Gosto da ideia de que as pessoas não morrem, mas se encantam. Ontem a propósito uma pessoa muito querida se encantou. Adalberto Varela foi uma pessoa que povoou a minha mente antes de conhece-lo, em decorrência das muitas histórias sobre ele. Encantava-me aquela figura clássica, cheia de histórias, paixões pela Biologia. Encantava-me o fato de ter se formado em medicina e nunca ter exercido a profissão, mas se embrenhado pela Zoologia. A primeira vez que falei com o professor Adalberto foi para pedir um favor. Lembro que ele estava regando o jardim, como sempre gostava de fazer. Eu havia perdido um livro da biblioteca e precisava de um professor que indicasse um livro e ele prontamente me ajudou. Com o tempo aquele mito tomou forma e substância. Tornamo-nos grandes amigos. Eu adorava ouvir suas histórias cheias de misticismo e de mitos e de sabedoria. Seu conhecimento de fauna era inquestionável. No mestrado onde desenvolvi meu campo, tornou-se morada de Adalberto, onde cuidava de sua imensa coleção de insetos. Era apaixonado por rock, pincipalmente Pink Floyd. Desenvolveu seus últimos dias de trabalho na ESEC, onde era um mito. Ele tinha muitas histórias sob abduções, elfos entre muitas coisas. A última vez que o vi foi quando fui a ESEC coletar uma planta para meu doutorado. Almoçamos juntos, conversamos muito. Muitas boas memórias estão guardadas. Some o corpo, mas permanece a alma. Descanse em paz professor Adalberto, mas sei que sua alma enquanto existirmos povoará sempre a ESEC e sua sala na UFRN.