ela o almoço.
A tarde veio e nem percebi.
Estou tão só,
minhas companhias os livros,
meus objetos, minha casa,
não preenchem o vazio,
não preenchem o ócio
que habita em mim agora.

Cadê minhas vontades?
Onde está o verde de minha mente?
Esperança! Cadê voce?

Que preguiça de tudo,
que medo do que vem por ai...

Tim pode cantar,
Borges pode me contar seus contos,
Neruda me alegre com seus versos,
Ou Quem sabe Pessoa ou Drummond,

Mas se nem isso me fizer sorrir,
Se nem isso iluminar esta tarde que cai,
que meu peito me faça chorar,
Que minha alma me faça sentir a vida...

Se tudo é passageiro,
por que a tristeza e o medo insistem 
em habitar meu peito?

Caia tarde de domingo,
Vai...

Saia para lá angústia.

Quem sabe não seja tu
oh tarde, razão de minha angústia.

Quem sabe,
mas esmaece e vai,
Com a tarde!

Confabular


Desde criança, aprendi que havia algo de misterioso no mundo, nas pessoas, nos lugares e nas coisas.

O mundo sempre me encantou por sua vastidão, quando criança me parecia maior e com mais fronteiras. O que havia além do que conseguia ver? O que havia além das planícies e das serras? Outros povos, outras cidades, outras vidas, mas em que distinguiam de meu mundo, meus conhecidos, nossas culturas, nossos cotidianos. Eu adorava imaginar o que poderia encontrar lá fora, novos amigos, novos brinquedos, novas ruas... Será se o mistério se encontraria no novo? Não sei, mas aquilo tudo me encantava.

Quantas pessoas não poderia encontrar além de meu povoado, quantas histórias, quantas coisas modernas, livros, carros, casas e gente de todas as cores, sotaques e modos de vida...

Eu costumava imaginar que sempre encontraria algo maravilhoso nunca visto ou sentido. Então, saia para caminhar no nosso sítio e imaginava pessoas diferentes, coisas diferentes, formas diferentes, tal vez um mundo de super-heróis em que pudesse mudar toda aquela realidade. Um mundo onde pudesse fazer o que quisesse e ter o que eu visse e desejasse, mas a vida me ensinou a esperar e a me contentar com os frutos de nosso sítio. Às vezes saia com o cachorro para o mato para ver algum bicho que não costumava ver, as vezes via, mas quase sempre só encontrava mato.

Acho que sempre esperei encontra algo que me fizesse sair da monotonia. E qualquer coisa servia para isso.

O tempo passou e descobri que nos livros onde haviam vários mundos, pessoas, lugares e tudo que me fosse permitido sonhar.
E foram os livros meu passatempo e meu passaporte para viajar pelo mundo...
Descobri a biologia, a filosofia, a poesia, a arte e tudo que mais me encanta. E eu tinha fome de descobrir estes universos e os apreendi dentro de mim. Através da botânica,  ampliei o meu mundo de infância. Através da filosofia me foi revelado as mais variadas faces humanas. A filosofia me ensinou tanta coisa e me fez perceber que sou uma pequena estrela numa galáxia infinita, e me fez compreender que nunca saberei tudo, mas o mundo me é revelado enquanto vivo. Através da poesia posso misturar realidade com fantasia e por meio da arte me é revelado o mundo humano.

E a vida me ensinou que os mistérios estão dentro de nós... Leia Fernando Pessoa e vai ver que não estou confabulando sozinho.

Reviver

Quando se mora muito tempo em uma cidade e muda para outra cidade, outro bairro e outra casa. muda-se também em nós um pouco do somos. Novos hábitos surgiram, novos lugares, novas pessoas, novos acontecimentos e por fim novas perspectivas.
Engraçado que passado um tempo, algumas coisas continuam a mesma, mas tantas outras se modificam. E quando voltamos para reviver ou matar as saudades, sentimos falta dos velhos hábitos das ruas, da nossa casa.
Voltar é reviver. Sentir quem fomos e quem somos, nossas memórias nos trás a tona quem somos de verdade, uma soma do passado mais o presente. Se gostamos de onde moramos, este lugar como são doces as memórias. Caminhar pelas mesmas ruas, sentir os antigos aromas dos jasmins, da dama da noite, no mesmíssimo lugar, as ruas, as flores, rever as pessoas conhecidas, caminhar pelas ruas. Mas não podemos reencontrar todo mundo, pois os amigos também partiram, restam as doces lembranças.
Tudo isso, nos faz mais felizes. E nos norteiam para vir a tomar posse do presente.
Timidamente como o sol se põe, percebemos que não somos mais o dia neste lugar, restam apenas
o brilho das estrelas, nosso dia está em outro lugar e talvez em outro, e mais outro...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Assim feliz

Ao longo de um dia tantas coisas acontecem.
Hoje quando acordei, era um dia mais jovem,
um dia menos experiente...
Hoje quando acordei,
o dia estava tão bonito!
O sol brilhava,
O vento soprava suave.
E o dia foi suave,
E o dia se passou
ao sorriso dos velhos amigos,
doces conhecidos,
e maravilhosos lugares
onde vivi por quatro
maravilhosos anos.
A noite estou assim feliz...

sábado, 6 de abril de 2013

Revelações


A vida revela tantas coisas a um homem.
A alguns lhes revela muito em pouco tempo a outros lhes revela pouco em muito tempo.
Na maior parte das vezes as revelações são forjadas através da dor. 
Sentimentos como o amor, reações como a doença, a sensação da desilusão, da angústia e por fim a morte. 

