quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ser

Descobri tarde que a vida é bela,
podia vivido muito intensamente,
cada instante que me foi dado,
mas buscava entender como tudo se passava,
como numa busca pelo sentido.
A vida por si tem sentido, mas era metido,
queria sempre mais,
adorava esta com minha família,
porém queria mais e mais.
Vivia aqueles instantes com muito carinho,
mais achava que estava aquém do que queria,
do que esperava,
o tempo passou e nunca encontrei o mais,
nunca estive completamente presente,
em minha vida, vivia no futuro,
mas hoje descobri algo,
descobri que era no passado que era feliz,
perdi todas expectativas do futuro e olho pro passado,
cada momento bom. Ahhh.
Mas quantos não já partiram,
pra longe, pra outra vida,
fomos cúmplices nos risos,
nos gestos no viver.
Agora descobri que na vida o que importa é o presente.
Vi muita gente dizer isso,
Li santo Agostinho, mas nada adiantou.
A vida tem seu tempo, enquanto não vivenciamos,
não experimentamos, o que sabemos.
Somos seres empíricos, não usamos muito da razão.
Aprendemos com a emoção.
Mas essa forma de apreensão nos custa muito caro.
Custa tempo e sofrimento, custa dor, solidão,
trabalho.
Não sabemos renunciar, enquanto não transformamos em razão
toda a emoção vivida.
Os caminhos da vida são muito curvos,
talvez sigamos em espiral,
talvez quem sabe sigamos a concha do tempo.
Onde partimos de um ponto e nossos
horizontes vão se ampliando.
Parece que estamos vivendo tudo novamente,
mas estamos mesmo é seguindo em espiral,
na espiral do tempo.
Tomamos consciência de nossa existência,
de pessoas como seres, de nossas obrigações e
suspiramos podia ser diferente.
Mas no momento que tomamos conhecimento das consequências de nossos atos,
no momento que projetamos nossos desejos,
a vida perdeu do doce o puro sabor,
da beleza a pureza,
da alegria a ousadia.
Descobrimos que nossa pele,
está enrugando, os cabelos falhando ou clareando,
nossos risos não são tão belos e brancos,
vemos no outro nossa imagem,
aceitamos os valores,
nos dobramos a idade, ao corpo,
nosso espírito, no entanto cada dia tem mais vigor,
compreende o amor.
É a vida passa, para todos.
Se não renovarmos nossos genes,
se não tivermos nossos filhos.
O que será de nós?
O que será de nós. Nos apegamos a objetos,
a animais.
Vamos envelhecendo por dentro,
vamos ficando mufinos e tristes até que a morte
vem como uma benção.
Certo dia em um velório, de um amigo de meu pai,
ele falou que todos partem, chega a hora que a vida perde a graça a magia.
Em uma entrevista perguntaram a Clarice Lispecto o que ela acharia de viver o ano 2000,
com sua voz bela, respondeu que não queria está presente,
já que seus amigos mais queridos não estariam presente.
A matéria se dobra, já não quer mais o espírito.
O fim de todos, aqueles que viveram todas as fazes da vida,
nasceram, cresceram, amaram, se reproduziram, envelheceram e sofreram
é a maior benção,
ganham da vida toda experiência e reflexão,
e tem na morte compaixão e respeito pelo ser.

Aurora

Aurora,

No nascente a frente de minha casa,
quantos dias não vi a ti aurora,
encarnada, embrasada,
surgias endeusada,
anunciando a chegada de apolo,
quebrava a hegemonia da noite,
despontava inebriada de sono,
mas sempre vinha,
vinha guiada pela pela dalva,
pela lua...
Tu trazias a bruma da manhã,
vinha roubar-me a cama,
despertar meus sonhos,
ao canto da passarada,
despertava, tu me acordavas,
e te contemplar era tão bom.

Mas o tempo passa,
muita coisa perde a graça,
a vida segue ao som do vento.

Na concha do tempo,
soam as doces memórias,
de perdas e vitórias,
cantadas a ti.
Aurora, não demora,
que já morro de saudades
de mirar-te, amar-te.

em teu ruivo olhar,
contemplar,
viajar eternamente,
e me deixar,
sempre a ti esperar.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Betha

Já na adolescência sonhava, acreditava em tudo, amavaa vida, minha cidade, minha casa.
Casa no campo, cheia de irmãs mais parecia um convento. Minha casa tinha alegria, mamãe com suas gargalhadas e papai com riso cínico. Aquela cidade que era tão grande, fui descobrindo seus cantos, esquinas, prédios, então fui me acostumando. Aquilo foi me incomodando, ficando pequeno pra mim. Não tinha jornal, revista a comunicação só via rádio ou televisão. Os filhos de Toinho da farmácia compravam vez por outra uma superinteressante onde encontre um endereço. Bethânia Emeric Biologia UFES contato para trocar informação e o endereço. Vi aquele endereço, aquele nome pensei vou ampliar meus horizontes. Peguei um papel uma caneta e escrevi, puz a carta no correio, pequeno. O carteiro Chiquinho de Raimundo Moura um cara sério, sisudo, fechado. Na falta de padre ele que fazia o sermão da missa. Mamãe e papai dizia que ele pregava bem. Mas não sei não mais parecia um touro enfurecido, na hora da celebração baixava a cabeça e tome falação. Falava, reclamava aquilo era que era moral, acho que ainda é assim se o padre de Dedin já não tenha ocupado o cargo, mas isso é outra história. Tempos depois recebi a primeira carta, simples mas cheia de carinho veio com uma foto três por quatro. Trocamos muitas cartas, certa vez me falou de um que gostava de répteis eu não gostava muito de répteis gostava, mas preferia os insetos com suas várias classes e várias ordens. Falei pra ela que as vezes comiamos teiu. Ela falou que era uma espécie de Ameiva ameiva, , mas acho que com a filogenia e cladístca deve ter mudado de gênero sei lá, não entendo de bicho nem inseto.
Entendo mesmo é de mato, botânica, Botané do grego pasto é isso ai ganho a vida dando nome a planta, coisa mais besta diria Zezeu que certa vez perguntou o que fazia e eu respondi que fazia biologia, não gostei do que ele falou disse que não dava dinheiro que devia ter feio farmácia, direito ou medicina. Fiquei com raiva eu e todos os biólogos do Brasil. Fiz biologia porque amo a vida amo os mistérios do deus que ele adorava. Enfim o tempo passou e como passou. Minha amiga de cartas sumiu. Passei no vestibular em biologia influência de quem? Betha. Um dia criei um email e a encontrei novamente só que pra minha tristeza ela foi estudar línguas. Foi para a Europa e voltou bancária. Hoje casou e vive com seu esposo e eu ralo pra terminar o doutorado.
A vida é assim, cada um segue seus sonhos, seus rumos, suas intuições.

Descanso

Os pingos da chuva,
esfacelaram o silêncio da noite,
gota a gota,
pingo a pingo,
molharam a rua,
as folhas das árvores.

O som orquestrando,
a noite adentro,
o sono chegando,
o corpo cedendo,
em cansaço,
um abraço,
do escuro,
enfim o descanso,
a paz da noite.

A vida anda tão atarefada.

Manha de chuva

A chuva caiu,
e logo partiu,
o silêncio ficou,
o céu abriu,
o sol brilhou,
sua luz refletiu,
nas folhas espelhadas,
de um véu de água,
aos poucos, se desfazia,
e gotas cristalinas,
que deixavam-se cair,
se desmanchar.

o lago espelhado,
refletia a beleza,
o verde da natureza,
uma gota caiu,
e o espelho,
ondulou,
silenciosa,
a manhã partiu.

O saber




Ver, crer,
pensar,
pesquisar,
Ler e reler,
analisar,
repensar,
concluir,
duvidar,
escrever
divagar,
Aprender,
apreender,
perguntar,
analisar,
divagar.
por fim,
explicar,
saciar o ser.

Ciência,
razão,
religião,

o mundo,
os pais,
os amigos,
os vizinhos,
o mundo.

o tempo,
o vento,

experiência
é a soma de tudo,
o saber é ilimidado,
mas nos deixa saciado.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Retorno

O retorno da viagem

Quando cheguei em casa,
de uma longa viagem,
ah, quanta coisa diferente,
as portas e janelas,
não eram as mesmas,
o terreiro, ainda estava varrido,
mamãe não larga a mania,
mas percebi que estava menor.

Fui chegando devagar,
olhei o quintal estava vazio,
olhei a porta estava fechada,
vi alí na área as velhas cadeiras de balanço,
onde passei tardes fagueiras a ler e cochilar,
tinha cordas novas,
mas ainda estava lá onde eu lia,

dois cães vieram me receber,
não me conheciam,
mas mesmo assim me pediam carícias,
sentiam no meu cheiro, o cheiro de meus pais.

Chequei ali,
abri o portão,
a porta estava fechada,
sentei-me na cadeira no escuro,
de certo mamãe saiu pra passear,

e fiquei ali matutando,
pelo tempo que passei,
por onde viajei,
e de volta a casa,

fiquei ali contemplando o escuro,
voltei pra casa,
quanto viajei,
e eu agora de volta.

pouco tempo depois,
meu pai apareceu na estrada,
andando apressado,
com seu andar arrastado,

dei voz de vida,
mamãe vinha atrás,
com suas pernas arqueadas,
com lenço no cabelo,
soltando um canto,
peculiar,
só a insenar,
pai chegou,
me abraçou a sorri,
depois foi mamãe,

perguntou-me sobre a viagem,
sobre o mundo,
abriu a porta,
acendeu as luzes,
esquentou minha comida,

conversamos noite a dentro,
mamãe foi dormir e ficou a reclamar,
que fossemos dormir,
mas ficamos ali,
a conversar.

Então apresentado o velho quarto,
pai foi dormir,
em pouco começou a roncar,
e fiquei ali a contemplar,
o teto que tanto me abirgou,
senti o conforto e o amor,
senti que a vida valia a pena,
senti o verdadeiro amor,
dormi plenamente naquela noite.

A volta

A volta pra casa

A volta pra casa,
que desejo maravilhoso,
o corpo fica ansioso,
palpita o estômago nervoso.

A volta pra casa,
enche de euforia,
há uma certa magia,
beira a fantasia,

A volta pra casa,
há aquela saudade,
com um que de ansiedade,
o corpo todo sorri.

A volta pra casa,
a chegada, os abraços,
os sorrisos.

De volta pra casa,
os beijos, os afagos,
a comida quentinha,
a cama macia,

de volta pra casa,
nos sentimos mais amandos,
estamos aconchegados,
e sossegados,

plenos nos sentimos.

A fome

A fome

Quando cai a última folha,
pobre sem escolha,
segue adiante,
deixa o sertão,
esquece o lampião,
e segue em busca de um trabalho,
algum quebra galho,
gente que larga a terra natal,
e segue o desconhecido.

A fome assola,
o sol tinge a pele,
a reza consola,

a sede engrandece,
os pés rachados,
dos dias ensolarados,

cansado o pai fala,
vamos adiante,
sorri para os filhos,

canta a cigarra,
na velha a marra,
farinha e rapadura,
é a vida é dura,

mais um terço rezado,
a fome aumenta,
Ai deus quanta dor.

Enfim uma casa,
enfim gente,
quando que sacia a sede,
cede uma rede,
pernoita e segue,
o destino errante,
a vida provocante,
desbrenha o destino,

e segue,
vida adentro,
viver é sofrer,
mas a esperança,
é arma,
a reza um apego
a vida.

Tarde sem chá

O dia nublado,
dia que o vento suave invade a janela,
vem bem em nossa espinha e tira um arrepio,
a tarde silêncio.
Aproveito para ouvir Shumann.
Que delícia de som,
quanta harmonia.

Lá fora as plantas parecem dormir,
nem uma folha se mexe,
grita uma ave, aculá longe,
tão longe quanto minhas idéias,
desfiam pensamentos,
viagens,
a vida ganha potência como uma semente em solo fértil,
depois de um cochilo,
a vida seque ao sabor do vento.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh