segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Viagem


Quando fechei a porta de casa,
pus a mochila nas costas,
parti para bem longe,
fui de ônibus,
sem pressa, sem medo.

Sentou-se ao meu lado,
um senhor viajante,
cansado de tanto andar,
começou a conversar,
falou sobre o mundo,
sobre objetos, desejos,
alegrias, tristezas,
falou de coisas que desconhecia,
falou em versos,
aquilo era poesia.

Seu rosto embotado do tempo,
enrugado, dentes desgastados,
falou-se de deus, do diabo.

Cantou uma música,
embalada ao vento.

Então o sol já se punha,
bem no horizonte.

Então o senhor,
pediu pra descer,
apertou-me a mão,
senti que sua mão era caleijada,
como de quem usava a enxada.

Desceu em um pequeno vilarejo,
de casas em tijolo nu,
sorriu, disse adeus.

E quando olhei pela janela,
a criançada, correndo em sua direção,
abraçando e gritando,
vovó e um pequeno deficiente, vinha se arrastando,
sorrindo intensamente,
naquele momento,
meu coração conjelou,
chorei, tomei um gole de água.

Descobri que aquele homem,
viajava, mas na imaginação,
suas histórias em nada eram falsas.

O senhor da frente,
falou da fama de seu joão,
das suas famosas histórias,
de sua criação.

Então, minha viagem seguia,
anoitecendo, escurecendo,
ganhei, a viagem na viagem.

Cheguei ao meu destino,
vivi, sonhei, brinquei,
aquela viagem,
foi maravilhosa,
cheira de prosa,
cheia de paixão,
deixei de lado a solidão,
e quando voltei pra casa,
já não era o mesmo,
tinha uma carga do tempo,
de histórias,
uma sensação de amor pleno,
quando cheguei em casa,
minha casa sorriu,
sua porta abriu,
e ah!
cá estou no seu átrio,
a habitar,
sem nada esperar,
só a digerir,
o que tanto vivi.

O que a vida me permite é viver, sonhar e viajar.

Alegria

A muito tempo não percebia um dia sereno, mais pareceu uma manhã nova em minha vida. Daquelas com sabor de embriaguez, acordei tarde. O sol quente que arde, brilha no céu. Pássaros calados, cachorros latem longe. Manhã de Natal. Bem ti vi, bem ti vi, bem ti vi... cantou o bem ti vi. três filhotes de sabiá corrichiam no ninho. Meu estômago reclama que está com fome. Abri as frestas da janela e a luz invadiu meu quarto no mesmo instante. Não Me sinto tão bem a muito tempo.

domingo, 14 de novembro de 2010

Dia em que sai de casa

Foi numa noite de luar que fui embora, era oito de agosto de 2000. Não foi o dia mais feliz da minha vida, porque deixei papai, mamãe e Roberto. Me emociono só de pensar que papai subiu na barreira e ficou chorando forte, mais parecia dor da morte. Mamãe de certo chorava. Estava muito feliz ansioso pelos estudos, triste por meus pais que ficaram sozinhos. Mas a vida anda. Peguei o grande ônibos guiado por Almeida, motorista a muitos anos da viação Oeste. Neste dia tive a felicidade de minha chefe ir à capital também. Depois de esfriado o choro, depois que saímos de Martins fui me acalmando e ficando mais ansioso por Natal, a lua clara e ansiedade não me deixaram dormir. Chegamos em Natal, chuvia bastante. Então desci no Machadão. Com um papel contendo todas as indicações de onde ia ficar. Peguei de taxi um escort, e fui certinho até a casa de minha amiga. De agora em diante seria um natalense, mas não foi fácil. Cheguei na casa chamei Josemar, finalmente conheci, sim porque Lívia minha amiga falava muito bem dele. Era um doce de pessoa. Minha vida começou lá. Por duas semanas tive que cozinhar, lavar e passar a roupa. Ir a pé pra faculdade, com medo de me perder. Mas foi uma aventura. Foi uma maravilha podia estudar até altas horas, fazer o que quisesse. Nem tudo foi doce, nem tudo foi amargo. Foi natural. Fui forte, tive sorte. Eu sobrevivi, mesmo as saudades de meus pais. Formei-me e me pergunto meu deus quando vais me dar um emprego? Quando vou poder ajudar meus pais?
Fazem 10 anos de estudos. Que batalha longa. A vida há de nos recompensar!

Viagem subjetiva

Palavras?
Como usar?
Não sei, sou quase um bicho que relincha pra se comunicar.
Minhas palavras são desarticuladas, não comunico, falo o que vem a mente. Isso muitas vezes irrita.
As vezes sou condicionado, como um cão que abana o rabo quando quer carícias ou comida.
Muitas vezes não sei me expressar. Então uso a frase do peno príncepe "A linguagem é uma fonte de mau entendidos".
Não penso decoro as palavras, as frases, as tiradas. "Nunca me viu cara de paviu sem fio" só funciona com João Semir, aprendi com ele.

Já "O sol nasceu para todos, mas a sombra é para poucos", aprendi com o Gato, sério nem sei o verdadeiro nome dele. É um cara muito inteligente, cheio das tiradas física. Dizia ele que a preocupação na cabeça de Vitoriano era do tamanho de um átomo de hidrogênio. Falava sério, nos riamos até. Largou física pra fazer enfermagem, na certa hoje ganha muito bem, mora lá em Almínio Afonso, cidadezinha do interior do RN.

Essa tirada dele é muito boa. Todo mundo ri quando a uso.

Sempre foi assim foi colando uma coisa aqui outra ali.

Minhas piadas são um fracasso, faço rir, mas por não saber contar a piada.

Minha alfabetização foi muito laboriosa, rendeu dois anos a Dona Livanir que tinha as orelhas grandes e todo os dias puxava minhas orelhas pra ver se cresciam tanto quanto as dela, ou será porque eu era danado? eis um paradoxo que não resolvi ainda. Acho que gostei pois passei dois anos com ela. E minhas notas, provam que não era lá um bom aluno. Meu amigo Aurivam aprendeu a ler primeiro que eu. Era um dos mais inteligentes, lia os maiores textos. Lembro que certa vez leu uma leitura sobre um besouro. Eu era broco. Quase não pega no tranco. Mas aprendi. Não gostava das palavras, confesso que gostava das imagens. É adorava as capas dos livros, as figuras que antecediam as leituras. Gostava de imaginar o significado das imagens a leitura do texto.
Enfim passei para a segunda série. Bem como sabia da boca do povo que Elenita Dias Lemos era um general que expulsava os alunos ruins, ah, essa não, nunca fui burro, ficava quieto. Minha orelha parou de crescer. Essa foi maravilhosa, passei dois anos com ela, mas porque ela dava aula pra segunda e terceira série.
Mamãe avisava que se fizesse danação na escola, apanhava, então me pelava de medo dos bilhetes dos professores. Dava prazer, dizer que estava de férias que tinha passado de ano.

Então a coisa mudou, deixei a minha escola, sim a Escola Isolada Serrinha do Canto e fui estudar na Estadual. Minha escola, limpa por Zinar de Antônio de Docinha, que ganhava uma merreca pra fazer a merenda e deixar limpa a sala, pela manhã, a tarde era dona Dudé. Para ir para uma escola que mais parecia um presídio, até muro com caco de vidro tinha. É a vida mudou, tinha vergonha de ir na minha monareta pra escola, o infeliz do Fabim de Dodora que é ainda meu primo pegava ela pra fica empinando. Ficava muito irado, mas tinha medo de apanhar, então deixei a guardar na casa de Seu Leopoldo. Bem minha nova professora era Dona Conceicão e nós éramos sua primeira turma. Era magra, morena clara, e tinha o cabelo curto, muito sérias. Todos os dias fazia todos nós rezar um pai nosso. Gostava, naquele tempo, não conhecia ninguém, mas não demorou muito fiz amizade com todos. A memória ainda está fresca. Gostava das aulas de dona Ceição, nesse ano fui bem em todas as provas.
A quinta série foi uma emoção, conhecia o povo da serrinha, mas agora na quinta série era coisa de gente grande. Tinham as turmas A, B e C, era novo ainda fiquei na turma A. Olha nessa turma conheci os meninos e meninas das Lages e Boa Vista. Das Lages tinha Cleilton um menino com o rosto cheio de sardas, muito bom em matemática; Edinéia a linda menina de olhos grandes, Verônica. Da Boa vista, Sileuda e Alessandra. Tinha a menina mais linda da quinta c da Boa Vista Adalziga. A Boa Vista tinha muito boa fama de mulheres bonitas. Ah esse ano foi uma desgraça,
andava com os piores alunos, fazia baderna, cheguei a ser expulso da sala. Ufa, certo dia uns moleques estava fazendo baderna com as cadeiras. Então Chaguinha que era o diretor chegou e enquadrou todo mundo, não sei como escapei daquela. Foi muita adrenalina. Fiquei de recuperação em matemática e português. Pensei dessa não passo. Mas passei. Na sexta série, a mão de deus me ajudou, ou melhor, o professor deu 10 a todo mundo numa prova de matemática então passei. Descobri a beleza da biologia no livro de ciências da sexta série, quantos animais. Esse não devolvi, fiquei pra mim. Aprendi muito com ele. Todos meus colegas perguntavam quando ia ter aula de educação sexual, não perguntava, tinha vergonha, mas vibrava quando alguém falava. Detestava as aulas de Duceu, de história e religião, ela não tinha culpa, mas que aulas chatas, escrevia e lia. Acho que não sabia sequer o que era história, mas ela precisava ganhar o pão de cada dia. Educando?
Ah na sétima foi maravilha, tive aula com Ledimar o melhor professor de matemática que já conheci. Será que ele era carismático não tenho dúvida. Na época era um dos poucos que fazia faculdade em Patu era ele, dona Maura, Eudes e dona Manuela. Conheciamos quando ele vinha desde que o timbre da moto zoava na padaria. Uma honda 88 vermelha linda. Finalmente contei meus dias de Serrinha dos Pintos queria estudar em Martins.
Em Martins tive meus melhores dias de escola. Lia todo dia o que o professor passava a noite, decorava tudo. Tirei muitos 10, vasculhava a biblioteca, que só tinha livros velhos. Vi muitas vezes dona Bebete cochilar, enquanto vasculava aqueles livros. Para gostar de ler... Ela muitas vezes me emprestava sem precisar anotar, sempre devolvia tudo.
Bastava a aula acabar pra correr pra lá.
Pra Martins tinha que ir de ônibus, depois de pau de arara. Foi muito bom esse tempo. Tinha a professora, minha mentora em Biologia. Janildes que amava de paixão, o professor de história Zé Nilson excelente. e outros mais. Eu disputava com Sandrinho as melhores notas.

Tudo era decoração, por isso demorei mais de três anos pra entrar na faculdade. Eita que cabra rude, pensava.
Não conseguia ler, eu interpretava. Por isso me tornei taxonomista de plantas, estou sempre usando a imagem pra interpretar.

Não aprendi a falar, me expressar, mergulhei na filosofia, acho que um dia sei lá.
A vida há de me recompensar.

Mel

O doce

O sabor do mel,
adoça minha alma.

Aquele doce melado,
transparente resinado,

apetece meu desejo.

Mas todo mel,
em excesso,
lambusa, abusa,
passa ter gosto de fel.

mel demais faz mal,
até mesmo as abelhas,
morrem afogadas no mel.

Mas o mel,
afrodisíaco mel,
demais enjôa.

Schubert

Gênios humanos,
Poucos homens construíram obras universais. Será? talvez, apenas esses poucos homens conseguiram cristalizar suas ideias. Quantos gênios não existiram ou existem no mundo, mas que simplesmente sua genialidade ficou adormecida. Nem sempre o mundo foi uma rede, uma nuvem, onde a qualquer momento podes ser contemplado com a sorte de ser uma estrelas. O que percebo é que a trajetória dos grandes homens envolvem muita dor, muito suor e dedicação, homens que viveram simplesmente por suas convicções. Homens que acreditaram e acreditam em si. Que construíram a própria história com punhos de aço, souberam fazer das dificuldades um motivo para seguir em frente. As dificuldades são inerentes a vida. Acredito que todo ser humano tem em si a semente do brilho, mas poucos sabem cultivá-la, às vezes o caminho das pedras não é ensinado e a dor faz recuar. Quem não recua se destaca. O brilho está dentro de cada um. Todos nós somos únicos, com formas peculiares, embora semelhantes, no entanto diferentes. Nós que nos construímos. Nem sempre o sucesso está aos nossos olhos, mas está lá. Latente desperte o melhor de ti. Uma criança nasce pura, cresce, atinge maioridade, por fim se torna um ser. Esse ser depende dela mesmo. Pense nisso!

Lixo

As ruas já não estão nuas,
vestiram-se de lixo.
o luxo é um lixo,
essa teia humana continua,

desejo de querer até bicho,
homens animais,
animais homens,
A fome consome o lixo,
o lixo do luxo,
enche o bucho,
de quem tudo quer.

Quanto vale um homem?
um monte de lixo,
não é porco mas come, do lixo,
salões de beleza,
contra a natureza,
mais vale o cão,
a um mendigo,
um drogado,
lixo humano?
As ruas estão cheias,
dinheiro nas meias,

dos homens de poder,
e os jovens na rua,
consumindo o lixo,
o lixo da droga.

Que nos restará,
além do lixo?
lixo humano,
o cérebro não é descartável,
homens não são lixo,
não se consome e descarta,

um dia iremos pagar,
por usar, da vida,
da natureza,
para o luxo,
e transformar tudo em lixo.


sábado, 13 de novembro de 2010

o melhor

Sempre achei que as melhores coisas vinham no final. Foi assim que organizei meus pensamentos, minhas coisas. Acho que me enganei. Não existem melhores coisas. Cada uma tem a sua vez, seu momento, todas são melhores a seu tempo. Por muito tempo fiz com que as coisas que faço e penso me satisfizessem no final. Deixava a melhor carne pra comer no final, melhores conversas pro final, melhores frases pro final. Achava que o sabor do livro estava em bater a capa final. Estou aprendendo a duras penas que tudo momento é especial. Já sabia disso, havia lido em Santo Agostinho, eu acreditei nos meus sentidos, me enganei. Quantas coisas poderiam ter sentidas com maior intensidade? Tudo bem não me arrependo, afinal viver é um constante aprender. Estou tentando ser diferente, mas é difícil curvar madeira velha. Estou tentando, vou consegui, sempre consigo o que quero, pelo menos nos sonhos tudo posso.
Ninguém nasce feito em nada, senão trabalhar, suar nunca vai deixar de ser um nada.

Tensão.

Quando me sinto sozinho,
e me acho no meio do caminho,
sem saber para onde ir,
penso em deus, sinto um aperto,
forte no peito,
sinto vontade de chorar,
eu sinto o silêncio frio,
da casa vazia.
Fico num descontentamento,
numa ansiedade, um desespero,
tenho vontade de desexistir.
sento e levanto,
entro na net,
não quero nada, ninguém,
sei que a vida pulsa,
em descompasso,
descontração,
nada faço,
ouço o Amadeu,
não dança minha mente,
calor, frio, fome, desejo...
sinto tudo e nada, estou confuso,
queria ouvir soar a campanhia,
o telefone tocar e nada,
fico aqui,
feito doente,
da mente,
passo o dia,
tentando driblar
a solidão,
essa é minha condição,
agora, esse agora que não,
passa, ou passa,
devagar,
como o tempo.

Bati-bravo Ouratea

 Aqui na universidade UFPB, campus I, Bem do lado do Departamento de sistemática e ecologia tem uma linda árvore com ca de sete metros. Esta...

Gogh

Gogh