A concepção de mundo é subjetiva, sendo a experiência sua fonte capital. O mundo é representação. Então, não basta entender o processo aparentemente linear impressão, percepção e o entendimento das figuras da consciência. É preciso viver, agir e por vezes refletir e assim conhecer ao mundo e principalmente a si mesmo. Aprender a pensar!
domingo, 13 de março de 2011
Sou
Quando o sol nasce, parece que nasço junto. Levanto e começo o meu dia. Às vezes tenho alegria ou não simplesmente acordo para mais um dia. Não sei o que acontecerá neste dia, mas na melhor das hipóteses nunca acredito que vai ser um bom dia, uma oportunidade de viver mais, então penso quem sabe amanhã poderá ser melhor, o pessimismo me persegue. E assim saio de casa dando minhas primeiras pedaladas, muitas vezes minha bicicleta range, quando não está chovendo é o melhor dos transportes, seguindo para o mundo, desconhecendo o que vai acontecer, muitas vezes me surpreendo com a beleza do aurora, sei lá, mas se acho algo valioso tenho uma sensação de felicidade. Se sou cumprimentado ou simplesmente cumprimento alguém e sou correspondido sinto que o dia vai ser bom. Muitas vezes me satisfaz ver uma flor em antese, um inseto mudar de quitina, uma vez fiquei feliz de ver uma cigarra em exsuvia, ou mesmo quando acho fungos numa fruta ou num pão a sensação poder ver numa lupa aqueles micélios é muito boa, gosto também de passar de bicicleta sobre tampas de bueiros, adoro ouvir aquele som abafado. Bem mas na maioria das vezes estou ouvindo rádio, uma das minhas grandes paixões, ouvindo o jornal, que por sinal só traz más notícias. Geralmente tem notícias frescas de casas de abusos praticados por políticos, homicídios e até catástrofes. Estes fatos foram banalizados, o pior é que elegemos pessoas para nos fazerem de idiotas, fico indignado só de pensar, mas enfim, tento fazer do meu dia melhor mais positivo, leio os jornais, algumas colunas favoritas, tento fazer o meu trabalho que tem me dado muita preocupação, desfruto da alegria de ter bons amigos que realmente acredito serem bons amigos, almoçamos juntos. A tarde muitas vezes são fagueiras e quando volto para casa tento vou ler. Tento manter uma certa disciplina que é muito difícil pois sou muito disperso. E assim são meus dias aqui em Campinas.
sábado, 12 de março de 2011
Tarde
A tarde a chuva passou,
o solo secou,
as briofitas lindas estão
cheias de esporófitos,
os fungos surgem,
e a tarde linda, limpa
seca suas ruas,
as pessoas ficam
excitadas, saem de suas casas,
pra passear, caminhar ou sei lá,
a tarde linda é
brindada com a beleza,
da natureza calada.
Manhã
Hoje amanheceu, nublado, chovendo,
a luz invadiu as frestas da janela,
e verde a acacia rutilavam suas
folhas molhadas.
Fiquei quieto ouvindo o chuva,
suando das telhas, das calçadas,
pingos indefinidos, mas harmoniosos,
e choveu, choveu muito,
toda a manhã foi fresca,
umida, molhada,
fiquei quieto,
não quis me levantar,
nem queria acordar,
mas o hábito o fez.
Abri a janela,
deixei a brisa entrar,
deixei a chuva cantar,
essa manhã foi plena,
só minha, vivi-a intensamente.
Sabedoria
Quero beber da fonte da sabedoria,
e neste dia, poder ensinar o caminho,
a todos meus vizinhos, e ao mundo inteirinho,
já sei que ela existe, faz parte da natureza,
é a explicação para a natureza,
é a beleza, a compreensão, a razão e a fé,
as vezes acordo e penso se ela realmente
pode ser bebida, acredito que sim,
mas saciado o desejo isso jamais,
bebemos e sempre sentimos sede,
mas onde fica fica essa fonte,
está no tempo? está nos livros,
está na mente de pessoas vividas?
Nestas vezes que acordo e penso
sobre ela sinto-me miúdo,
penso no mundo, e depois
olho para o meu mundo,
me vejo fora do mundo,
mas como se existo,
estou neste mundo, tomo consciência
do que sou.
Quero beber desta fonte,
para que possa eternizar os meus dias,
para poder fazer poesias,
acredito no que falou Epicuro,
a felicidade está no conhecimento,
que leva a fonte dela,
da sabedoria que é vadia,
plena e está em todo lugar,
nas formas, nas paisagens,
nos sons, nas cores, nas texturas,
onde há homem pode ela se expressar,
será apenas humana ou divina?
Quem sabe? Quero tragá-la, bebê-la!
Mas onde está a sua?
A minha já encontrei, só me restará
o tempo de vida para consumi-la.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Sinfonia 9 Beethoven
A música acalma minha alma,
encanta totalmente minha mente,
me prende, me atem a atenção,
quer olhando o céu ou o chão.
A música desperta tudo quanto há de beleza,
a mim falta a destreza,
resta ouvir, contemplar
e deixar a música libertar minha alma,
e faze-la viajar.
Não sei o que dizem as músicas,
mas estou estudando,
aprendendo.
Olho para o céu estrelado,
vejo o brilho a anos irradiado,
vejo o silêncio escuro da noite,
e as estrelas a brilhar,
feito fogueiras a flamejar,
quão vasto é o céu,
infinito parece o espaço,
e o tempo perdido
entre rotações terrestres.
Olho para o céu,
um céu sem véu,
escuro, estrelado,
olho e tento me encontrar,
tal qual o céu minha mente,
nada consigo decifrar,
nada consigo imaginar
e fico assim a contemplar,
a beleza divina,
neste momento converso com Deus,
ouço o canto das estrelas,
ouso o vento sussurrar,
meu peito a pulsar,
os ares trazem o sono
então mergulho nos meus sonhos.
boa noite
Saudoso
Muitas coisas já não existem mais além de lembranças em minha mente, pode ser que algo se encontre em outras mentes daqueles que por certo tempo foram parceiros de caminhada, mas que seguiram suas próprias estradas. Como num sonho vou buscar algumas memórias e tentar reviver algo que não vivi. Algumas canções fazem minha mente despertar doces memórias e faz-me viajar para a infância, para minha primeira casa, meus irmão muito jovens, meus pais ainda tinham cabelos brancos e muita esperança, tempo em que as estações passavam sem deixar marca, parece que o tempo não passava, queria tanto ter quinze anos e agora o dobro já se passou. Saudoso, viajo no tempo e aos poucos relaxo e volto lentamente a vida normal.
Blue
O céu azul, todo blue,
o sol a brilhar,
nuvens claras,
numa sexta feira blue,
aqui tudo azul,
mas no Japão não,
lá o mundo está
ao avesso, o mar
invadiu a terra,
chamas, lamas,
é um dia blue,
tão distante,
tão próxima,
aqui o sol brilha,
o céu está azul,
lá o dia está blue.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Belo
Onde está a beleza?
Está numa flor,
numa obra de arte,
num por do sol,
numa noite de lua,
numa noite estrelada,
num horizonte do mar,
está numa canção,
no riso feliz,
na estética,
na simetria,
na química, física, matemática, quiçá na biologia,
nas curvas humanas,
na sabedoria.
O que é a beleza?
é uma flor
é uma obra de arte,
é um por do sol,
é uma noite de lua,
é uma noite estrelada,
é um horizonte do mar,
é uma canção,
é riso feliz,
é a estética,
é a simetria,
é a química, a física, a matemática, quiçá a biologia,
são as curvas humanas,
é a sabedoria.
E o que é o belo?
Cabe a cada um julgar o que é belo para mim esses predicados são formas de beleza, talvez a beleza seja algo subjetivo, mas seja muito além, talvez seja cultural.
Nem todas as flores são belas, algumas são esteticamente assimétrica, mas teleologicamente atingem seus objetivos quando é fecundada e produz frutos e sementes.
Para entender certas obras de artes é necessário fazer uma leitura da mesmas, sem esta o que é arte para uns é algo indiferente para os outros.
Nem todos por do sol é igual, existem os mais perfeitos, mas por motivos peculiares são tristes, frios desprovidos de interesses. O mesmo acontecendo com as noites pleniluneas e estreladas.
Muitas pessoas já se perderam no horizonte do mar, muitas vidas por lá ficaram.
Nem toda canção nos faz feliz, nos traz tristeza, pra mim muitas canções me angustiam.
As vezes sorrimos porque chorar vai mostrar nossas fraquezas.
Todas as coisas quando humanizadas ganham um sentido, o belo talvez tenha sido humanizado ao extremo e quem sabe um dia não o banalizemos.
Chuva reminiscentes
Uma semana que não parou de chover,
os fungos voltaram a reaparecer,
com seus corpos de frutificação,
anunciam a estação do verão,
alta umidade, calor, chove,
neblina todo fim de tarde,
e as águas escorrem rua abaixo,
lavando telhados e calçadas,
deixando todo mundo indignado,
mas é chuva de verão,
lá no sertão chuva é coisa divina,
quando chove tudo agradece,
os sapos cantam, as plantas agradecem, forescem,
o solo molhado, formigas e cupins criam asas,
e voam pra alimentar os passarinhos,
ou para povoar um novo lugar,
quando era fim de tarde que chovia
sentia aquela alegria,
tomava um café, e depois logo vinha o jantar,
a lenha lascada guardada, alimentava
o velho fogão a lenha que aquecia a cozinha,
e logo que caia a noite,
a natureza recolhida,
fazia aquele frio gostoso,
a chuva se recatava,
e nos todos felizes estavamos
por mais um dia, mais uma chuva
cheios de esperança da chegada de dias melhores.
Espatodeas de janeiro
No mês de janeiro
é verão, caem as chuvas,
floram as Murraias com suas
folhas verdes e suas flores alvas,
floram as espatódeas com suas flores encarnadas,
e no fim da tarde, quando cai a chuva,
as vias e as estradas ficam todas molhadas,
caem as flores de espatódeas pelo chão,
molhados o chão,
o chão vermelho das flores campanuladas
flores próximas ao pé de limão,
vermelhas parecem incendiar o chão,
e por ali caminhar com é gostoso,
passar sobre as flores macias
de espátodeas que caem
por ocasião,
após a chuva,
o cheiro umido,
o viço do brio sobre os troncos,
o sol escondido, chovido,
o cheiro das murais, são poucas flores nesta estação,
logo acaba o verão,
e as quaresmeiras sempre floridas,
sempre roxas.
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