quarta-feira, 3 de abril de 2013

Desconhecidas

Nesta vida, neste mundo e nesta existência há mais coisas desconhecidas que conhecidas.
Conhecemos as coisas em partes muitas vezes simplesmente porque apenas nos acostumamos com elas. Passamos nossa existência sem se atentar para as belezas e a forças que existe no mundo. Somos tão subjetivos que nos atentamos apenas para o nosso universo, a aquilo que nos convém. 
E me pego surpreso com as coisas pequenas desconhecidas, pois são estas pequenas revelações que me fazem ver o mundo com maior amplitude. Aprendo muito com sensações intensas como dor e alegria. Nem sempre controlamos nossos sentimentos, nossos desejos e acabamos ocultando toda a beleza que há na existência.
Quando aprenderemos a ver essas coisas? Quando refletiremos sobre as coisas que lemos no mundo ou nos livros? Talvez nunca, talvez sejamos para sempre ignorantes. Talvez tenhamos ambições de ficar rico vendendo peixe, sendo mais esperto que os outros.
Talvez passemos a vida olhando para o que não temos.
Estas reflexões cortam na nossa própria carne. Até quando seremos hipócritas?
Até quando vamos crer numa situação perfeita?
Não sei, e por isso fico divagando e me esqueço de viver a realidade.
E me questiono quanto sou superficial...E tenho tanto medo desta superficialidade... E não vivo o presente.
Bom, tenho que me ater aos meus sentidos para ver as coisas mesmo que superficiais como sou.
Que as coisas desconhecidas e reveladas cada dia me façam alegre quem sabe feliz...
Tudo é tão efêmero... e parece tão eterno.

Deeply

Há dias que não queremos sair da cama, abrir a janela, tomar o café.
Há dias em que nos sentimos no fundo do poço.
Há dias que nos sentimos enterrados na lama.
Dias em que nem a beleza das aves nos faz sorrir,
nem a beleza revelada pelo céu, pelas flores,
pela brisa...
Dias em que as notícias não nos interessa.
Que queríamos sumir.
Dias em que nos sentimos fracos,
tristes reduzidos a nada.
Dias que vemos todo o mundo seguir,
mas queremos permanecer em inércia.
Dias que não percebemos o sabor das coisas.
Queremos ficar na cama sentindo
nossa cama nos abraçar.
Estes dias existem, sim eles existem e um dia pode ser seu dia.
São dias que sentimos parte de nós morrer,
São dias que vemos a pior parte da vida.
São dias disaborosos.
Dias que fugimos, que nunca queremos viver.
E o que devemos fazer?
Não sei, pois hoje nem quero pensar,
estou vivendo um dia destes.
Todos merecemos viver...
Até que venha um novo dia.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Unir

Isso aconteceu a muito tempo.
Numa fazenda muito grande e rica havia um maravilhoso pomar onde se encontravam as mais doces frutas das mais vigorosas fruteiras. Foi ali sob a palmeira que um casal de maritacas se conheceram. Foi engraçado porque aquela linda maritacazinha estava com uma maritaca esquisita. Elas pareciam serem amigas. Então a maritaca macho ficou amigo da maritacazinha jovem.
E eles se conheceram e ficaram amigos e namorados. E tudo que iam fazer era juntos. Voavam de lá pra cá. Voavam e ficavam nas praças namorando. Eles se gostavam tanto. Um cedia seu tempo para o outro. E ai vieram os amigos e ai vieram as conversas. E aquele casalzinho já não faziam coisas juntos. E cada vez mais faziam menos coisas juntos. E cada vez mais aparecia mais diferenças. Mas mesmo assim estavam juntos. Depois eles tiveram que mudar de cidade e a coisa ficou mais difícil... Depois de tanto vivido juntos. Ah, a distância e as diferenças...
As maritacas voaram para longe. De coração partido...
Falta tanta coisa na vida. A vida é tão complicada. E viver sozinho é tão ruim. Se viraram legal.
Mas por que as coisas tem que acabar.
A vida é tão ingrata.
Na fazenda não podem mais voltar.
O que resta? O horizonte, as saudades...

Roseira do meu jardim

Como arde a luz do sol.
Roseira vermelha que cresce no jardim,
como são belas tuas rosas encarnadas,
como são doces e perfumadas.
Rosa não te perfumas para mim,
Não sedes bela e doce e maravilhosa para mim...
Rosa de folhas viridescentes
quando desabrochas uma rosa,
quando desabrochas uma rosa...
É toda para mim?
Toda ela perfumada e elaborada!
Tu crescestes em meu jardim...
Lágrimas salinas lavam minha alma,
até me acalmam...
Roseira, rosa... carne viva é assim,
É preciso cortar na própria carne,
o que há e o que já não há de tu em mim.
Em que passo descompassado nos perdemos.
Em que lugar não nus ouvimos?
Roseira que cresceste em meu jardim,
enfeitastes minha casa!
Como será o meu jardim?
Soturna a noite chega,
cadê o perfume das rosas?
Será sempre noite em meu jardim?
Há de renascer!
Havemos de renascer...
Roseira, rosas!
Já não miramos a mesma estrela a noite.
Onde nos desencontramos?
A luz do sol queimou as flores dos nossos vasos.


Continuam comigo

Cada um de nós tem memórias em flash que acende e apaga instantaneamente.
Cada um de nós retém ou simplesmente ignora e filtra estas imagens.
Minhas memórias flash são tão inúteis  que às vezes me pergunto por que vejo estas
memórias em flash?
Vejo flashs da caatinga seca, torrida. Vem a minha mente nosso cão deitado nas folhas secas a sombra do cajueiro...
E o que isto significa?
Não sei, coisas tão triviais...
Outras vezes vejo flashs de memórias que me irritam!
Não consigo compreender nada disto.
Quantas coisas não foram apagadas de minha mente.
Quantas coisas não são apagadas de nossas mentes.
Estas memórias, nem sei se elas existem,
nem sei como meu cérebro filtra.
Creio que são coisas desprovidas de reflexão...
O curral seco, a palha de milho, o cachorro...
Meus livros velhos,
Minha ingenuidade...
Carrego um monte de coisas que poderiam ser deletadas.
Mas continuam comigo!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Ocaso

As sombras da noite apagaram o espelho do lago.
Cadê as luzes?
Foram ofuscadas pelo ocaso.
Na hora do ocaso,
almas perdidas vagam entre o dia e a noite...
Hora do anjo...
Mentes perdidas,
vida e morte,
claro e escuro,
dia e noite...
Ocaso...
Através do ocaso
a noite se coroa
deusa Nix
e seus mistérios imersos
nas sombras da noite.
ocaso, ocaso, ocaso.

Breve aurora

Como é lindo o aurora.
A quanto tempo não o via.
Sempre o via em Campinas.
Hoje muito cedo 
no ônibus pude contemplar
novamente o lindo aurora.
Não pensava em nada
apenas vivia o aurora.
O céu ficou encarnado
e aos pouco o sol
diluiu toda a sombra da noite,
E o sol surgiu
e fez as flores desabrocharem,
as flores quando desabrocham
parecem rir para o mundo,
desabrocham para a vida,
mesmo que efêmera.
Efêmero aurora,
Efêmera vida.
E vejo a vida num
instante breve...
Numa breve aurora.

domingo, 31 de março de 2013

Tempo, estação e chuva

Ontem a tarde choveu, mas não foi chuva forte nem chuva fraca.
Então a noite caiu úmida, fresca e suave.
As noites frescas após a chuva exalam cheiro de vida.
É a impressão que sinto sempre após sair a noite após a chuva.
E foi o que senti ontem quando voltava pra casa.
Senti a brisa fresca da noite, o perfume úmido
das folhas verdes, e flores abertas.
Senti o cheiro úmido das murraias de Barão.
Essa sensação me fez mais feliz.
A luz fria envolvia meu ser...
Como é gostoso o outono,
como é intensa a vida sob suaves memórias.

sábado, 30 de março de 2013

Sábado

Sábado.
Quando a gente é criança, fica feliz com coisas bem simples como sair para brincar na casa dos amigos, receber balas, brinquedos, soltar traque no São João e até mesmo vencer qualquer jogo de criança. Viajamos em nossas brincadeiras.
Quando criança ficava muito feliz nos dias de sábado, pois achava um dos melhores dias, era nestes dias que vovó vinha do sertão fazer a feira trazia Meire, minha irmã mais velha, que morava com ela deixava lá em casa. Papai também a feira fazer as compras da semana. Naquele tempo todo mundo ou andava de bicicleta ou a cavalo. As estradas em frente a nossa casa ficavam quaradas de gente subindo do sertão para a rua e à tarde quando voltavam para casa. Mamãe sempre me pedia para pastorar os peixeiros pra comprar uma palha de peixe, geralmente só comíamos peixe nos sábados. Eu ficava lá no terreiro pastorando. Enquanto fazia as lutas de casa, eu ficava lá no terreiro da frente da rodagem esperando aqueles homens ou de bicicleta ou a cavalo. E quando passava um peixeiro conhecido, gritava para mamãe que vinha às pressas. Eu sempre gostava de escolher os peixes com a mamãe. Escolhíamos pelo tamanho ou pela cor da branquia, quanto mais fresca fresca a branquia e maior melhor. Depois ia brincar com a minha irmã Meire e Lidiana. Havia aquela expectativa pela volta de papai da feira que sempre trazia um punhado de confeitos. Naquele tempo as balas embrulhadas em papel uma delícia.
E o dia se passava era ruim ver Meire ir embora, os transeuntes voltavam para casa, vez por outra havia um ou outro que voltava embrigado.
Muitos destes passavam lá em casa para beber água.
Depois que minha infância passou, acabou aquele fluxo de gente. Hoje todo mundo só anda de moto. Os homens do sertão se mudaram para a cidade.
Hoje não passam mais peixeiros e os sábados já não são tão bons quanto aqueles da infância.
A felicidade de adulto é mais exigente, é preciso mais que um sábado e balas para ser saciada.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Crença! a noite chegou

A noite chegou quase por completo.
A mais de dois mil anos, aquele que homem por muitos considerado filho de Deus não iria ver o mais o anoitecer. Ele foi crucificado sem se defender. Naquela sexta-feira sofreu entre dois ladrões e como um criminoso foi crucificado. Ele que só viu aquele dia nascer. A noite chegou por toda eternidade.
E a noite caiu como caia antes deste fato e continuou a cair e continuará a cair por toda a eternidade.
Quantos que viram a manhã passar e a noite hoje passou a ser eterna.
Através da minha janela vi a noite cair
e ela caiu antes que terminasse de escrever este pequeno texto.
A brisa atravessa a janela, não faz calor nem frio...
A televisão ligada... ouço blue.
Tanta coisa mudou de minha infância para cá. Mudei meu jeito de pensar...
O tempo já parece profundo em minha mente.
Jesus que a tanto morreu, ainda é importante, mas já não me parece o filho de Deus.
A borra da tarde se desfaz.
A comodidade e o respeito a certas cosias partiram com a tarde.
É noite, quantos que dormem não me chamariam de louco.
Quantos não me chamarão no futuro.
Cada povo, cada tempo.
E a memória da paixão continua viva em nossos corações.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh