quinta-feira, 12 de maio de 2011

Coçadinha

Um casal de rolinhas pousou num galho da malva do campo. Ambas muito contente e ágeis a limpar suas penas. Nunca vi um casal tão contente, por isso me pareceu tão belo. Sem cerimônia, sem pudor de quem por ali passava, a elas não interessava. Se coçavam sem parar, com seus bicos tão agis quanto agulha na mão da alfaiate. Sacudiam suas assas, todas as penas do corpo numa pomponice maluca. Numa habilidade e numa agilidade incrível tão logo se acharam saciadas das coçadas, abriram asas e voara, sei lá pra onde.

Bob Marley

Mais que nunca me sinto vivo. As músicas são verdadeiras chaves que conseguem abrir as nossas memórias. Hoje faz 30 anos que morreu o rei do reggue Bob Marley. Ao ouvir a primeira música que tocou no documentário, meu corpo arrepiou todo. Doces memórias vieram a minha mente. Memórias da época de graduação, das praias de Natal, dos meus amigos. Então respirei fundo. Lembrei do meu grande amigo Robério e Edilson, companheiros de festas e conversas. Então senti o cheiro das praias, o ritmo das músicas de Bob estão incrustadas nos giros de meu cérebro, em minha tempo. E ao ouvir uma música, pude ver a minha trajetória de vida que anda oculta. Quem sou em senão esse humilde potiguar que respira e vive a vida, mas sente saudades das pessoas de seu estado, de seu sotaques, de suas expressões e de seus amigos. Amém, Bob, amigos, minha terra natal.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Silêncio da seca

Quando o riacho do sertão míngua suas águas, as plantas ou morrem de sede ou adormecem e as aves migram dando adeus a mais uma estação de chuva. Eis o que sobra nos campos, nas serras, nos baíxios é o silêncio.
As paisagens ganham a um tom de cinza e se encantam. Toda a natureza repousa. Tudo ali cala.
Resta apenas o silêncio.

Para suportar algo é necessário o silêncio. Tem que fazer silêncio para suportar a falta de água, a excessiva luminosidade e o intenso calor.

Nada ali tem vigor, nada trabalha tudo está encantado no silêncio.

Vez por outra sopra o vento um ar quente feito boca de fornalha, mas logo a natureza o cala.

Os animais também silenciam e se encantam.

Nos campos vazios pedras soltas pelo chão e garranchos enfeitam os ambientes.

Os grandes serrotes de granitos ficam nus, muitas vezes ecoam o som do vento nos garranhos das árvores. muitas vezes nestes serrotes pode-se ver cardeiros candelabriformes e macambira são o que resta de tom verde, ambos armados da base ao ápice com afiados espinhos.

Pode-se ver ali ainda cipós de mucunã e pinhãos e umburanas perdendo suas finas cascas.

Tudo ali é silêncio nada fala, nada ecoa até que caia a chuva e a molesta da seca parta.

Pegadas na areia

Na areia da praia depositei meus passos,
do cumprimento de cada passo,
nem longo, nem curto.
Não tinha pressa, não tinha
nenhuma intenção de eternizar
minhas pegadas,
simplesmente depositei
na areia fria, doei um pouco
de calor, mas logo a
água levou meus passos
para o fundo do mar,
não liguei, nem cuidei,
pois quando depositava
meus passos olhava
para o espaço,
para o horizonte,
para o vago mundo,
para a linha tão reta,
mas que se quebrava
na praia.
Enquanto depositava
meus passos ouvia
as ondas cantar
e sentia a textura da areia
a marcar as marcas do meus
pés.
Depositei tantas pegadas,
mas todas foram apagadas,
pelas ondas, pelo mar,
senti minha mente leve,
além do horizonte,
senti minha alma tão calma
então descobri
que para relaxar,
para esquecer do mundo
a melhor coisa que tinha
a se fazer era depositar
pegadas na praia,
doa-las para o mar.

hostória

Tenho uma história que por sinal é longa. As vezes parece que a perdi, mas não é bem assim, as vezes encontro doces evidências dela, numa música, no cheiro de uma comida

Conjunção

Hoje, quarta feira 11 de maio, antes do sol nascer. Quando sai na rua, minha querida Felizberto Brolezze, montei na minha bicicleta, e dei as primeiras pedaladas. Por acaso olhei para o céu bem do lado do nascente. Fui atraído por aqueles três pontos brilhantes, dois menores nos lados e um grande no meio. Que seria aquilo? mantive firme meu olhar para confirmar que não eram luzes de um avião, eis que para minha surpresa não era, mas pareciam luzes de avião. Fiquei encantado e pedalando e olhando para o céu. Cuidadosamente para não bater em nada que estava a minha frente. E a proporção que seguia as luzes iam sendo apagadas pela luz do sol que chegava. Quando cheguei no laboratório os pontos eram pequenos, só identificava porque tinha percebido antes. Então com minha curiosidade fui ao pai Google e achei uma resposta, aqueles três pontos, eram os planetas em vênus, mercúrio e Júpiter em conjunção. Fantástico!

terça-feira, 10 de maio de 2011

No silêncio da noite escura,
quando cai o frio da ausência
do sol, de gente, me sinto só.
Estou tão imerso em mim
que não sei o que pensar,
o que fazer, nem sei quem sou,
me sinto frágil feito
uma bolha de sabão ao ar,
que está em tempo
de explodir e sumir,
virar gotículas de água.

Quando chega a noite,
quando tudo cala,
quando ouço minha alma
ecoar com o brilho das estrelas,
me sinto só, sinto frio
e sinto um vazio,

então vou buscar na memória,
ideias, coisas belas e singelas
como flores, palmeiras,
beija-flores,
borboletas

e então a solidão passa
e volto a paz.

Pé de umbu

Nos arredores de minha casa, nas terras dos vizinhos, haviam pés de umbus. Essas fruteiras dão uma frutinha pequena, besta como pitomba, porém mais carnuda. Quando se come um não quer parar de comer. Então fica que nem galinha catando milho no terreiro, em busca dos umbus sobre o umbuzeiros. Um dos pés de umbu favoritos era o que ficava na terra de Elita de Joãozinho. Ficava atrás de uma grande casa velha abandonada, usada pelo dono pra colocar forragem seca e objetos da lida como caçoar, campinadeira. O problema dessas casas velhas é que é um criadouro de vespas, localmente conhecidas como caboquinha pela cor. Então lá ia eu no fim da manhã depois da luta de casa, passando por entre as cercas roubar umbu, não é bem esse termo, dava tanto umbu que o dono não ligava que fosse lá, só tinha que ter o cuidado de jogar os caroços e as cascas longo da sombra do umbuzeiro. Eu fazia a festa já que no umbuzeiro havia uma galha que servia de balanço. Só restava deliciar do mel do umbu e se balançar. As escondidas do dono para dar mais emoção. As vezes na volta comia coquinhos. Bem na extrema da terra e da de Josimar tem um grande coqueiro que dava coco como cacimba de areia. Tinha sempre cocos secos lá. De maneira que minha dieta era naquele tempo era a base de frutas, amêndoas e comida de casa. Era sempre bom ir ao pé de umbu. Doces recordações dos pés de umbu.

Folha

Folhas se espalham pelo chão,
as folhas que caem seca das árvores,
são levadas ao vento
para longe de sua mãe,
e duram menos de uma estação.

É tempo de sumir.
Quanto vive uma folha?
sabe lá, talvez as árvores.
Em muitos lugares só por uma estação,
em outros por toda a vida da planta.

A vida é incerta como
a certeza de onde
cairá uma folha,
quanto durará
sua existência.

Acacias

Minha casa, quando morei em Natal, era uma casa coletiva. Era um prédio pequeno com 16 apartamentos, duas pequenas cozinhas, dois banheiros coletivos, com diversos boxes sem portas, e as privadas com portas discretas, o mictório era algo de mais rudimentar. Muitas vezes aquele ambiente azedo de moradores, se assemelhava a prisão. Talvez não chegue a tanto porque entravamos e saíamos a hora que queríamos. As portas estavam sempre abertas. Uma casa masculina pintada de rosa com detalhes brancos, soava meio hilário. As janelas dos apartamentos do térreo tinham grades. E nós residentes éramos a coisa mais rica que havia ali, rica culturalmente, porque na realidade éramos quase franciscanos. Em meio a esse ambiente haviam árvores no pátio, mal cuidadas, mas elas permaneciam lá como nós residentes. Bem na entrada havia uma fila de coqueiros, ao cruzar o portão podíamos contemplar uma grande e velha algaroba fazendo sombra para o orelhão e para as Polycias, bem do lado das janelas do apartamento quatro havia uma palmeira de venus e bem em frente ao dois uma pinheirinha, mais a dentro havia uma grande Anadenanthera, seguida de velha acacias. bem depois da lavanderia havia uma goiabeira. E atrás da lavanderia havia uma acacia e um cajueiro onde os mano fumavam seu beque, vulgarmente conhecido como mirante, maconhódromo para os mais conservadores. Era da ala dos conservadores. Na casa a nossa frente nos fundos havia uma grande casuarina, uma acacia e uma graviola e bem na entrada da casa havia uma grande acacia e mais na frente uma jovem mangueira e uma goiabeira. Sim meus caros amigos era sob as árvores que escornavamos nossos corpos depois de um farto almoço, mais parecíamos gigantes, as vezes falando coisas sérias, mas na maioria das vezes falando sobre nossos desejos. Falavamos sobre mulheres e tudo que devíamos fazer para ter as mulheres. Bem haviam alguns que fugiam a regra, mas eram minoria, eu me incluía nesse grupo. Para cada pessoa havia um determinado assunto. Enfim caros amigos.
Quando estava em dificuldades nos estudos, financeiras, desesperanças, quando me encontrava só. Eu olhava para os cachos das flores de acácia como quem olha para a imagem de um santo ou de Cristo. Sim na hora que ia tomar o banho, no banheiro de cima podia ver os cachos amarelos, sempre floridos ou com frutos, muitas vezes acompanhados de formigas. E mirava em cada flor, nos pequenos frutos, respirava e tirava dali mais forças para seguir. Ou muitas vezes quando chegava no pátio sem esperança, sem forças, simplesmente sentava e ficava catando as sementes vermelhas das anadenanthera e contava e recontava. Atirava, depois buscava ou as vezes pegava os pecíolos das folhas e ficava quebrando, montando algo. Sim, aquelas plantas me confortaram muito nos momentos de tristeza. Foi sob a sombra do algaroba que fui muito feliz quando recebi maravilhosos telefonemas ou fui muito triste quando recebi a notícia da morte de meu tio. As vezes na sala de estudo ficava mirando os galhos da algaroba tentando descifrar o que contava seus espinhos. Quanta memória não se fez e se desfez naquelas árvores. Quantas!
A minhas amigas meus sinceros sentimentos de saudades.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh