Nunca pensei, não gosto muito de pensar.
A vida toma de conta do meu ser.
Pensar!
Vivi sempre o mundo,
as coisas, as plantas floridas ou não,
as rochas, os objetos e a arte neles impressa!
Pensar, quem pensa quando apenas vive...
Viver o presente, sentir as coisas...
Sentir o calor ou o frio de cada lugar,
olhar o capricho da natureza
e de admirar.
Se admirar com a beleza da flor,
com a leveza e a beleza da borboleta
e do beija-flor
que cultiva as flores
por um pouco de mel.
A natureza é tão perfeita.
A vida é tão cruel
e nós imersos na vida,
imitamos a natureza
na pela beleza,
e nos apegamos
ao belo artificial
e destruímos o real pelo
artificial...
Tigres enjaulados.
Nossos filhos,
nossos netos,
quem sabe só reconhecerão
a natureza e sua beleza através de imagens,
nada real...
Casa, carro, rio seco,
mata devastada...
Soja, gado, mais nada.
Não gosto de pensar,
pois quando penso em nosso futuro,
penso que tudo que vivi
e existiu não existirá mais.
Cadê o preá? Cadê as lendas de onça em Serrinha dos Pintos,
o velho alto do Barroso, devorado por uma onça...
Mitos, nem nos trazem mais risos.
O meu mundo era tão pequeno,
mas tão grande, cheio de imaginação...
Desvendei o mundo real
e descobri a realidade...
A arte humana que humaniza,
A técnica humana que desumaniza,
desnaturaliza...
Pensar!
Gosto de comer livros,
e nem isso posso fazer,
tenho que tentar ser o melhor,
mas ser o melhor não significa nada,
não diz nada...
E enquanto isso, ficamos mais glutões
e natureza mais estiolada.