terça-feira, 16 de novembro de 2010

O cajá

Na noite escura,
as estrelas piscavam,
a bruma ia e vinha,
numa frescura,

caminhando na areia fria,
os pés tocam finos grãos,
no fim das chuvas,

o cajazeiro está que é só fruto,
os frutos maduros exalam um cheiro
ácido doce, que perfuma o corredor,

sempre seguindo,
ponho a sandália,

e sigo noite adentro,
fitando as estrelas,
os meteoritos,
papai, mamãe,
o burro, minhas irmãs
e o cachorro,
vamos para o seio
de casa,

naquela noite,
dormimos em paz.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Nascimento

Foi numa noite escura que nasci,
nasci para o mundo, chorei para a vida.
minha mãe feliz me embalou nas cantigas de ninar,
cantava, pra lá e pra cá, me fazendo nanar.

Nas noite escuras, embalado a sonhar,
acordava em choro, com medo da morte,
e dormia as carícias de mamãe,
que me enrolava e me acalmava.

Acabei por me acostumar com as noites,
frias e escuras, mamãe me ajudou.

Mas ah! parti para longe,
fiquei mais distante,
sinto saudades da voz de mamãe a ninar,

noites de trovão de relâmpagos,
me fazem lembrar,
papai a levantar pra juntar água da bica,
numa alegria,

Chuva é esperança,
noite de bonança,
do seio de minha casa,
sinto saudades,
das noites estreladas,
varando as madrugadas,
na fé do obscuro,
onde a vida quem sabe há.

mote

O que andas a fazer,
fazer por aprender?
ando a xeretar,
aqui, ali e aculá.
Aprendi a falar,
o que devia o que desvia,
da poesia, da magia,
agora uso da fantazia,
pra esquecer o medo da morte,
aos poucos tenho sorte,
não encontrar vazia,
a vida cansada se entrega a morte.

Negra noite

O céu atropurpúreo,
aos poucos desponta estrelado,
brilhos do mais diversificado,

as vias lácteas pálidas,
caminhos de leite de sonhos,
mil e uma formas,
milhares de fazes,

no céu claro do verão,
que muda a cada estação,
mitos, histórias se constroem,

entre um café, um chá um prosear,
a vida passa mateira,
ao som dos grilos da noite,
a chegada do vento de acoite,

canta o grilo,
escondido na negra noite,
nos oitões,
nos currais,
nos cafezais.

Negras forças,
tudo trás,
lembranças
de crianças,

de um tempo que não volta mais,
brilha estrela na minha mente,
embaixo dos cafezais.

Sabia sabiá!

Pobre dessa sabiá,
agora vivi cá,
ora voa pra lá,
coitada, deve esta cansada,
desde que o dia nasceu,
a pobre voa atordoada,
em busca de minhocas,
pra alimentar a filhotada,
como aguenta,
três bicos pra criar.
pobre do sabiá,
nem canta mais,
ta de pernas finas,
de tanto trabalhar,
voa pra cá e pra lá,
ah sabiá,
que o dia se vá,
e então possas descansar.

Deus

Deus, para aqueles que creêm,
neste momento de solidão,
dai o conforto, estenda-lhes a mão,
salva aqueles que leêm,

que são cegos pela razão,
pai do infinito, tu que têm,
o espírito de tudo, sauvai aqueles que veêm,
em ti luz e salvação,

Deus como se acostumar com um não,
como viver a azedar a alma, a quem deêm,
um pedaço de pão,

falta paz no coração,
ser abandonado, sem ter alguém,
morre, escorre a vida em sua mão.

O amor

Como é fácil amar na alegria,
Como é fácil de amar na folia,
como é fácil amar a quem tudo tem,
como é fácil de chamar alguém de meu bem,
de barriga cheia, sem nenhum problema.

Mas será isso o amor?
se no momento de dor,
de dificuldade, tu queres,
algo melhor, queres ti desacomodar.

Um anel não sela o amor,
o que sela são as vitórias,
vencer a dificuldade quotidiana,

Amar é como trabalhar no mar,
em dias de bonança ou calmaria,
dias de tempestade, dias de fome,
dias que parece que vai morrer,
mas antes renasce, como o sol
nascendo na manhã,
isso sim sela o amor.

Um amor incondicional,
que dribla as dificuldades,
que margeia a dor,
e renasce como a flor,
numa planta,
que acredita que um dia fruto será,
investe, sacrifica, todas as flores,
porque acredita no amor,

ah, as dificuldades selam o amor,
quem não entende isso,
desconhece o que é o amor,

pois amor não é só bonança,
é também temperança,
esperança,

um afago ao peito.

Conheci o amor,
no olhar da mãe,
que ama incondicionalmente,
até o leito de morte,
até que o trapo humano,
desencarne,
chora na sepultura,
a dor de quem partiu,

Descobri que amar a se mesmo,
é mais importante, pois
a dor que gera o amor,
muitas vezes transforma sua vida em dor,
solidão.

Entregue-se a paixão,
e tente encontrar o amor,
mas saiba que na maioria das vezes só encontrarás dor,
a vida perderá a cor,
se não souber te amar,

Amar no conforto é muito simples,
doa-se ao amor,
é morrer,
porque quem mais ama é quem mais sofre.
quem sabe na morte,
terás o sabor,
e possas dizer que de tudo tentou,
se não deu,
talvez o amor não exista,
seja algo abstrato,

não seja um fato.
Quem sabe?

quem sabe?

quem sabe?

Viagem


Quando fechei a porta de casa,
pus a mochila nas costas,
parti para bem longe,
fui de ônibus,
sem pressa, sem medo.

Sentou-se ao meu lado,
um senhor viajante,
cansado de tanto andar,
começou a conversar,
falou sobre o mundo,
sobre objetos, desejos,
alegrias, tristezas,
falou de coisas que desconhecia,
falou em versos,
aquilo era poesia.

Seu rosto embotado do tempo,
enrugado, dentes desgastados,
falou-se de deus, do diabo.

Cantou uma música,
embalada ao vento.

Então o sol já se punha,
bem no horizonte.

Então o senhor,
pediu pra descer,
apertou-me a mão,
senti que sua mão era caleijada,
como de quem usava a enxada.

Desceu em um pequeno vilarejo,
de casas em tijolo nu,
sorriu, disse adeus.

E quando olhei pela janela,
a criançada, correndo em sua direção,
abraçando e gritando,
vovó e um pequeno deficiente, vinha se arrastando,
sorrindo intensamente,
naquele momento,
meu coração conjelou,
chorei, tomei um gole de água.

Descobri que aquele homem,
viajava, mas na imaginação,
suas histórias em nada eram falsas.

O senhor da frente,
falou da fama de seu joão,
das suas famosas histórias,
de sua criação.

Então, minha viagem seguia,
anoitecendo, escurecendo,
ganhei, a viagem na viagem.

Cheguei ao meu destino,
vivi, sonhei, brinquei,
aquela viagem,
foi maravilhosa,
cheira de prosa,
cheia de paixão,
deixei de lado a solidão,
e quando voltei pra casa,
já não era o mesmo,
tinha uma carga do tempo,
de histórias,
uma sensação de amor pleno,
quando cheguei em casa,
minha casa sorriu,
sua porta abriu,
e ah!
cá estou no seu átrio,
a habitar,
sem nada esperar,
só a digerir,
o que tanto vivi.

O que a vida me permite é viver, sonhar e viajar.

Alegria

A muito tempo não percebia um dia sereno, mais pareceu uma manhã nova em minha vida. Daquelas com sabor de embriaguez, acordei tarde. O sol quente que arde, brilha no céu. Pássaros calados, cachorros latem longe. Manhã de Natal. Bem ti vi, bem ti vi, bem ti vi... cantou o bem ti vi. três filhotes de sabiá corrichiam no ninho. Meu estômago reclama que está com fome. Abri as frestas da janela e a luz invadiu meu quarto no mesmo instante. Não Me sinto tão bem a muito tempo.

domingo, 14 de novembro de 2010

Dia em que sai de casa

Foi numa noite de luar que fui embora, era oito de agosto de 2000. Não foi o dia mais feliz da minha vida, porque deixei papai, mamãe e Roberto. Me emociono só de pensar que papai subiu na barreira e ficou chorando forte, mais parecia dor da morte. Mamãe de certo chorava. Estava muito feliz ansioso pelos estudos, triste por meus pais que ficaram sozinhos. Mas a vida anda. Peguei o grande ônibos guiado por Almeida, motorista a muitos anos da viação Oeste. Neste dia tive a felicidade de minha chefe ir à capital também. Depois de esfriado o choro, depois que saímos de Martins fui me acalmando e ficando mais ansioso por Natal, a lua clara e ansiedade não me deixaram dormir. Chegamos em Natal, chuvia bastante. Então desci no Machadão. Com um papel contendo todas as indicações de onde ia ficar. Peguei de taxi um escort, e fui certinho até a casa de minha amiga. De agora em diante seria um natalense, mas não foi fácil. Cheguei na casa chamei Josemar, finalmente conheci, sim porque Lívia minha amiga falava muito bem dele. Era um doce de pessoa. Minha vida começou lá. Por duas semanas tive que cozinhar, lavar e passar a roupa. Ir a pé pra faculdade, com medo de me perder. Mas foi uma aventura. Foi uma maravilha podia estudar até altas horas, fazer o que quisesse. Nem tudo foi doce, nem tudo foi amargo. Foi natural. Fui forte, tive sorte. Eu sobrevivi, mesmo as saudades de meus pais. Formei-me e me pergunto meu deus quando vais me dar um emprego? Quando vou poder ajudar meus pais?
Fazem 10 anos de estudos. Que batalha longa. A vida há de nos recompensar!

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh