terça-feira, 15 de março de 2011

Noite

Noite,
sempre que chegas e estou sozinho,
traz pra mim sua amiga solidão,
e ao encara-la sinto-me saudoso,
noite, quando calada,
o vento não te acompanha,
tu ficas tão vazia e quente,
noite,
noite,
noite minha companheira.

Movimentos

Lembro quando desconhecia a eletricidade,
em mim não havia nada, nenhuma vaidade,
gostava da luz das motos, quando a noite
passavam e clareavam através das frestas
das telhas, e via diversas imagens amarelas,
projetadas na parede escura, via a luz se mover
na parede, o movimento do claro,
de repente o apago. A luz era bela.
Então quando caia a noite acendia
a lamparina e aquela chama flamejante
dançava, e a fumaça se desfazia em
formas curvas. E quando caia a chuva,
cedo mamãe nos aninhava,
era gostoso e ainda é senti o cheiro da chuva,
o som dos primeiro pingos sobre as telhas,
sobre as bicas, pingo a pingo,
e entre os relampagos
clareava a antesala,
bradava o trovão,
dormíamos através dos movimentos,
das chamas, da luz, da água escorrendo,
do final silêncio humano.

Calar

Quando olho minhas mãos vejo as marcas de uma infância em que precisei trabalhar, tive tempo para brincar, mas muitas vezes tive que ajudar meus pais. Vejo as cicatrizes nas minhas mãos, nos meus pés. Marcas de um empenho, uma força aplicada a produção, marcas de quem necessita alimentar os animais, ajudar na lida. Tenho ainda marcas nas pernas, na cabeça e na barriga, cicatrizes das minha vida no sítio. Essas marcas hei de levar para sempre. Quando me ouço falar e tendo me expressar e as vezes não consigo, imagino que muitas vezes meu abrigo era calar. Aprendi somente a olhar, a amar a natureza. O que muitas vezes me faz calar é exatamente não saber como expressar o que sinto, isso me faz calar, e muitas vezes me angustiar. Não aprendi a expressar o que sinto e confesso que essas marcas são piores que as cicatrizes, são as marcas mais danosas. Como um animal que não sabe falar, muitas vezes fica a olhar e abafa a dor e se cala. Mas se sei falar, porque muitas vezes fico calado? Conversando com uma amiga muito meiga, amiga e simples, ela falou uma coisa muito linda e simples, ela falou dos valores que muitas vezes cultivamos e se não falamos é porque não aprendemos a magoar os outros, os valores que cultivamos muitas vezes é superior a expressão. Bem já é dito é melhor ser ofendido do que ofender. Neste ponto me encontrei, e agora sei que calar e respeitar o que o outro fala é mais parcimonioso. A partir desta reflexão, tive a consciência do que sou, e não mais sofrei quando quiserem me diminuir. A consciência da própria reflexão é maior força e amor ao próximo.

vento

Leva-me oh vento,
para além do meu pensar,
para além do meu olhar,
sinto calor, sinto sono,
e sei o que sou,
quem sou o que quero,
e o tempo
passa, incessante,
passa...
Leva-me oh vento,
e me deixa dos braços do tempo,
me faz adormecer
no colo da eternidade.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Consciente

Quando acordo e sei quem sou,
as vezes é tarde,
coisas que podia imaginar,
mas nunca imaginei,
nem sei,
quando acordo e sei quem sou,
não sei se estou sonhando,
não sei se sou,
soa o vento
sempre a mesma melodia,
as vezes me vejo sonhando,
e acho que sou,
mas as vezes penso que acordo
e não sou,
não sei.
Quando tiver consciência
de quem sou,
ai quem sabe serei,
sempre eu,
ou nunca serei
nada.

No blue

Olho para o céu azul
e o vejo tão distante,
fico olhando tal qual
quem encara o espelho,
e busca olhar neste olhar,
encontrar algo que possa me decifrar,
e tento ao mirar o céu
tocar no azul, deixar lá o que me deixa blue,
e ao encarar o céu, tento me ver,
sentir a quão sublime é a vida,
penso numa poesia,
talvez seja vazia,
olho para dentro de mim,
e o distante que vejo,
é um abismo tão profundo,
nada encontro,
me encontro,
pleno de minha consciência,
pleno em meu ser,
sinto vontade de rir,
como é bom existir,
apesar dos dramas da vida,
o céu é sempre azul,
as nuvens e as estações
são quem fazem moda,
o vendo que tudo muda,
mas o céu é sempre azul,
vou tentar não ser mais blue,
vou tentar ser sempre azul.

Cores e formas

As cores e formas que vejo,
me enchem de desejo,
e num leve lampejo,
nada mais vejo,
se fecho meus olhos,
sinto os cheiros,
ouço e sinto a brisa chegar,
as cores acendem em minha mente,
a imaginação,
mostram-me as formas,
desvendam o mundo,
faz surgir em mim ideias,
as cores e as formas,
me dizem tantas coisas,
as leituras, as reflexões,
vejo por um terceiro olho,
o que memorizo das cores,
das formas,
o olho da criação.

Consciência

Consciência
não é ciência,
mas está a par, ciente de si,
da própria vida, dos valores,
buscas e interesses.
A consciência requer um experiência,
paciência e até ser atingida.
Algumas pessoas passam pela vida
sem ter consciência de si.
Essa busca muitas vezes
pode durar por toda a vida.

Erva mate

Sou nordestino e não nego isso pra ninguém, mas depois que vim para o sudeste, São Paulo, não deixei de ser, nem nunca deixarei, mudei sim meus hábitos, apesar de carrego no peito o orgulho de minha história, meu sotaque, minha essência. Dentre as muitas coisas que aprendi a gostar foi de chá. Adoro tomar chá principalmente de for de erva mate, sem açúcar. Bem a um certo tempo em uma viagem que fiz ao Mato Grosso com sulmatogrossenses, que são viciados em mate gelado que tomei e aprovei que tem um nome o tereré, confesso que não conhecia já havia visto na novela Pantanal os pantaneiros tomando algo numa cuia feita de chifre algo que desconhecia, nunca vi nenhum adulto de Serrinha falar sobre a tal bebida, eles bebiam o tereré que para quem não sabe é erva mate com água gelada. Os sulmatogrossenses falam que tereré não é chá, é tereré, os gaúchos dizem que é chimarão paraguaio. De forma que naquela viagem aprendi a beber a tal erva e em viagens ao Mato Grosso do Sul selou meu novo hábito. Sinto que é prazeroso sentar e tomar um tereré, ouvindo o rádio e pensando na vida. Relaxa a alma. Certa vez quando fui a Dois vizinhos comprei quatro caixas, acho que a dona do estabelecimento achou que era doido, expliquei que morava longe e onde morava não tinha a erva, a mulher sorriu. Bem como não tomo café, aprendi a beber mate gelado. Tenho um professor que gosta de me insultar, pois toda vez que chega na sala onde estou e ver minha cuia, olha com um olhar de peru e fala, esse povo do nordeste tomando chimarrão. Só rio soslaio. Ponho a água na cuia de mate e tomo. Assim segue todo dia.

domingo, 13 de março de 2011

Rua no domingo

A rua vazia dizia,
que era domingo,
que era fim de semana,
nada passava,
nada vivia,
na rua vazia,
nem cachorro passava,
alguns tinha,
mas naquele dia,
nenhum latia,
a noite veio,
e tapou tudo
de escuro.

Despedida infinito e eterno

 A casa A casa que morei Onde mais vivi, Papai quem a construiu, Alí uma flor mamãe plantou, Ali vivi os dias mais plenos de minha vida, Min...

Gogh

Gogh