Lembranças são tudo que tenho.
Lembro como uma imagem fotográfica o primeiro senão um dos primeiros dias que fui a escola.
Com certeza o horário era o da tarde, pois era o período de tempo que professora Livani ensinava na escola isolada já que pela manhã lecionava a querida professora Lenita Dias. O ano era 1987, mas não me lembro o mês, mas sei que era no inverno.
Fomos Meire e eu.
Nós esperamos no alto de Bonina por Paisinha de Ducarmo.
Lembro que esperamos perto de um pé vigoroso de calumbí.
Talvez tinham uns cipós floridos com flores perfumadas.
Na mão, um caderninho dentro de um saquinho de macarrão com uma borracha e um lápis.
Ali, no mais simples dos lugares, na mais simples das vidas mergulhei no conhecimento formal.
Ali tudo se iniciou.
É incrível como do aprender as primeiras vogais, o alfabeto, os números...
E continuar aprendendo pode mudar a gente como ser humano.
Quantos inícios não foram abreviados.
Quantas pessoas iniciadas não se perderam.
É triste a nossa realidade onde para se conseguir algo, tanto sacrifício não seja despendido.
Vivi épocas de dificuldades que não chegam aos pés do que passaram meus pais e avós.
Resisti e me tornei um resistente.
Fui me adaptando, aceitando a realidade e buscando transformá-la.
Sei que tenho muito a aprender e a evoluir e estou disposto a aprender cada dia como se fosse o primeiro dia que fui a escola.
Que medo que tive no primeiro dia de aula ao ver que uma coleguinha já sabia das vogais e do alfabeto.
Que medo que tive ao ver um colega já sabia ler e eu não.
Todavia sempre resolvi ir em frente.
Sempre me senti responsável por mim, por ser quem sou e por sempre respeitar o que meus pais pensam de mim.
Procurei não erar, embora tenha errado tanto.
Tantas vezes.
E então continuar, tantando, seguindo em frente.
Talvez, agora essa imagem faça sentido.
Não posso mudar o mundo e o que penso e acredito é subjetivo demais para isto.
Toda minha experiência só conta para mim.
Porém, talvez tenham tidos mais acertos que erros ou não.
Só sei que é bom viver essa doce memória da infância.