quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O cheiro simples de sabonte.


Quando era pequeno não havia muita frescura pra tomar banho lá em casa. Não nosso banheiro não tinha chuveiro elétrico, aliás não tinha sequer chuveiro. Tinha sim um tanque grande que cabia três cargas d'águas. Todo dia gastava-se duas cargas d'água com banho lá em casa. A porta do banheiro era uma porta velha com furos era preciso usar a toalha pra fechar os buracos, imagina que tinha casas que os banheiros não tinha sequer porta, usava-se uma cortina. Mas lá em casa papai faz uma porta velha de madeira de umburana, vez por outra pai usava um lata de óleo espichada pra tapar os buracos. Bem pra tomar banho usava-se sabão pra lavar e sabonete pra enxaguar, tinha um sabonete, mas não se lavava a cabeça todo dia que era pra render. Era um sabonete para a semana pra todo mundo. Ah era toalha única pra todos. E todo mundo só tomava banho no fim do dia, a não ser que fosse pra escola. Adorava o cheiro dos sabonete um cheiro singelo, gostoso, desconhecia cheiros artificiais. Quando era pequeno não curtia muito banho porque sempre que ia lavar o rosto caia espuma nos olhos e haja ardência, não era como hoje que tem tudo da Jhosnon sem ardência. Quando usava o sabonete as vezes punha a caixinha nas roupas pra dar aquele cheirinho bom. Apesar de tudo, todos os dias tomavamos banho, um mas tomavamos e ficávamos cheirando a palmolive ou lux.

Lá em casa tem um sabiá, ah que ave sabida imagina que fez um ninho bem na linha do telhado da área da frente. Aquele ninho quentinho e confortável. De manhã cedinho ouvi ele cantar e quando saia flagrei-o cantando ali mesmo no ninho não se dava ao trabalho de sair do ninho pra cantar. Canta uma, duas, várias vezes. Engraçado como me divirto muito com as aves. É uma relação de amor. Que sabiá sabido.

Canta como quem faz poesia,
canta numa alegria,
de manhã ou de tarde,
não tem hora pra trabalhar,
vive feliz a cantar,
vida boa, vida de sabiá.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Papa capim


Hoje quando voltava do Bandeco vinha eu perido em meus pensamentos, meu olhar vagando nas paisagens. Quando num instante ouvi um canto, era um canto diferente. Um canto de ave daqueles cantos que sempre encantaram. Ouvi bem próximo a mim. Estava alí numa touseira de capim, Panicum maximum, cantando eu conheço como papa capim lá em Serrinha nós sempre chamava assim papa-capim, lá pras bandas da gruta de Crejo o povo chamava de cabeça preta, e em Alexrandia o povo chamava de bigode, mas na verdade o nome científico é Sporophila ardesiaca da família Thraupidae. Como pode uma ave tão pequena com um canto tão belo, singelo. Engraçado que lá em em casa só apareciam durante a época de chuvas quando o campim tava todo cacheado. Bem envolta de minha casa tinha muitas palmatóreas, papai não plantava dentro das palmatóreas pra não arrancar as raises, as rizes dos cactos são muito superficiais, então cresciam vários tipos de gramineas, Cenchrus, Paspalum e Digitaria. Tinha em minha mente que eles adoravam os Paspalum, pois eram tão lindos. Adorava ver o macho e a cheta pousarem sobre o pendão do capim. E ouvir eles cantarem e como cantam. Sempre quis ter um pra mim, preso numa gaiola meu cantando pra mim. Tinha essa ideia louca. Uma vez meu primo Claúdio de tia Teinda me deu um muito bom. Cantava muito, mas não durou muito num dia que fui por comer pra ele, então este voou fiquei muito triste neste dia. Senti uma dor no peito de dor. Bem então quando eles chegavam faziam a festa, tinham muitos. Viviam sempre um macho e uma fêmea. Bem Aquele som me fez parar, pensar, ouvir e contemplar um pouco do meu dia.
Cantou várias vezes, então segui para o trabalho e ele ficou lá comendo e cantado. Eles seguem o que está na bíblia que não trabalham, nem se preocupam com o amanhã. Vivem felizes.

Feriado esticado

Fim de tarde que antecipa o feriado esvazia as ruas, até a tarde está mais calada, triste. As aves já se recolheram. A noite vem vindo sozinha, calada.
Amanhã é feriado a rotina só será quebrada na próxima quarta.
a noite segue silenciosa.

Respeito

Quem não respeita o outro não respeita a si mesmo. Sempre que venho pra universidade respeito o sinal, pois se não o fizer poderei sofrer as consequências. Poderei ser atropelado, mas se um cara só por está numa mercedes cortar o sinal, ainda mais quando estou passado, se o sinal está livre pra mim. O que posso fazer? Passar por cima não dá. Hoje quando vinha pra universidade o sinal estava aberto para os ciclistas, sou um destes, aconteceu que enquanto pessoas normais pararam antes da faixa um idiota só por está numa mercedes ultrapassou o sinaleiro. Quase me acidentou, não resistir, um grito reprimido veio a tona, um xingamento. O idiota seguiu como se nada tivesse acontecido. E eu emocionado, puto, segui em frente com mil, maus pensamentos. Senti agredido, fiquei irado. Passou, mas como suportar as pessoas que vivem desatenta, sempre quebrando as regras. Depois se briga e não se sabe qual o motivo. Não respeitar o outro e desrespeitar a si mesmo.

Manhã

Manhã vazia e fria.
O sol nem nasceu,
mas canta o sabiá, o tico-tico, o sanhaçu.

As rua vazia e fria.

Encontro uma pessoa aqui,
outra alí,
sinal já funciona,
o posto de gasolina também.

Passa um ônibus que vai para o terminal de Barão.

Não tem bêbados na rua hoje,
só nas sextas de manhã.

Essa rotina, manhã seguindo sempre,
enquanto aqui estiver.

manhãs frias e vazias.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Minha religião

Minha formação religiosa é católica. Toda minha família fora católica, na casa de minha avó paterna tinha até um altar, já nas outras casas, resumia-se a fotos e terços, santinhos. Lá em casa tinha um quadro que papai comprou no Canindé no Ceará. Gostava de ver aquele quadro, tinha um Jesus com um olhar triste e um São Francisco. As vezes ficava deitado na rede do meu quarto mirando aquele quadro que viria significar aquilo, não sabia, não entendia. Bem, como sempre moramos no sítio e a igreja ficava na pequena cidade de Serrinha dos Pintos que na época não era emancipada ainda. Com um padre único para uma paróquia enorme, nosso distrito tinha apenas duas missas no mês, as primeiras quintas e nos terceiros domingos do mês. Então como eu e meus irmãos erámos muito criança, não podíamos ficar em casa só. Na primeira quinta as vezes papai e mamãe arrebanhava a turma e nos levava para a cidade. Quando chegava na cidade quase sempre passava na casa de uns conhecidos deles, nossos, na casa de seu Chichico de Apolonha, não sei de onde veio a amizade de pai com aquele povo eu não entendia nada ou a casa de seu Leopoldo, pai de Tica uma vizinha nossa. Não gostava muito de ficar na casa de seu Leupoldo, porque tinha dois deficientes físico, Chico e João. Era uma luta pra eu ver eles, chorava, fazia um espetáculo. Não entendia como aqueles corpos ficara deformados imóvel, me assustava. Bem então íamos finalmente para a igreja. Nossa como era enorme aquela igreja mais alto umas quatro ou cinco vez mais alto que o teto de minha casa. Não gostava da igreja, não entendia nada lá. E o tempo demorava uma eternidade para passar. Como morava no sítio era meio matuto, morria de medo de me perder no meio daquela multidão. Aquela multidão me apavorava, era gente pra dar com pau. Nunca tinha visto tanta gente, sentada ou em pé ouvindo um homem falando. Mamãe queria que eu fosse sentar lá nos batentes do altar, mas quem disse que eu tinha coragem. Ficava ali no colo dela ou em pé. Não prestava atenção em nada do que diziam. O que me chamava atenção era o dançar do fogo da vela, ou o chão da igreja. Isso mesmo o chão tinha umas cerâmias ou sei lá que piso era aquele que dava pra formar várias imagens, então ficava avaliando quantas imagens podia formar. Via ali quadrados, estrelas, cubos e por fim um chão. As vezes cochilava. Eu deveria ser chato, não largava a barra da saia de mãe. Infinita aquela missa. Eles distribuíam um jornalzinho e uma folha de canto pra acompanhar a missa, mas mamãe nunca pegava, não sabia ler bem. As vezes pegava pra ver uma figura que representava a leitura principal. O melhor mesmo era o fim da missa. É no fim da missa papai passava na cigarreira e comprava balas para nós. Quando ele estava bom mesmo. Ai quando chegava na bodega de Neco de Leopoldo ele comprava refrigerante, nossa que delícia tomar aquele refresco cheio de gás. Sempre ao fim vinha aquele arroto forte que chegava a tirar uma lágrima. Pai as vezes comprava pão. Iamos pra casa então. Papai e mamãe cheio de Deus e nós cheios de gás. Depois que cresci vendo meus pais indo para a igreja sempre, aprendi a ler, comecei a acompanhar no jornal o ritual, aprendi a me benzer quando entrava na igreja, não era educado não, mas mamãe me ensinou a dar o lugar aos mais velhos não entendia o porquê. Depois aprendi, passei a gostar da missa, ainda mais depois que comecei a ver as menininhas que estavam por lá. Criei respeito por Deus, ainda mais com com aquele cristo cruscificado na cruz por mim. Que sacrifício pensava. Sou pecador. Pensava se for pra missa deus vai realizar todos meus sonhos. Aprendi a pedir a deus depois que rezava, antes de dormir. Tenho minha formação católica, mas hoje eu sou católico.

verão

Sai de casa no fim da tarde,
o sol estava tão quente,
o céu tão azul
com algumas nuvens de algodão.

Sai a pedalar,
sentindo o vento no rosto,
e vendo intenso verde
das árvores.
verde tão intenso que chega a brilhar.

passo a praça,
quando chego perto
do convento,
toca o sino indicando,
a hora do anjo,

hora em que a natureza se recolhe.

dobra o sino,

avisando
que a noite já vem,

mas as árvores não estão nem ai,

brilham,
sentem o calor do verão.

sol cadê voce?

O dia nasceu,
mas o sol não apareceu,
o galo não cantou,
só o sanhaçu e o sabiá.

As nuvens apareceram escuras,
avisando já vem a chuva.

hum que calor!

Abro a porta,
sinto o mundo abafado.

o dia nasceu,
mas o sol não apareceu.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

viver

Mais um dia,
mais uma noite,
e assim se vai a vida,
e assim vivemos a vida.

entre altos,
entre baixos,

vamos suportando as dores,
ganhando alguns risos,

dia,
noite,

tédio,

ociosidade,

vida vida vida v i d a.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh