O ipê na minha terra é paud'arco.
Aqui na cidade é ipê-roxo.
Na ciência é Handroanthus impetiginosus.
Para mim quando não existia ipê ou handroantus tudo era paudarco.
Naquele tempo, nem vinte anos tinha!
Independente do nome, suas flores sempre serão cor de rosa.
Quando funcionário da prefeitura de Serrinha dos Pintos, nas idas para o sítio vi uma coisa esplendorosa, um paud'arco rosa, na cinza caatinga. Hoje, revivi o momento ao voltar para casa e contemplar um ipê rosa em flor enfeitando o canteiro.
Pensei em escrever algo! aqui está.
No mormaço de setembro,
Treme a caatinga cinza,
Deitada na depressão plana está a caatinga
A vastidão da depressão se encerram em serrotes.
O canto quente da cigarra zunindo,
Estrada a cortar em banda a caatinga e a salpicar poeira no poeira no ar,
Arriba do chão a poeira e o vento leva para as margens
pousando em intrincados galhos,
Cobrindo carcaça de gado,
Feito cheiro de diesel do caminhão.
Nesta linda vastidão,
Paud'arcos a encantar,
Num rosa tutifrute chiclete...
Florindo ao caldo do dia.
Roubando a atenção.
Provando que o belo é universal.
Até o mais insensível, descansaria a vista em tamanha beleza.
Parei e me pus a contemplar.
A beleza agrada a alma.
Aquece o coração
E faz valer a pena o momento,
Fez esquecer o calor,
E por um momento fui eterno.