sábado, 22 de setembro de 2012

Primavera 2012

Flores em antese,
desabrochando com frescura,
beleza e elegância.
E as flores vão se revelando
perfumadas ou coloridas
todas enfeitam a vida.
Flor de jitirana, angico,
crotalária, ingá e ipê.
É primavera.
A primavera chegou ontem
e trouxe consigo
a chuva pra refrescar
as plantas
para desabrochar as flores.
A flores de ontem são plantas de hoje
e as flores de hoje
quem sabe serão plantas amanhã.
É primavera...

Solidão


Quando estou só, penso na solidão
e me acostumo com essa imensidão.
Ver o meu quarto vazio
da nada ouvir, além de minha respiração
ou o inoportuno mosquito tarde da noite.
E o sono que deveria ser meu companheiro
atrasa, parece que não vai chegar.
Quando amanhece a solidão ainda está ali
como todas as coisas que esta trás,
livros sobre a cama, migalhas no chão,
xícara na pia...
Usa a vassoura para varrer a solidão
ou a poeira do quarto.
Ontem a noite choveu e hoje está fresquinho bom para passear,
mas não te esqueças do maldito, bendito trabalho...
Estuda,  estuda se quer ser alguém no amanhã.
E ainda tenho que resistir a solidão.

A solidão é triste.
A solidão é má.

Ela teima em me perseguir,
na graduação me sentia só,
mas vivia numa caravela grande,
que caravela era a residência universitária,
mas lá havia gente pra compartilhar as coisas.

Bem, passou-se pós-graduação
e a solidão continua comigo.
Quero te queimar,
torná-la cinza,
mas sedes mais forte solidão.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Noite de chuva

A noite chegou, nas ruas vazias as luzes do poste alumiam o nada.
A chuva veio com a noite e trouxe raios e trovões.
Os pingos da chuva, o calor dentro de casa...
Fazem me lembrar Campinas.
Da minha casa um barulho irritante não para
de manhã a tarde ou a noite
são as maquinas nos malditos ar condicionados do shopping.
Ao menos tem o barulho da chuva...
E a noite como companheiras.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ando tão solitário. Vivo imbuído em meus pensamentos. Parece que vivo só no mundo.
Eu acordo e já neste ato me preocupo com o que hei de fazer para sustentar o amanhã.
Eu acordo, mal desperto meu cérebro se põe a pensar e a ler e a ouvir que passa no mundo ou o que nele aconteceu.
E esta sede de busca se estende dia adentro.
E consumo os fatos e as palavras que o codificam na crença que eles me darão um norte.
E todo o meu presente é canalizado nisto.
Que me importa o que acontece ao meu lado?
Mal tenho tempo para caminhar e respirar e ver o por do sol...
Meu Deus me sinto tão só.
O lago Paranoá que acaba ou começa perto de minha casa, me distrai. Nele posso ver e sentir o aroma de doces Ipomoea alba, ver as  margens ocupadas por lixo, ver os carros passarem e se engarrafarem na pista enquanto caminho.
Caminho ao lado do lago.
E vejo gente que não fala ou que ignora...
Ah, como me esforço para perder os quilos que se acumularam e que se teimam em permanecer em mim...
Mas ao menos me deixa feliz as Ipomoeas, a tesourinha a voar...
E tem as capivaras que passam nadando, ou que me ignoram, nem tem medo de mim. Outro dia um transeunte que parado olhava elas passarem disse que são nove...
Eu vejo os casais, vejo tanta coisa... vejo as plantas que florescem.
Ontem mesmo que como o sol partiu lindo.
Partiu lindo e só.
Volto pra casa. Com quem hei de conversar?
Com o computador ou o celular?
Essa vida líquida...
Tudo está tão próximo e tão distante.
Tenho sentido falta de Campinas.
Saudades da Dani e do Zé e da nossa casa e da Tereza...
Este tempo corrido... esta vida corrida e líquida.

Espera

Quem nunca desiludiu da vida?
A espera de um grande amor.
A espera de uma grande oportunidade.
A espera do grande dia.
A espera de boa saúde.
A espera de algo que nunca veio.

Quem nunca sorriu na vida?
Com o passo tropego de um bêbado.
Com o riso desdentado e alegre.
Com o encontro de uma onça no bolso.

Quem nunca sentiu a dor sentir o coração partido?
Com o fim de um grande amor.
A partida de um ente querido.

Quem nunca sentiu sem motivos para viver?
E não buscou a religião ou o psicanalista ou até mesmo a morte.

Somos demasiadamente humanos
para não sentirmos tantas coisas.

Há pessoas que intensificam suas emoções
e sofrem e amam e se apaixonam e se sentem mais que os outros...
Há tanta gente,
e essas pessoas todas pensam
e essas pessoas sentem,
se expressam e vivem...
São tantas que às vezes nos sentimos inúteis...

Toma sua vida e segue,
porque o maior mal do mundo
é se preocupar com os outros...

