quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Madrugada

Madrugada fria,
escura e vazia.

o silêncio negro da noite paulatinamente se vai.

Canta um sabiá.

o dia se rebela.

Meus olhos pensados despertam,

o relógio cobra minha atenção,

Bom dia,

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quotidiano

Quando acordei, pensei ainda estava escuro, foi difícil, mas despertei. Comi duas maçãs, tomei um banho, vesti a roupa, pus o fone no ouvido e liguei a rádio e sai pra faculdade. Sol não nascera ainda, a lua ainda era iluminada pelas luzes dos postes. Pego minha bicicleta e sigo pedalando pelas ruas frias. Segui dia adentro. Nesse dia nada de diferente aconteceu, mas ouvi uma palestra de Pondé sobre pósmodernismo. Ele falou sobre o livro Admirável mundo novo. Fui a biblioteca, procurei, quase desisti, vi uma coleção do Proust quase peguei, mas fui insistente e achei. Quantos livros tenho pra ler? Quanto desejo de aprender. Bem peguei o livro. Foi o mais emocionate do dia.
Que passou lento como uma tartaruga.

Travessuras do tempo

O tempo eterno viajante constrói e consome a matéria. A matéria viva que nos constitui está em constante metamorfose e são e estas que expressam quem somos, nossas origens. Fico abismado quando me vejo no espelho. As marcas do tempo são expressas em linhas sutis ou na ausência de algo que muito povoou minha cabeça. São tão tantas as memórias, estas denunciam meu tempo vivido. Memórias que denunciam o meu ser, uma trajetória que deixei por onde passei. Estas não só me pertencem, mas que as tem também muitas vezes não lhes interessam quase sempre são só nossas. Somos extremamente egoístas. O nosso mundo gira entorno de nos mesmos. Posso ver nos lugares onde passei imagens do que vivi, detalhes que só eu percebi. Meu mundo subjetivo tão meu, jamais prospectado por ninguém, coisas que não interessam a ninguém. Afinal o mundo que absorvi é aquele que processo, expresso e sou. Minha essência, alma e vida. Acho que só o tempo e a matéria podem me decifrar. Por isso viajo com o tempo. Um dia pararei de viajar, mas o tempo é eterno viajante.

oração

Vale a pena
parar para pensar,
parar para orar,
a vida é efêmera e nem todos os sonhos requerem de ti todo seu sangue para se realizar.
As vezes não se beneficia deste sonho, mas só se desgasta como ser.
Portanto pelo menos uma vez, para e reflete.

No âmago de tua alma encontra teu melhor, tua essência.
Sob o calor do sol ora,
sob o frio do inverno ora.

Pois é ai que encontra tua essência dentro de ti.

O deus que habita em ti aflora quando refletes sobre a vida.
Ler uma poesia.
vive a vida.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Banquete dos cururus


Ah, tudo mudou lá em casa quando chegou a eletricidade. Não só para nós humanos, mas também para os sapos cururus. Eis que a luz, aquela luz clara, acesa no terreiro trouxe fartura para os cururus. Os sapos cururus, mais parecem pedras vivas com seu aspecto verruncoso, durante o verão entram em estado de estivação, ou seja, seu metabolismo reduz ao máximo possível durante longos períodos de estiagem a luminosidade e calor são tão intensos que se estes animais permanecessem expostos, chegariam desidratar até a morte. As chuvas traziam uma explosão de vida naquele lugar. Era a melhor coisa coisa que podíamos vivenciar, uma explosão de alegria, sentir o cheiro da chuva, pingo a pingo molhando o chão, as telhas e escoando, a bica chiando, quase sorrindo enchendo a cisterna. Essas águas seguiam a gravidade molhando os terreiros, desciam estrada abaixo, umedecendo o ar. Ao sentir a umidade os cururus despertavam de sono, semelhantes a múmias, amarelos ou pálidos, parecendo só ter olhos. As vezes apareciam do nada amedrontando as galinhas. Saiam de suas tocas, buracos famintos. Eis que ocorria uma explosão de vida surgem larvas de insetos e insetos adultos voam desesperados em busca do sul artificial. Aquela maravilha branca, vinda do céu, deu aos sapos um novo habitat. Sim os sapos aprenderam que no terreiro de minha casa a comida era farta, insetos aos milhares. Não precisaram mais se deslocar tanto, bastava ficar ali parado, logo caia uma presa bem em sua frente. Lepo com a língua longa, mais um, mais um. Dentro de pouco tempo os cururus ficavam gordos. E logo que as chuvas intensificavam era época de festa, sim orgias, sapos e sapas iam para os lagos copular, numa cantarola que fazia inveja a qualquer Reive. Eles estavam felizes e nós também porque bom inverno é sinal de fartura. Então no fim do dia cansado. Adorava sentar na calçada de minha casa. Pra ver os Cucurus forragear, como as estrelas no fim da tarde começava a aparecer no céu, os sapos começavam a aparecer no nosso terreiro, um, dois... Era a melhor coisa que achava ver os sapos gordos, a luz atraindo os insetos, o céu estrelado. A tecnologia facilitou a vida de todos nós homens, sapos e insetos. Aquela vida simples com horizonte que não passava do outro lado da estrada, fazia-me muito feliz, cheio de fé e amor a natureza aos sapos cururus.

Flores da vovó

Saborear

Quando era pequeno, a coisa que mais gostava na casa de minha avô Chiquinha, sem dúvida alguma, era o jardim de sua casa. No jardim tinha um pequeno pomar. Tinha também muitas carnaubeiras, acho uma planta linda. Aquela casa era muito grande, branca, Tinha quatro portas, o normal pra mim, era ter dias, tinha duas a mais; as telhas eram velhas e as linhas tinha cupim, tinha medo, achava inseguro aquilo. Era uma casa tipicamente portuguesa, paredes largas, portas enormes pintadas de azul. A frente ficava para o sul, a cozinha pro norte, no poente tinha uma varanda, que tinha um peituri muito legal, bem menor que o peituri de minha casa, eu me sentia grande ali, gostava dessa sensação de me sentir grande, a varanda era divida parte num peituri e parte num tanque grande. O chão era ensimentado, com uns ornamentos em forma geométrica, não tinha isso em minha casa, tudo que não tinha em minha casa me era estranho. Na sala de entrada, tinham cadeiras de balanço, várias, eu adorava essas cadeiras porque além de dar para balançar ainda eram confortáveis. Tinha uma foto de papai quando ainda era muito moço, sim aquela com um homem diferente pra mim. Papai tirara em São Paulo, nessa foto papai estava de bigode, nunca vi papai de bigode senão naquela moldura. E fotos do casal de avós, tinha também muitas fotos de santos. Na sala tinha um quarto onde guardava coisas de valor, na ante sala tinha um oratório, adorava ver aquele oratório, pintado de azul, enfeitado com umas fitas vermelhas. Dentro do oratório tinha imagens de São Francisco ou santo Antônio, não lembro direito, mas gostava do fato de poder abri-lo. Tinha uma mesa que ninguém nunca usava, era engraçado ter uma janela de que abria na sala de entrada. E uma cristaleira com a foto de minha prima Cristiane que morava em Brasília, adorava ver aquela foto. As cristaleiras eram objetos importantes, onde guadava a loça que só era usada em datas muito especiais. Tinha uma sala onde ficava o fogão a gás e a pratileira com vasilhas de alumínio, tinha que ter um tripé, que também abrigava vasilhas de alumínio, na vasilha de cima, as vezes guardava-se doces. E finalmente a cozinha com um fogão a lenha, pintado com tinta xadrez. No caso do fogão da casa da vovó era enorme, tinha uma gaiola com um golinha muito cantador. Eu queria uma ave como aquela, cantadeira. Gostava do café que ela sempre fazia, era sempre acompanhado por bolacha seca, adorava bolacha seca. Tinha um girau na cozinha e uma esteira. Na cozinha de vó não tinha mesa a comida era colocada sobre uma esteira feita de palha de carnaúba. No almoço punha o feijão com caldo, depois que tomava o caldo, colocava a farinha e mexia com o feijão. Em seguida vinha o arroz e um naco de carne. A sobremesa era rapadura ou doce. Os almoços na casa da vô eram sempre mais cedo. Na casa da vovô o benheiro era de palha de coqueiro, não tinha banheiro de alvenaria. ficava do lado do quintal. Quando chegava gostava de ver um per de pimenta no terreiro da cozinha. Além disso tinha uma horta sem faxina, achava estranho, pois lá em casa se tivesse uma horta sem faxina as galinhas comiam todo o coentro e a alface. Lá não acontecia isso, pois a horta era alta. Fransquim quem colocava água pra regar a horta, as vezes era Francisco. Junto da horta tinha um pé de romã, sempre queria comer uma romã, mas parece que elas nunca amadureciam. Nos terreiros de vovó tinha plantas de cheiro, como boldo e endro, erva doce para quem não conhece, gostava de mascar as folhas de endro, eram docinhas. Vovó tinha uma roseira branca. Nunca esqueci, um dia em que estava na casa dela e umas crianças vieram pedir umas rosas pra enfeitar um anjo, não sabia o que era anjo, eram crianças que morriam. Foi triste descobrir isso. Mas a casa de vovô era doce, tinha uma baixa de cana e vários pés de laranja. Quando era pequeno adorava a casa da vovó, as plantas que tinham lá eram mágica, pois eram doces e não tinham na minha casa.

Amanhecer

Amanhece, paulatinamente o sol vem vindo, aquele friozinho gelado implora pra não sairmos da cama, mas as aves convidativas, os sabiás, roxinós, doidelas, bentivis e muitos outros nos convidam pra ver o sol nascer. Quando abrimos a porta, já vemos aurora no nascente, a luz vai se espalhando pelo mundo, recolhendo o frio. Vem a minha mente as manhãs em minha casa. Manhãs ao som da passarada, do canto do galo, guiné, do relincho do jegue, mugido do gado. A manhã radiante nascia e continua nascer em qualquer lugar. A manhã é bela, elegante e cativante.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Olhar

Imagem,
aprisionas meu olhar,
traz-me a reflexão,
imagem do olhar,
quantas faces a me encarar,
faces em capas de livros,
Encaram-me Gogh, São Francisco de Assis e uma Índia.
O olhar de Assis é triste,
de Gogh indiferente,
da Índia calmo.

No fim da noite,
na noite fria,
não estou só,
eles me olham,
me chamam para conversar,
mas tenho que descançar.

boa noite queridos

discussão.

Hoje fomos almoçar como sempre, nunca depois das onze e meia. Fomos eu, o padre, João, Suzana e Marcela. Nada muito diferente do corriqueiro mesma comida, mesmos funcionários, mas a conversa era outra. Estávamos discutindo política, não era uma discussão pois todos concordamos em votar no 13. Falamos de nossos medos caso o 45 vote. Partido 45 com uma política de vender o estado, fazer o possível para encher os cofres públicos de dinheiro. Temos muitos exemplos aqui no estado de São Paulo mesmo quando era governador o que o 45 fez. Primeiro pra nós que somos universitário e prezamos pela autonomia da universidade, vimos a polícia militar invadir o campos da Usp abrindo bomba de efeito moral. Depois podemos constatar ao sair da capital que para onde pense em ir, ser obrigado a pagar pedágio a três por quatro. A quantidade de livros que foi jogada no lixo por desatenção para com a educação neste estado. A escola pública neste estado é uma das piores do país. Desvio de dinheiro do Rodoanel para caixa 2 da campanha. Isso é só o que se sabe, visto que o rio de dinheiro da campanha é subterrâneo. Saímos do RU conscientes que temos que eleger o 13. Apesar destes candidatos serem tão ruins. Apesar da corrupção. Vamos lá

Colheita


No fim do inverno que no nordeste é o fim do período de chuvas, se havia chovido bastante, era época da colheita. Sempre ajudava meu pai neste serviço que começava com a cata do feijão e terminava com a quebra do milho. A colheita de feijão se distribuía por um período longo. As vezes colhiamos vagens ainda maduras. Dava um trabalho ir ao roçado colher o feijão quando chegava em casa catar as vagens maduras, depois por pra secar e por fim depois que as vagens estavam bem secas eram armazenadas na sala da casa velha, era muito bom ver aquela sala lotada de vagem e quando acabava a colheita, marcava-se o dia da debulha. Geralmente um fim de semana. Convidava a vizinhança. Era meio que uma troca, pois no dia que as pessoas que vinham ajudar iam fazer a debulha deles, nos iamos ajudá-los também. Nesse dia pai comprava uma cachaça, mãe preparava algo pra comer. E em pouco tempo todas as vagens eram só palha e grãos. Já a colheita do milho era menos trabalhosa, depois que o mato secava, dobravamos as plantas de milho pra não perder a palha, ração para o gado, e quando as chuvas acabavam, quebravamos as espigas, faziamos montes e depois, as vezes pai tomava emprestado mais caçoas e algum animal do vizinho pra carregar tudo pra casa. Fazia aquelas rumas lindas de milho no terreiro da frente. Seguia o mesmo ritual. Gostava do cheiro da palha do milho. Nos armazenavam-na pra alimentar o gado no verão. Era uma festa. Essa época era sempre cheias de boas lembranças. Saber quantos alqueires fora colhido. Quem colhera mais. Papai sempre colhia muito legume. Dava pra alimentar nos de casa e os animais. Vida rústica mais boa.

Só a fé

 É certo que morreremos, mas quando vários conhecidos e queridos seus partem num curto tempo. A gente fica acabrunhado! A luta do corpo com ...

Gogh

Gogh