Na infância memórias são cristalizadas,
Memórias maravilhosas de serem rememoradas,
Até parecem fluir no momento que são acessadas,
Vou agora contar uma memórias visualizadas,
Memória que de certo não serve para nada,
Só para que não esquecer de uma vida passada,
As paisagens constantemente são transformadas,
Porém essas jamais serão esquecidas,
Passaram do nada para a existência amada,
Por isso aqui vou compartilhar,
Minhas primeiras memórias botânicas,
Sinal de já sabia o que queria quando nem imaginava,
Eram estas paisagens com seus elementos
Que enchiam a minha infância de lindo espaço,
E alegram o meu presente ao matutar.
Tinham plantas ornamentais que admirava...
A mumguba de Lídia de Severino
Um tanto perfumada com filetes alvo e vinho
O ipezinho de jardim de Elita de Joãozinho, Antonio de chiquinho e da Primeira igreja batista.
O Jasmim de Elisa de Vicente Joana e de Maria de Vicentin,
Os hibiscos de Loló de Assis,
A mutambas de Vicente de Paulo,
O bico de papagaio de Dorinha de Luiz de Bonifácio,
A figueira de João Corme, linda árvore abandonada ao pé da ruina da velha casa.
As plantas medicinais
Um lindo eucalipto na casa de Zé de Júlio e na casa de Banício,
A romã na casa de Irelda,
Com as plantas alimenticias a gente olhava e se deliciavam
A condessa de Nelope,
As pitombeiras de Bonifácio e Chico Franco,
As jaqueiras de Dezu de Loló Laercio de Bonifácio, e de tio Jessie,
Os umbuzeiros de Elita de João de Lico, Zezim de Tica, Jona Rosendo, Loló de Assis, Antônio de Chiquim do canto,
As cajaraneiras de Laurita, Munda e Mariana e Mindin.
A baixa de coqueiro de Dudé,
A mangueira espada de Bunina,
A mangueira de Leoni,
A ciriguela de Antônia de Nelson,
A pimenta de macaco e mangericao de vovó Chiquinha,
A groselhas de Irelda,
A gravioleira de Loló de Diniz,
A laranjeira de Elita de João de Lico,
O linheiro catolé de Eunice,
As plantas nativas sua natureza se expressava,
O feijão bravo de Iola de Dequin
Os anjicos de Rita das urupembas,
Os catolés de Vicente Paulo,
A Timbaúba de Toto de João Corme,
A embiratanha de Chico de Vicente Joana,
O coração de negro de Nelope,
A aroeira de Juvenal,
Os odores das flores de cipós de Bignoniaceae...
Odores de cor rosa ou amarela das tecomas.
Os odores doces alvos das mimosas, unhas de gatos e espinheiros.
As flores estreladas das Jitirana,
Flores multicolores rosas, azuis, alvas e amarelas,
A rama prurida das urtigas,
O amarelo ovo das senas,
O cheiro violeta das mucunas,
A azeda fruta da imburana,
O cheiro doce do cumarú,
O amargo da Marcela,
O baboso do juá,
O azedo do cajá,
O travoso da maniçoba,
A torteza do Jucá,
São lições botânicas
Fortemente afetivas,
De pessoas muito amadas,
Algumas já partidas...
Assim é viva está minha
Meu canto em Serrinha do Canto.