Reflete sobre a vida
espero que sinta amor por ela,
pois é tudo que possuímos
e o resto não passa de algo emprestado.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A dimensão do viver

Já andei por lugares onde nunca imaginei andar.
Mas nem sempre encontrei nestes lugares algo que pudesse levar dentro de mim.
Em cada lugar que vou, descubro um pouco do que sou sou e me sinto diferente porque estou sempre descobrindo algo diferente do mundo, algo diferente em mim. A vida é um conjunto de sedimentos de tempos e situações.
As sensações são diferentes a cada instante e as lembranças antigas nos norteiam.
Levo tudo dentro de mim. Se busco beleza, encontro beleza e se busco desgraça encontro-a.
O mundo maior está no nosso interior. O mundo exterior só revela um pouquinho de nós...
Para descobrir este mundo só nos resta viver.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O garoto

Um pequeno garoto sempre caminhava no campo próximo a sua casa. O campo era de terra cansada, mato ralo. A casa era uma casa velha de tijolos a amostra, não rebocada. Sozinho a garoto se divertia com flores, calangos, aves e rochas que achava interessante. Não sabia nomear todas essas coisas, mas gostava delas mesmo assim. Gostava das flores por sua beleza e seu perfume. Gostava dos calangos porque se moviam com agilidade entre paus e pedras, também eram belos. Gostava das flores porque elas eram coloridas e tinham um canto lindo. Gostada das rochas por sua diversidade de formas e porque brilhavam.
Este garoto que sempre caminhava no entorno de sua casa. Aprendeu a conhecer o mundo. Aprendeu que aprender se inicia de pequenas coisas. Antes de tudo ele aprendeu a observar e observando, percebeu qual diversas eram as coisas. Ele sabia que existiam coisas, mas não sabia como chamar as coisas. Só sabia o que seus pais lhes davam significado. Pedra, plantas, flores, calango, pássaros e rochas era tudo que sabia. Quando aparecia alguém em sua casa ele gostava de ouvir o que os visitantes falavam. Estes falavam do que acontecia fora do mundo do pequeno garoto. Ele tentava entender, mas não consegui, pois não conhecia o significado das palavras, seu vocabulário era pequeno... Então certo dia para não se sentir só. O garoto começou a falar com as flores, os calangos, as aves e as rochas. Seus pais começaram a se preocupar porque o garoto criara   palavras próprias para falar com seus objetos...E o garoto foi para a escola e seu mundo se ampliou  quando aprendeu a ler e substantivar as coisas. O garoto compreendeu que haviam pessoas que criavam linguagem própria para viver no seu mundo. E esta intuição o deixou feliz.

Angústia

Não estamos livres da angústia.
A angústia muitas vezes nos toma por  inteiro e nos faz sentir frágeis. A angústia trás a tona nossas fraquezas e medos.
Não sabemos porque nos sentimos angustiados ou o que nos causa este sentimento. Creio que ele vive dentro em  nós como um vírus e se expressa quando estamos fracos.
Na presença da angústia nada nos apetece.
Mesmo sabendo da fragilidade e brevidade da vida.
Ainda assim somos acometidos por tais sentimentos.
E o que nos traria a felicidade e espantaria angústia?
Talvez o amor daqueles que amamos e num sentimento mútuo de dedicação nos trás sentido a vida.
O amor pode nos livrar destas coisas. Só o amor.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Tempo

Somos obra de nosso tempo.
Não temos consciência, nem nos ligamos que fazemos parte deste tempo o qual passa dia-a-dia e nos faz esquecer de sua continuidade, faz-nos esquecer de nossa finitude.
Ontem já não nos pertence, passou e muitas vezes nem percebemos pois estamos planejando o amanhã.
Não nos damos conta que ao consumir o tempo, estamos sendo consumido pelo mesmo.
E tudo que fazemos tem reflexo na matéria ou no espírito. No entanto o tempo continua intacto.
Gerações passaram e passarão. Não restará nada além de histórias, memórias e matéria. Isto é aos importantes. Porque na maior parte do tempo, passamos ocultos na vida, vivendo para nós mesmos.
No tempo está a raiz de tudo e de nada...
Tempo passará, fria e calmamente pondo cabelos brancos nos homens,
levando vidas e criando vidas, mais nada.

domingo, 16 de setembro de 2012

Sertão

O sertão arde em calor neste verão.
Este ano de 2012 quase não choveu. 
O mato quase não enramou,
E está pior porque é época de eleição.

Quantos heróis resistentes não há no sertão?
Quantas lágrimas de dor já não foram derramadas
Ao verem seus animais, únicos recursos, famintos sem ter o que comer.

O sertanejo depende da fé para continuar no sertão,
A fé é o suporte às dificuldades.
Sertanejo sou,
Apesar das dificuldades, nem tudo é dor.

Embora seja sequidão cá. 
Quando chove a chuva,
Que a terra é molhada,
Quando fica encharcada
Das varas secas gemas arrebentam
Verdes, verdes peludas,
Tingindo o cinza de verde nítido,

No chão molhado,
Além do roçado,
Sementes explodem em vida...
Tingindo a terra com a babuge verde,

A babugem cobre os campos, vales e serrotes. 

Catingueiras nuas se cobrem de folhas aromáticas.

Tanajuras voam ao céu perdidas, 

Cantam as aves mais alegres,
Os sapos  magros vão para a água fornicar,
 saem da hibernação a forragear e os riachos voltam a correr.
A vida parece surgir do nada...

Quem foi criança e cresceu no sertão certamente tem na memória essas imagens vivas na alma.
Quem que lá viveu que não teve um cão como melhor amigo e teve vizinhos passivos e animais para cuidar. Quem nunca saiu para pescar, caçar ou tomar banho nos riachos e açudes.

Quem não lembra dos cheiros de doces aromas
Das espécies nativas,
Flores pequenas das mimosas, mufumbos, catingueiras, dos muçambés, bamburrais, das cajaranas maduras, dos currais.

O sertão apesar de maltratar tem muita coisa a louvar.
A vida pode ser sofrida, mas é sossegada...
Ah, o sertão... o sertão dos sabias, dos concrizes, golinhas, azulões...

O calor do sertão, a cinza do sertão maltratam, mas a vida do sertão, a morte no sertão.
Só quem nasce lá qualquer custo carrega consigo na alma estas memórias.

E o sertanejo que foge de lá todas as vezes que ouve os sons do sertão chora internamente
porque sua alma lá foi gerada.
Nunca esquece... nunca mais aqui ou no Japão.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh