segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Inacabadas

Acho que minha leitura é torta
É feia como as coisas que manoconfeciono.
Como a gaiola que fiz cheia de nesga,
Como o caminhão de madeira que fiz,
Como o cabresto para jeque que me disseram nunca aprender.
Como tudo na vida que faço!

Acho que minha leitura é torta.
As vezes acho que leio meus sonhos.

A quanto tempo deixei de sonhar?

A quanto tempo tenho tentado viver meu ser.

Sei lá! Acho que a tortura de minha leitura
É uma tortura ingênua,
É uma tortura de garapa de cana
Fervendo no engenho,
Aquele caldo quente
Doce, mas difícil de se tomar,
Enjoativo!

Acho que as coisas que faço
São sempre inacabadas.

Deixei de sonhar faz tanto tempo,
Vivo a deriva,
Vivo a deriva.

Que busca a alma?

O calor chegou,
Chegou calado
Nem avisou as cigarras.
Eita que coisa danada.
Cadê a brisa invocada?

Cada recanto da casa
Tá quente.

Até parece triste.

Minha amarilidácea floresceu,
Flores lindas,
Flores azuis,
Como o calor
Do fogo do fogão.

Fogo quente,

O som de piano...

Memórias do Brasil central,
Do horizonte do Cerrado.

Ah, mais que alma forasteira essa minha,
Que alma vagabunda
Vive acolá,
Sempre,
Que buscará?

domingo, 16 de novembro de 2014

Seguir

E as tardes,
E os dias,
E os meses,
E os anos,
E os lugares,
E as pessoas se vão.

Tudo se vai,
Invernos
E verões,
As águas que escoram no inverno,
A poeira seca do verão...

E as gerações,
E o mundo é lato além de mim,
Além de você.

Estamos aqui por acaso.

sábado, 15 de novembro de 2014

Contra o tempo

A tarde cai,
O céu tingido de azul,
No escuro da copa da mangueira
Cantam guinés,
As luzes se acendem,
Luzes amarelas,
Luzes vermelhas,
E os pisca-pisca
Evidenciam a chegado do Natal.

Viva a vida,
Viva o fim que chega ao fim.

Tarde de sábado

A tarde de sábado
Se desfaz suavemente
E a noite cai paulatinamente,
O cansaço do corpo
E o alívio da alma me faz sentir bem.

As tardes de sábado tem sido tão solitárias.

As tardes geralmente são saudosas.

Lembro das tardes de Serrinha,
Tardes de Natal,
Tardes de São Paulo,
Tardes de Campinas,
Tardes de Londres,
Tardes de Brasília
E agora aqui tenho
Em João Pessoa todas as tardes de minha vida
Até o meu entardecer.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Adeus Manuel de Barros

Partiu,
Se encantou,
Ficou apenas o encanto,
Agora dorme na eternidade,
Oh! Manuel...
Oh! Manuel de Barros,

Deixastes uma grande obra,
As aves,
As árvores
E o Pantanal
Voltaram ao encanto
Que tu revelastes.

Adeus Manuel.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Cotidiano

Uma aurora,
Um sol que nasce,
E o céu violeta,
E as nuvens azuis,
E o verde viridescente dos coqueiros a acenar,
Manhã, manhã...

O primeiro olhar para o horizonte,
O despertar para a vida,
A primeira leitura,

Reflexão,

Uma xícara de chá,
E em seguida vem o dia de trabalho.

Estes últimos tempos
Tem me feito muito feliz
Com essa rotina
Que me faz sentir vivo,
Me sentir humano.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Declaração de amor oculta

Você partiu e não olhou para trás,
Como um fruto que se desprende de sua mãe árvore,
Desprendeu-se completamente de mim.
Você plantou suas sementes em outro lugar
Largando meu coração fértil ao leu,
E me deixou para trás,
Perdi-me de você até parece que faz uma eternidade.
Mas ainda sinto sua presença viva perto de mim.
Deixaste tanta coisa e mim,
Durante o curto tempo que existiu em minha presença.
Sim sinto sua ausência.
Cada dia se dilui meu amor por você,
Minha eterna estrela guia.

Antitese

A lua,





A rua e a noite,

Um observador da janela,

O vigia que apita longe como a lua,

O canto dos grilos,

A brisa que atravessa a janela,

A vida que passa,

O tempo que passa,

O sentido sem sentido,

Algo como a vida

Pode ser mais antitese?

Minha rua

A rua calma e vazia,
Alumiada pelo sol da manhã,
Jambeiros com folhas novas,
Estames rosa sob sua copa,
Pétalas amarelas de senna
Espalhadas pelo chão,
Sobre as rochas duras
Que já não dormem em sua matriz,
Um transeunte passa a pensar,
Na vida, no trabalho, na saúde
Ou sabe-se lá.
Dia a noite na rua Venâncio José.

É isso o tempo

 O sofrimento dilata o tempo! O tempo não existe! O tempo é um conceito. Eternidade é a ausência de tempo. Vinícius de Morais cunhou a frase...

Gogh

Gogh