O amor é uma faca de dois gumes que corta profundamente quando não correspondido. Só sei que a vida é tão estocástica que ceder ao amor é muitas vezes ceder a dor. Portanto é preciso ser forte para poder amar. O amor é para poucos que tem coragem, em frente as provações da vida. O amor é a maior prova, a maior de todas as revelações que a vida pode lhe presentear. E sua descoberta, pode ser um grande começo ou um grande fim.

A doença é uma disfunção em nosso corpo físico que gera dor e busca pela cura. Esta dor gera uma reação a desordem uma busca a ordem a saúde. A doença é uma luta que se busca recuperar o que perdeu sem saber como isto aconteceu. A doença muitas vezes moraliza nossos orgulhos, nos serve de mestra a vida.

A desilusão cedo ou tarde chega ao homem. Nem todo homem é fraco o suficiente para sentir desilusão porque a alguns a vida é condizente já com outros é desconcertante e lhes revela a angústia.

A angústia advém das dúvidas, das decisões que temos que tomar perante a vida.

Mas qual o ser humano que não se angustia, diante de um fracasso, diante da revelação de suas fraquezas, de seus limites e tudo que lhe revela fronteiras. 

A morte é equacionadora de tudo que tem vida. A morte não tem cheiro nem textura, não tem cor.
A morte é um simples desencarnar. Eis que em meio a vida, em um milésimo de segundo, todo que a vida lhes revelou é deletado para a eternidade. A carne esfria, enrijece e muito em breve se degenera. E àqueles que compartilharam da vida resta o vazio e a dor.

Vida é sinônimo de possibilidades, algumas vezes precisamos de revelações para nos atermos e corremos atrás de uma destas possibilidades. Está diante destas revelações pode nos fazer aceitar a vida, aceitar as situações, aceitar a aceitar, não antes de refletir e tomar a decisão que lhes é revelada.

A dor é um divisor de águas nos ensina e para isso corta na nossa carne.

Felizes  os que creem em algo pois serão mais suaves os sofrimentos.

All is vanitas


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Chuva, manhã e sexta-feira

A chuva que agora cai,
é uma chuva da manhã.
Hoje é sexta-feira.
Chuva e sexta-feira soam tão bem,
Enchem a alma de alegria.
Cada pingo que cai
é uma gota de alegria,
manhã fresca,
Vida ao vento,
vida ao tempo,
E a chuva cai,
e a chuva canta,
é a natureza revelando
uma de suas belezas,
horas ruge o trovão,
e a manhã se passa,
molhada e viva.

Talvez Jung explique

Ontem, à tarde, quando o céu parecia que em instantes iria desabar lufadas de vento frio, aquele vento que antecede a chuva, me fez lembrar minha primeira escola. Foi naquela pequena escola, no sítio, que aprendi a compreender muitas coisas. Foi ali que comecei minha longa jornada de vida estudantil, ainda era década de oitenta. Foi ali que aprendi a ler e escrever com dona Livani.
Mas como dizia, mesmo pequenos, já eramos capazes de saber quando estava para chover, através do o vento que, às vezes, soprava do poente. Sempre era um vento frio, sempre que soprava, mais tarde chovia, então já tínhamos como certeza que a chuva viria.
Passados muitos anos, muito distante dali a sensação do vento frio da chuva ainda é revelador e maravilhoso. Faz-me sentir feliz. A chuva era motivo de felicidade para nós no nordeste.
Naquela tarde, enquanto caminhava refletia e contemplava a natureza, o fim da tarde, a chegada da chuva e este turbilhão de impressões que me acometia.
Às tardes são sempre maravilhosas embora, muitas vezes, estejamos confusos. Quando saio para caminhar o mundo se revela como uma chave e abre uma série de memórias e esqueço as coisas ruins que me atordoam e me sinto melhor...
As sextas-feiras, naquele tempo, ficava muito feliz quando ventava do poente... Meu coração enchia de alegria. E ainda hoje me sinto bem com o vento frio da chuva
Vá entender, talvez Jung explique.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Vanita

All is vanitas

A manhã caiu suave e nublada.
Zéfiro passou afável,
beijou Flora doce e perfumada 
e partiu.
As coisas agradáveis são deliciosas
de serem vividas,
mas as coisas desagradáveis
tem um certo dissabor.
As estações se sucedem,
o fruto doce ou é consumido
ou apodrece.
Tudo é tão passageiro
e se tudo é tão passageiro
porque há vaidade?
Vaidade em contemplar
a manhã nublada
e sentir a brisa suave,
Virão dias de sol e calor
e dissabor
e vamos esperar por dias melhores.
E o que nos sustenta vivos
senão a esperança.
Zéfiro sempre virá
beijar Flora!
Mas flora é vanita
e Zéfiro não...
Zéfiro é eterno
E flora é passageira.




Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh