quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

chuva

Quanto calor,
quanto vapor,
quanta impaciência,
hoje vai chover,
tenho certeza,
hoje vai chover,
que chova então!

vou ficar de banho tomado,
esperando a ordinária chegar,
chega tão sorrateira,
que despenteia a acacia,
amedronta o estrela.

chega chuva.

Chuvas torrenciais

Todas as tarde de dezembro,
desde o fim de novembro,
chovem,
chuvas torrenciais.

as quatro horas o sol ainda reina no céu,
e aos poucos vai-se fazendo o véu,
uma cortina escura,
apaga o sol,

de repente,
a cortina se desfaz em água,
pura e límpida água,

do bafo quente das ruas,
gotas evaporam,
se unem e se escorrem,
caminho abaixo,
lavando as ruas,
levando as pétalas,

e continua o mormaço,
calor a noite toda,
ainda bem que os mosquitos não aparecem,
e as ruas ficam limpas,

a magnolia perfumada pra mim,
bem perto também o jasmim,
jasmim não Plumeira alba,
enfeita a rua de brancas pétalas,
com fauce amarela.

Sim essas chuvas torrenciais,
atrapalham os namorados,
os esportistas,
mas a mim não,
mesmo que banhe,
aliás tem coisa melhor que banho de chuva,

quando morava em casa de papai,
não perdia uma chuva,
a menos que relampejasse e trofejasse,

caiu eu, rose, lidi e rosa,
na chuva, enchendo os potes,
os tanques,
depois de tudo cheio,
dos lábios roxos,
mamãe nos ensaboava,
e terminava o banho,
nos envolvia na toalha,
nos secava,
e chamava todo mundo pra cozinha,
pra comer cherém.
Era a coisa mais gostosa.

Essas chuvas torrenciais,
evocam minhas memórias mais sutis,

memórias boas.

coisa de verão,
coisa de estação
coisas de fim de ano.

agora

Hoje o sol não apareceu,
o céu está coberto de nuvens,
o vento também não veio.

o dia está sisudo,
abafado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sorte

É cedo muito cedo,
o sol ainda não nasceu,
a brisa ainda soa fria,
a rua continua vazia,
dentro de mim há medo.

Aurora encarnada e fria,
desponta no nascente,
e anuncia, chega o novo dia,
canta o sabiá,
canta a ciririca,

os cães safados agora que dormem,
passaram a noite na baderna,

um, dois, três transeuntes,
passam para o trabalho, para a caminhada,
em busca de recurso, em busca de saúde,
mas ainda é muito cedo,
de que adianta o medo.

a vizinha acorda, abre a porta e sai pro trabalho,
a magnólia continua perfumada da balada,
e a acacia continua enfeitada.

são seis horas,
o sol vem vindo,
o dia sorrindo,
e tudo começa,
com boa promessa,

a vida segue numa monotonia,
cheia de poesia,
trajédia,
quem será o escolhido,
que terá o corpo consumido,
pelo carro, pelo coração,
quem sabe,
a vida pulsa.

Solidão

A solidão que invade a alma,
encontra no escuro da noite,
no conforto do cansaço, a paz,
estamos sempre sós,
apesar de tentarmos fugir
não conseguimos, estamos sós.

Nos encontramos na solidão,
desde que nos separamos
do seio materno, nos tornamos
solitários, buscamos alento no outro,
mas não encontramos,
pois temos nossos medos,
nossas peculiaridades,
moldadas em nossas decisões
que são feitas a só.

Estamos só quando acordamos,
quando pensamos, só nos pensamos como nós,
estamos só quando dormimos,
quando sonhamos,
nos iludimos, um auto engano.

Somos inconformados com este estado,
estado de solidão.

Como a noite escura,
a lua desolada,
nos sentimos sós,

como a rua vazia,
o fim da poesia,
a solidão,
dorme em nos eternamente.

Reflexão

Se vivemos num mundo tão grande, por que vivemos fechado no nosso mundo pequeno?


Creio na poesia
que me trás alegria,
creio na ciência que me desvenda os mitos,
creio na fé que conforta meu espírito.
Creio na economia
que me alimenta dia-dia.

Sou absorvido pela ideia do melhor,
aprendi a consumir,
aprendi que para consumir preciso de recurso,
todavia só tenho recurso se adquiri-lo,
portanto vendo meu trabalho,
dou o melhor do meu eu,
para ser o melhor e nada nunca me faltar.
Mas os desejos são insaciáveis.
Muitas vezes dôo o melhor de mim para ter algo, viver algo,
e finalmente quando desfruto, percebo o quanto gastei pra consumir o meu objeto desejado.
Então me fecho para o mundo,
tenho no meu objeto de estudo o todo.
Mas porque ajo assim?
Algumas vezes o que nos fazemos é tão nobre, ou acreditamos nessa nobreza,
que acabando esquecendo a grandeza do mundo.
Então passamos a girar em torno de do próprio eu.
é hora de parar e pensar.

Das varias manhas em Natal

Dias muito claros

Quantos dias não acordei,
e fui até o nosso jardim,
ver as flores rosas, amarelas e anis.
Flores de mimosa, chamaecrista, sennas,
centrosemas, crotons.
Nosso jardim ficava pro poente,
de onde podia ver o trânsito dos carros,
no indo e vindo do campos,
podia ver o circular passar,
podia ver lagoa nova,
e o sol que nascia muito radiante,
me fazia sair da cama com a pele ardendo em calor,
ia ali no jardim, refrescar um pouco,
ver as flores,
sentir a areia solta,
molhar o rosto na lavanderia,
fazia isso com frequência,
as vezes corria,
as vezes caminhava
e sempre me banhava,
naquela água maravilhosamente fria,
levava o corpo e levava o calor.
Em seguida o dia começava.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Estrelas

A maestria da noite,
a noite brilham as estrelas,
piscam sem parar,
azuis, vermelhas, brancas e amarelas,
as estrelas são todas belas,
umas pequenas, outras grandes,
umas distantes, outras próximas,
são sempre todas belas,
uma noite sem estrelas,
é como um dia sem sol,
nossa estrela maior,
vai o sol, vêm o sono,
vêm o sol, vai o sono,

num mundo cheio de luz,
e brilho do sol,
belas estrelas,
silenciosas,
rutilam como brasa do por do sol
ao nascer do sol.

Volta

Saudades.

Como é difícil viver,
parece ser sempre incompleta,
ansiamos sempre por algo, não aprendemos a viver,
sempre queremos mais e mais.
Mas o tempo nos leva tanta coisa.
Nossas melhores memórias ele apaga,
rouba pra si,
absorve nossa beleza.
Sabia que o tempo é sempre jovem por que fica roubando a juventude das pessoas?
pois é.
Nossos momentos preciosos,
ele sabe esconder bem na nossas mentes,
nos nossos giros cerebrais.

Hoje mesmo, deixei minha flor,
longe, espero que ela saiba se cuidar,
dar um aperto no coração quando tenho que partir,
mas o tempo toma conta,
o vento trás as saudades.

Às vezes quando estou só, eu apelo pra acacia,
pra lua, pras flores.

Como é bom voltar pra casa,
sair da estrada,
melhor ainda é ter alguém te esperando,
mas se não tem, crie um cachorro,
ele já anima, fica todo feliz,
balança o rabo, late e abana as orelhas,
melhor ter uma criança, ou um amor esperando em CASA,
mas é assim,
tudo a seu tempo,
o tempo nunca falha.
o tempo é o senhor de tudo


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Morcegos

Depois da chuva da tarde,
caiu a noite úmida,
sem vento, sem estrelas.
Ouço o canto dos morcegos,
que me faz lembrar,
as noites sossegadas,
na casa de papai.

Embalado em seu canto,
cai o sono lentamente,
vai chegando os sonhos
e a alma vai fugindo docemente.

Quando era pequeno acreditava que ratos originavam morcegos,
teve uma vez que encontramos um grande morcego, na cumieira da casa,
ficamos achando que fazia pouco tempo que ele havia se transformado de rato em morcego.
Pobre morcego, não durou muito além daquela manhã.

Os morcegos não são criaturas amáveis alguns são hematófagos, se alimentam de sangue, e
muitas vezes quando acordava e ia pegar o animal no paieiro, encontrava-os com o pescoço em sangrando, os morcegos mordiam e depois lambiam o sangue.
Papai geralmente colocava um pano no paieiro para espantar os morcegos, ele não sabia que morcegos quase não tem visão, não enxergam quase nada. Que estes emitem um som forte e que é o eco que os guia durante a noite.
Alguns morcegos se alimentam de polém, por isso são muito importantes na polinização de algumas plantas. O Cardeiro é um exemplo de planta polinizada por morcegos. Outros ainda de frutos, por isso são importantes na dispersão destes frutos, outros ainda de insetos. Enfim os morcegos tem vários hábitos alimentares. No entanto são animais com hábito totalmente noturno. As asas dos morcegos são modificações de uma mão, onde ocorre o desenvolvimento de membranas entre os dedos. São os únicos mamíferos voadores.
Os morcegos me trazem muitas lembranças da infância.

Era uma noite escura,
noite estrelada,
os cajueiros pensos de fruto e flor,
o cheiro de seus frutos coloriam a noite,
cheiro de cajus amarelos,
voltava da vizinhança,
quando ao chegar em casa,
encontramos um morcego
grande no chão junto a parede,
então dog queria pegar,
mas papai não deixou,
podia ter o vírus da raíva.
papai jogou no mato,
fomos dormir com morcego na cabeça,
sonhamos com vampiros a noite,
foi uma noite negra,

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh